Correio da Cidadania

Estados Unidos: impasse na ajuda à Ucrânia

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Russia News Updates: Wagner Chief Yevgeny Prigozhin Announces Retreat, Says  'Retreating To Avoid Bloodshed' | World News, Times Now
Com consequências devastadoras à população do país invadido, ao se registrarem, por exemplo, milhões de deslocados e dezenas de milhares de mortos e de feridos, a Guerra da Ucrânia fustiga de maneira diferente as duas superpotências nucleares por ser o desgaste político do Kremlin bastante superior ao da Casa Branca - https://www.ohchr.org/en/news/2023/06/ukraine-civilian-casualty-update-5-june-2023.

Moscou contou com confrontação de curta extensão, ao resumi-la em dois objetivos viáveis em sua perspectiva: deposição do presidente Volodymyr Zelenky, muito impopular até fevereiro de 2022, e incorporação definitiva de cerca de um quinto do território ucraniano, área observada como russófila. Um foi alcançado, embora não de modo inconteste.

Washington, a partir da continuidade do conflito, vislumbrou a possibilidade de ingressar nele de modo indireto, ao prover Mariyinsky com armamentos sofisticados, ao custo de bilhões de dólares. Seria a forma de enfraquecer sua mais persistente rival – ao menos, desde a época da Revolução Soviética, quando tropas norte-americanas se encaminharam ao território russo com o propósito de interromper o inédito processo de transformação sociopolítica.

A corrosão visível de Vladimir Putin se refletiu há poucos dias em estranha movimentação da mesnada Wagner em direção à capital russa, sob comando do multifacetado Yevgeny Prigozhin/Prigogin. Ele, na fase comunista da nação, havia sido condenado por crimes comuns; na capitalista, seria condecorado de maneira recente com galardão de grande destaque pátrio: o de Herói da Federação Russa; como contraponto ao prestígio nacional, o governo norte-americano procura-o a datar de 2018, conforme informa o sítio do Federal Bureau of Investigation (FBI), com oferta de recompensa de 250 mil dólares.

Ponta de lança da política externa moscovita há tempos, a organização mercenária de igual sobrenome de polêmico compositor germânico do século 19 tem circulado em distintos locais do planeta como na República Centro-Africana (RCA), Líbia, Síria, Sudão e na própria Ucrânia, ao contribuir para a indevida anexação da Crimeia em 2014.

Especula-se o motivo da inesperada revolta assoldadada contra o Kremlin; no entanto, a justificativa estaria conectada com desinteligências frequentes com o exército do país nos difíceis campos ucranianos de batalhas a partir da suposta indiferença do alto comando.

Desta sorte, a insatisfação se relacionaria com insuficiência de armamentos ou com a ausência de entrosamento com os efetivos regulares. Por isso, a invocação urgente da substituição de Sergei Shoigu, ministro da Defesa, ou de Valery Gerasimov, chefe do Estado Maior das Forças Armadas, por oficial general mais próximo a ele - https://www.bbc.com/news/world-europe-66013532 .

Barrada a rebelião no meio do caminho da capital, o líder mercenário iria refugiar-se na Belarus, sob concordância aparente de Aleksander Lukashenko e de Vladimir Putin. Enquanto a contenda russo-ucraniana continuar, assegurar-se-á sua sobrevivência, ao proporcionar a absorção de parte de seus contingentes à bandeira belarussa, mesmo provisoriamente.

Enquanto Putin lida com a adversidade de uma unidade paramilitar agora renegada sem ter resposta na ponta da língua sobre o destino final dela, Joe Biden, por sua vez, ataranta-se com as exigências bélicas da aliada, desejosa de jatos de última geração (F-16s), misseis terra-terra com alcance em torno de 300 quilômetros e de bombas de fragmentação, rejeitadas estas por tratado acolhido por mais de uma centena de países por causa dos duradouros efeitos destrutivos.

Aprofundado o encaminhamento das armas solicitadas, aumenta-se a responsabilidade dos Estados Unidos na contenção da investida da Rússia. Com a chegada da ‘estação’ pré-eleitoral, preocupam-se os democratas de possível novo fracasso na política externa – o impasse da confrontação europeia - e de seus desdobramentos em outra disputa: a da Casa Branca em 2024.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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