Correio da Cidadania

Estados Unidos: a disputa da Casa Branca se inicia no Congresso

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The 118th Congress is off to a historic start. See photos of the first day  : The Picture Show : NPR
Na Câmara dos Deputados, a presidência encontra-se nas mãos de Kevin McCarthy, republicano. Hoje, sua agremiação desfruta de ligeira vantagem sobre a democrata: 221 a 212. Há dois assentos vagos, Rhode Island e Utah, cujo preenchimento ocorrerá em novembro.

O primeiro era de um parlamentar democrata ao passo que o segundo, de um republicano. De todo modo, as duas cadeiras não modificam a correlação de forças.

Embora não seja inédito, costuma haver tensão quando a ratificação do orçamento atrasa, porque pode ocasionar a suspensão parcial por tempo indeterminado de parte da burocracia do Executivo, como a do meio ambiente, por exemplo, ainda que não interrompa o pagamento dos juros dos títulos públicos.

Há poucos dias, a Casa Branca encarou severo desgaste diante da possibilidade de indefinição orçamentária. A origem do impasse reside no limite de endividamento do governo federal: como sói acontecer, republicanos de maneira geral desejam reduzir o patamar enquanto democratas, aumentá-lo. Diferente do Brasil, o ano fiscal nos Estados Unidos inicia-se em outubro; por isso, o intenso embate dos últimos dias.

Assim, nas tratativas do orçamento de 2024, o segmento mais radical do Partido Republicano, materializado em torno de duas dezenas de congressistas, tentou dificultar o encaminhamento da proposta anual, de sorte que a um ano da eleição à Casa Branca houvesse embaraço ao presidente Joe Biden, natural aspirante à reeleição. O pequeno e ruidoso grupo opositor identifica-se com os posicionamentos de Donald Trump

Joe Biden desfruta de modesto índice de aprovação desde o começo do mandato, indicativo de preocupação para seus correligionários em vista da perspectiva de embates com Donald Trump no próximo ano.

Embora as críticas do democrata ao seu antecessor sejam adequadas quanto ao menosprezo da democracia, a população volta-se no imediato a suas condições socioeconômicas. Eis a dificuldade do dirigente: como convencer o eleitorado, em especial o mais desassistido, que o vindouro quatriênio trará a ele melhoras substanciais de vida, depois de longa penúria em decorrência dos efeitos da pandemia do vírus corona.

No debate televisivo entre postulantes republicanos à Casa Branca na semana passada, pode-se observar que nenhum deles tem empolgado os milhões de filiados e de simpatizantes a ponto de substituir Trump como o representante da agremiação para o pleito de 2024.

Com a finalidade de se conservar fibra a fibra, o ex-mandatário não tem comparecido aos programas de sorte que ele se preserve em função de críticas da época de sua gestão (janeiro de 2017 a janeiro de 2021) ou de provocações em função de seus processos judiciais.

Em 2019, Trump havia decidido rejeitar a proposição orçamentária; com isso, o país sofreria trinta e cinco dias em face do hiato financeiro. Na atualidade, a situação fiscal aprofunda-se à medida que o presidente da Câmara tem de duelar com os colegas de seu próprio partido, não com os seus adversários democratas.

Em função de ocasional paralisação da burocracia do Executivo, como ocorrido por quatro vezes entre 1977 e 2019, pode-se chegar a interromper a remuneração de servidores de carreira ou de funcionários terceirizados, com consequências imediatas no cotidiano econômico da capital.

A pressão maior tem sido aplicada a governos de governantes democratas: Jimmy Carter, aniversariante da semana aos 99 anos, Bill Clinton e Barack Obama. Entre os republicanos, apenas Donald Trump.

Com a extensão de quarenta e cinco dias proporcionada pelo Congresso, Joe Biden defronta-se com o primeiro grande obstáculo para permanecer em Washington por novos quatro anos. Nesse sentido, ele precisa aprovar o orçamento de acordo com o ambicionado pelos democratas e, desta forma, largar à frente na concorrida disputa presidencial.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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