EUA: definição antecipada dos republicanos para a Casa Branca
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- Virgílio Arraes
- 02/02/2024
Na disputa da escolha do candidato do Partido Republicano à Casa Branca, a surpresa não decorre da eventual indicação de Donald Trump como o nome da agremiação ao pleito de 5 de novembro, porém do momento do êxito, ao haver a contenda apenas em Iowa e New Hampshire.
Além da participação do controvertido ex-presidente, havia dois postulantes com chances de representar os republicanos diante dos democratas: Ron DeSantis, governador da Flórida desde 2019, e Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul (2011-2017) e ex-embaixadora na Organização das Nações Unidas (2017-2018).
Na primeira etapa da rodada interna, Trump ultrapassou os 50% ao passo que DeSantis, o segundo colocado, chegou a 21%, a despeito de ter sido bem cotado nas pesquisas.
A diferença resultaria na desistência do político floridense. Haley não alcançou 20% – à exceção de Vivek Ramaswamy, os demais aspirantes, incluso um ex-governador do Arkansas, Asa Hutchinson, não obtiveram sequer 1%.
Na segunda, Trump começaria o processo local com o apoio de DeSantis, apesar do manifesto desrespeitoso a ele nas últimas semanas, e de Ramaswamy, enquanto Haley contaria com o do governador do estado, Chris Sununu. Ao cabo, ele alcançaria quase 55% cento dos votos, ao distanciar-se de Haley por mais de 11%.
Malgrado a derrota, Haley se dispõe a continuar na corrida, uma vez que enxerga a oportunidade de vitória importante em seu lar político - o quinto da programação - no final de fevereiro. Até lá, seus correlegionários têm esperança de bom desempenho em Nevada, o próximo em jogo.
Haley tem a expectativa de reverter o malogro inicial, ao advertir em discurso que
durante o período de Trump os republicanos não tiveram bons resultados eleitorais, ao perder assentos na Câmara dos Deputados e no Senado entre 2018 e 2020.
Na sua perspectiva, o ex-dirigente seria o preferido do Partido Democrata no embate, ao vislumbrar em suas declarações controvertidas como as relativas à imigração ou à política exterior e em seus inúmeros problemas judiciais o perfil adequado para favorecer a ocasional vitória de Joe Biden, também desgastado, ainda que por motivação diversa.
Em sendo considerada menos reacionária que Trump, é possível que Haley possa compor a chapa presidencial, ao ser-lhe o contraponto, desde que ela se mantenha com índices razoáveis nas próximas consultas estaduais.
Atribulado, Biden agasta-se, ao tentar encontrar o tom propício para posicionar o país na trágica crise médio-oriental e no dramático movimento da migração regional com destino ao Texas, hoje em mãos opositoras.
De um lado, o cuidado de não aprofundar a rivalidade com o Irã, em decorrência do confronto desencadeado em outubro passado; de outro, a cautela de não acirrar ânimos com países latino-americanos em face do tratamento dispensado a seus cidadãos na fronteira amero-mexicana.
Nos dois casos, há o desafio de Washington de preservar seus interesses e os dos aliados e, ao mesmo tempo, de resguardar o direito de grupos ou de populações afligidas pelo emprego da força, quer em área médio-oriental, quer em solo norte-americano.
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Virgílio Arraes
Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.