Correio da Cidadania

Estados Unidos: o dilema de democratas e de republicanos em 2024

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Impedir retorno de Trump ao poder é foco da campanha de Biden
2024 caminha a passos agigantados nos Estados Unidos. Nenhuma das duas maiores agremiações se encontra tranquila com objetivo ao pleito presidencial em novembro, embora por motivos diferentes. Angustiam-se os democratas com a indicação já consolidada de Joe Biden; enervam-se os republicanos com a ainda em andamento de Donald Trump.

A primeira postulação causa apreensão à parcela da legenda no poder por causa do índice mediano de aprovação popular de Biden enquanto a segunda, atormentamento por conta dos graves embaraços perante distintas instâncias do Judiciário.

Trump cujo mandato ocorreu entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021 depara-se com constrangimentos em cinco estados ao menos: no Maine e no Colorado, ele já recorreu da decisão de impedi-lo de concorrer nas prévias internas de março; em Wisconsin e em Michigan, os pedidos de seu afastamento não prosperaram; falta, enfim, a manifestação do Oregon.

O fundamento das solicitações contrárias a ele se baseia no teor da décima quarta emenda constitucional, aprovada em 1868, voltada naquela época ao propósito de obstruir a participação dos secessionistas na política, ao considerá-los de forma adequada insurretos.

Ao aplicar o conteúdo à trágica invasão do Congresso em janeiro de 2021, dois tribunais decidiram proibir a presença do ex-mandatário no processo eleitoral de 2024, ao vinculá-lo de modo direto ao ato criminoso.

Dada a divergência de entendimento entre as quatro cortes estaduais, a questão deve chegar ao Superior Tribunal onde terá decisão vinculante. Lá, os republicanos aguardam posição favorável a Trump porque a última esfera judiciária teria seis integrantes conservadores do total de nove, sendo três indicados durante o quatriênio de 2017 a 2021: Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett.

A despeito das dificuldades, não existe entre os dois principais partidos opção entusiasmante avaliada como viável no curto prazo. Concernente à oposição, caso uma condenação judicial impeça o ex-presidente de participar do pleito, os nomes à vista seriam o de Nikki Haley, apesar da recente demonstração de desconhecimento da história da Guerra de Secessão, e o de Ron DeSantis respectivamente.

Biden encara a quarta campanha, duas das quais como vice de Barack Obama, ao passo que Trump, a terceira. Nada aponta até agora calmaria no desenrolar da disputa em curso, malgrado a compreensão da população sobre o perfil político de ambos.

A uns, o aspecto negativo incisivo de Trump será sem dúvida o autoritarismo; a outros, a característica essencial de Biden será a fragilidade. Direcionadas aos aspirantes da Casa Branca constantes opiniões desfavoráveis de tom pessoal, preserva-se o sistema socioeconômico cada vez mais injusto quanto à distribuição da renda e da riqueza de genuínas críticas ou de insuspeitas reprovações.

A convergência bipartidária da administração é fator de grave preocupação porque influencia também o restante do mundo. Observe-se o entendimento relativo ao total das despesas militares, por exemplo: https://comptroller.defense.gov/Portals/45/Documents/defbudget/FY2023/FY2023_Budget_Request_Overview_Book.pdf .

Desprestigia-se, portanto, a democracia na homologação do orçamento nacional, conquanto haja leves variações entre os dois partidos na formulação da proposta anual, porém sem modificação da estrutura socioeconômica no momento da divisão das verbas federais.

Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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