Correio da Cidadania

Obama reitera, a cada dia, maiores problemas advindos da administração republicana

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2012 já se iniciou para os políticos norte-americanos, por causa das eleições presidenciais. Os temas principais do debate eleitoral são a economia, em estado de lenta recuperação, e a política externa, de desgastada execução, apesar do imperialismo ‘humanitário’ da atual gestão. Os democratas têm seu candidato: o presidente Barack Obama; os republicanos ainda não, engalfinhados na disputa do apoio do eleitorado mais conservador – agregado sob a rubrica de chazeiros.

 

O Partido Democrata mesmo não contribuiu para gerar nenhum embaraço até o momento de peso global na política exterior, como foi o caso do golpe de Estado em Honduras, local em que o Brasil procedeu corretamente ao condenar a injustificada ruptura política, e o dos ataques aéreos não tripulados no Paquistão, culminados com o recente assassínio de Osama Bin Laden.

 

Entrementes, ele reiterou os maiores problemas advindos da administração republicana: Guerra do Afeganistão, II Guerra do Golfo e o apoio à derrubada do governo no Haiti, país em que as tropas brasileiras lá estão sob a chancela equivocada da Organização das Nações Unidas, dado que cabia a norte-americanos, canadenses e franceses a responsabilidade política pela velada intervenção naquela sofrida sociedade. Em todos os três países sob intervenção, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) não melhorou.

 

De início, Obama dividiu os dois conflitos médio-orientais: o do Iraque seria a confrontação ‘idiota’, ao passo que o do Afeganistão, a ‘justa’. Em função de tal posição, possibilitou-se tanto no Departamento de Defesa como no de Estado defender a ampliação dos efetivos e do tempo de permanência naquela região. À vista do décimo aniversário da ocupação, outubro de 2011, não há perspectiva de êxito algum.

 

Ao contrário, ao ser apresentada como a guerra necessária à sociedade, a presença em solo afegão adquire com o passar do tempo maior importância como centro operacional. Na visão dos setores mais conservadores, a eliminação de Bin Laden no Paquistão reforça a presente convicção.

 

No dia-a-dia, Bagram, um dos locais outrora escolhidos por Alexandre, o Grande, para sediar parte de suas tropas, tornou-se local de suma importância aos Estados Unidos por causa de uma base aérea e de um centro de detenção, possível substituto do mal-afamado presídio de Guantánamo, dos chamados ‘combatentes inimigos’.

 

Em decorrência da importância do Oriente Médio e cercanias, a opinião pública esquece-se de uma terceira frente aberta pelos Estados Unidos há mais de sete anos, ainda que logo transferida para as Nações Unidas, sob justificativa de prestar auxílio humanitário. Depois de tanto tempo, não se vislumbra mais ao Haiti condições de livrar-se no curto prazo da ocupação internacional, ainda mais depois das últimas intempéries, solapadoras de todas as recentes tentativas de recuperação.

 

Na economia, a situação americana não é alentadora também. A despeito da severa crise de 2008, com impacto negativo até o momento, o governo democrata não manifestou vontade de revogar uma lei de junho de 2001 que possibilitou reduzir o pagamento de impostos aos segmentos mais abonados do país – renda mensal em torno de 250 mil dólares, representantes de míseros 0,1% dos contribuintes.

 

Valeu-se a administração Bush do mesmo raciocínio executado durante o governo Reagan: menos taxação, mais investimentos e, por conseguinte, mais empregos e mesmo mais arrecadação. No entanto, o ritmo do crescimento populacional conseguiu sobrepor-se ao do emprego até 2007. De lá para cá, a situação piorou mais.

 

Acrescente-se que o corte de impostos adicionou mais de dois trilhões de dólares à dívida pública na última década. Com isso, o declínio do investimento público em educação e em saúde tem sido significativo. De concreto, o governo Obama minorou o drama da população apenas no último item, ao aprovar a oferta de planos básicos de saúde à população mais carente.

 

Virgílio Arraes é doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Comentários   

0 #1 nada a oferecerWillian Siqueira 21-06-2011 15:36
o governo obama nao radicalizou nenhuma das pautas que galvanizaram sua eleição, recuo ao melhor estilo lula nas lutas internas e abaixou a cabeça pro mais puro belicismo e cinismo diplomático, humanitário. agora, se depara com uma eleição pouco previsível e sem nada de realmente diferencial e alentador a oferecer a população. bastaria levar seu programa adiante, mas obama preferiu ser mais um cordeirihho que chega ao poder e se curva às pressoes, lobbies, calúnias e chantagens do conglomerado econônomico que vem devastando os EUA. assim segue a vida sob o capitalismo, cada vez mais medíocre, espoliadora e truculenta. ainda arrumou tempo pra um novo teatro de guerra...
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