Correio da Cidadania

Viva o Partido do Povo Brasileiro!

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Apesar de certo sentimento de derrota, resultante da votação de Haddad no primeiro turno, bem abaixo do candidato da ultradireita, ainda permanece a esperança de que a ameaça fascista seja derrotada porque a candidatura Haddad-Manuela pode agregar forças em torno do Partido do Povo Brasileiro, apesar de todos os defeitos e erros que o PT ainda custa a reconhecer.

Por exemplo, é verdade que o PT permitiu que grande parte de seus dirigentes e representantes partidários abandonasse o trabalho e as lutas cotidianas de base da sociedade para dedicar-se exclusivamente ao trabalho institucional. Isso permitiu que parte considerável da classe trabalhadora e da classe média baixa fosse conquistada para votar na loucura fascista. Também é verdade que o PT não deu a atenção devida nem satisfação pública às denúncias de que alguns de seus dirigentes estavam envolvidos em práticas de corrupção. São defeitos e erros que o PT terá que reconhecer e corrigir como condição de seu próprio futuro.

Por outro lado, o PT continua sendo um partido de massa, com uma militância aguerrida e dedicada, como demonstrou a votação em Haddad e em muitos de seus candidatos a governos e parlamentos estaduais e federais. Por isso, apesar do Partido do Povo Brasileiro estar dividido em várias siglas e sob bombardeio intenso de todas as forças direitistas e de boa parte das forças de centro, o somatório de suas forças dispersas em aliança com o PT pode derrotar a candidatura fascista no segundo turno e evitar o futuro trágico que tal candidatura promete.

Porém, mesmo que o Partido do Povo Brasileiro se congregue para a batalha do segundo turno, corre o perigo de pensar que sua vitória depende principalmente de fazer concessões ao centro político e até mesmo à direita civilizada. Então, é necessário frisar que sua vitória depende principalmente de se manter fiel ao Povo Brasileiro, dizer claramente o que vai fazer para transformar o país, e fazer com que a parte desse Povo que votou na loucura volte a se identificar com sua natureza social e transfira seu voto para Haddad.

Isto é, em primeiro lugar, dizer que vai se empenhar ainda mais seriamente em tornar nosso Brasil um país sem miséria. Ou seja, um país em que todos os brasileiros e suas famílias tenham condições de trabalho e de vida digna, e não precisem, na loucura do desemprego e do baixo salário, transformar-se em mão de obra para os traficantes, milicianos e bandidos de todo tipo.

Para isso é necessário que o Brasil, por um lado, eleve a produção da riqueza nacional e, por outro, a distribua de forma menos desigual. A proposta louca de vender as empresas públicas para evitar o desarranjo fiscal do governo é o mesmo que fez o criador que, para pagar suas dívidas, vendeu as vacas que garantiam o sustento de sua família. Só lhe sobrou sua força de trabalho num mercado de trabalho de 13 milhões de desempregados. Com o Brasil pode acontecer o mesmo se o governo continuar leiloando suas riquezas naturais e suas empresas públicas e privadas.

Para elevar a riqueza nacional é preciso aumentar os investimentos na produção industrial e agrícola. É aumentando a produção que se aumenta a riqueza geral, o emprego e o consumo, e não o inverso. É aumentando a participação da indústria nacional, da agricultura familiar e da agricultura comercial na produção do país, tanto para o mercado interno quanto para o mercado internacional, que se conseguirá gerar milhões de empregos e realizar seriamente uma distribuição menos desigual da riqueza produzida.

No momento, a maior parte da indústria brasileira se encontra sucateada ou está sob o poder de empresas estrangeiras, que remetem o grosso de seus lucros para as matrizes no exterior. Além disso, a maior parte dos endinheirados do país prefere aplicar seus recursos no jogo financeiro, já que os juros reais são mais elevados do que os lucros industriais e agrícolas. Nessas condições, para desenvolver a riqueza geral do Brasil será necessário que o Estado se torne um agente ativo na produção e geração dessa riqueza, baixando os juros reais e estimulando os investimentos estatais e privados, inclusive estrangeiros.

Porém, para garantir que parte da riqueza gerada pelos investimentos estrangeiros fique no Brasil será necessário regulamentar tais investimentos, exigir que tenham associação com empresas nacionais e que tragam novas tecnologias para elevar a produtividade. Além disso, para garantir uma distribuição menos desigual da riqueza produzida será necessário realizar uma profunda reforma tributária, invertendo a atual situação em que os pobres pagam mais impostos do que os ricos e em que a especulação financeira comanda os negócios.  

O Partido do Povo Brasileiro também precisa ter um discurso claro sobre o combate à corrupção. Não basta dizer que os governos Lula melhoraram a legislação a respeito. É preciso acentuar a disposição de combater não só os corruptos, mas também os corruptores, fazer esse combate com provas cabais dos crimes cometidos e só premiar os delatores que apresentarem tais provas. A legislação precisa ser cumprida por todos os cidadãos e órgãos públicos, com as provas de acusação cabendo ao acusador.

O mesmo é válido para o combate ao banditismo e à insegurança pública. O sucesso desse combate depende do aumento dos empregos, da educação e da melhoria das condições de vida dos pobres. Depende também de um sistema de segurança pública em que os serviços de inteligência sejam eficazes e base para as operações de repressão ao crime organizado em todas as suas variantes.

E depende ainda de que os serviços penitenciários sejam transformados em centros de recuperação da cidadania através do estudo e do trabalho. Num governo do Partido do Povo Brasileiro a polícia não invadirá favelas nem subirá morros atirando e colocando em perigo a vida de inocentes.

Em outras palavras, a campanha de Haddad no segundo turno precisará ser uma campanha do Partido do Povo Brasileiro. Seu vetor principal é a conquista do conjunto dos trabalhadores, dos pobres e dos setores intermediários da população. Tudo na perspectiva de que a Ordem do país seja democrática e de que seu Progresso englobe o conjunto do Povo Brasileiro. Nada tem a ver com um Brasil para todo o seu povo uma Ordem em que somente os ricos e endinheirados têm acesso às riquezas produzidas pelos trabalhadores e em que o Progresso é privilégio de 1% a 2% da população.

Viva o Partido do Povo Brasileiro!

Wladimir Pomar

Escritor e Analista Político

Wladmir Pomar
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