Correio da Cidadania

Estados Unidos: o espetáculo eleitoral se inicia

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Estados Unidos: história, cultura, turismo, bandeira - Mundo Educação
O primeiro debate entre os dois postulantes à Casa Branca a partir de janeiro de 2025 propiciou ao eleitorado norte-americano a oportunidade de verificar o quão distante do povo encontra-se a elite do país com vistas às aspirações de bem estar da sociedade.

Nenhum se aproxima do ideário progressista na economia, ao não abarcar restrições ao poderio das inúmeras corporações. Em havendo a necessidade da presença do Estado, ela ocorrerá no segmento militar, ao direcionar sem hesitação bilhões e bilhões de dólares para programas dispendiosos e ações sem urgência ou sem justificativa robusta como auxílio a governos ditatoriais ou ao desenvolvimento de armamentos mais destrutivos.

No lado democrata, Joe Biden aparentou fragilidade, ao expressar-se em vários momentos com dificuldade indisfarçável; no republicano, Donald Trump demonstrou vitalidade, ao ser comparado a seu oponente, embora com manifestações controvertidas como a relativa à aceitação do resultado do pleito de novembro próximo.

Na restritiva discussão entre os dois experientes aspirantes ao posto máximo da nação, não faltaram imputações de toda a sorte em circulação entre os apoiadores; no entanto, acusar o candidato republicano de ludibriador ou de falacioso não causa espanto suficiente à população, em decorrência do seu histórico moral desde a eleição de 2016; por outro, malsinar o democrata de debilidade pode sim prejudicar sua campanha a ponto de retirar-lhe novo quatriênio.

Até agora, a tática da oposição de classificá-lo como incapaz para a disputa tem tido êxito, ao arrebanhar aderentes importantes na seara da situação como grandes doadores. Nomes alternativos ao presidente espraiam-se com velocidade: de Michelle Obama a Gavin Newsom, governador da Califórnia. Com igual entusiasmo, menciona-se também Kamala Harris.

Mantido o ritmo do questionamento da capacidade de Biden, a sustância de sua candidatura se encerrará em pouco tempo. Ponto perceptível disso é a reticência de pautar novos debates entre as duas agremiações tamanho o receio de que a exposição do atual dirigente custe a perda de apoio popular em passos rápidos.

Ao cabo, a estrutura televisiva na qual os dois contendores expõem seus pontos de vista proporciona ao povo espetáculo, às vezes deplorável, em que a encenação importa mais que o teor da argumentação.

Chama-se a atenção dos espectadores por maneirismos, materializados na gesticulação bem treinada ou na vestimenta com a predileção de cor chamativa como o vermelho, ou por expressões sintéticas, idealizadas de sorte que todos possam recordar-se, comentar e disseminá-las nas vias digitais de modo imediato, não por propostas viáveis ao cotidiano e apresentadas de forma compreensível.

Na prática, limita-se no sistema norte-americano a escolha do eleitorado, ao sobrar a ele a opção de selecionar uma das duas representações à direita: a contida, encabeçada por Joe Biden, ou a histriônica, retratada por Donald Trump.

A ocasional diferença aos votantes de novembro situa-se no Legislativo, ramo no qual há a possibilidade de ratificar candidaturas mais progressistas e assim trazer à tona temas socioeconômicos considerados de menor relevância na pauta da disputa presidencial.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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