Correio da Cidadania

A asnice doentia

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A participação governamental brasileira na assembleia geral da ONU, coroada com a descoberta de que seu “ministro da saúde” estava com fortes sintomas do coronavírus, e que a esposa do presidente preferiu ser vacinada nos Estados Unidos, foi um retrato perfeito do baixo nível a que chegaram Bolsonaro e seu governo.

O presidente ignora, o que é profundamente estarrecedor, que os representantes governamentais e diplomáticos dos demais países que participam da Organização das Nações Unidas sempre estão a par das políticas e da situação dos demais países. O que o levou a contar uma série de mentiras deslavadas sobre a situação interna do Brasil, assim como de seu governo, tornando ainda mais ridícula sua figura, assim como a situação a que levou nosso país.

Ele, evidentemente, não tem clareza alguma sobre a política econômica de seu Posto Ipiranga, outra tragédia também cada vez mais evidente. Ela está levando o país não só a uma elevada desindustrialização, acompanhada de crescente desemprego e, também, de crescente inflação. Para piorar, tem sido acompanhada por uma crescente crise energética e por uma possível queda na produção rural, com reflexos negativos nos preços agrícolas e nos saldos do comércio internacional, sem que se tenha qualquer notícia de medidas efetivas para enfrentar tais situações.

Ou seja, embora tudo isso seja visível e do conhecimento de qualquer membro da sociedade brasileira, e venha sendo acompanhado pelos governos de todos os países que mantêm relações diplomáticas e econômicas com a nação brasileira, Bolsonaro seguiu as máximas de seu guru ideológico, considerou a todos uma cambada de ignorantes desinformados e desfiou uma série de mentiras de causar rubor até em crianças.

Porém, como nem todos têm acesso a noticiários televisivos e jornalísticos, é politicamente indispensável que um número crescente de brasileiros tome conhecimento dessas vergonhosas mentiras bolsonaristas, que desmoralizam o povo e a nação brasileira. Além disso, torna-se indispensável estudar e discutir os diversos aspectos da crise ainda pior a que está sendo levado o Brasil, e como enfrenta-la para salvar nosso povo e o país.

Ou seja, na presente conjuntura não basta criticar as boçalidades econômicas e políticas que estão sendo expressadas e levadas à prática pelo governo Bolsonaro. É indispensável discutir amplamente, desde já, as políticas e projetos que devem ser aplicados para retirar o Brasil e nosso povo da crise fomentada pelo bolsonarismo, de modo a gerar um movimento social de envergadura que não seja somente contrário a tais políticas destrutivas, mas também tenha propostas, políticas, econômicas e sociais, capazes de superar os desastres que o bolsonarismo está promovendo.

Por exemplo, o Brasil precisa de uma política clara de reindustrialização, de modo a fabricar não só os insumos necessários à economia brasileira, mas também os insumos que nos permitam concorrer no mercado mundial, assim como gerar crescentes oportunidades de trabalho para nosso povo. Algo idêntico deve e pode ser realizado com uma política agrícola que fomente o trabalho e a produção dos milhões dos pequenos e médios lavradores, quebrando a política monopolista do agronegócio e forçando-o a baixar seus preços.

Ambas são a base para uma verdadeira política de modernização das infraestruturas energética e viária, nas quais a energia elétrica seja cada vez mais produzida sem degradar o meio ambiente, e o transporte de grandes cargas seja realizado por meios mais econômicos e menos poluentes.

Em outras palavras, a asnice doentia dos governantes brasileiros atuais só pode ser superada com programas políticos, econômicos e sociais capazes de retirar o Brasil do buraco em que está sendo enterrado por eles. Programas que sejam capazes, ao mesmo tempo, de se contrapor ao programa bolsonarista de destruição da economia e da incompleta democracia brasileira, e de mobilizar as grandes camadas populares e intermediárias de sua sociedade.

Wladimir Pomar

Escritor e Analista Político

Wladmir Pomar
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