Quem quer liquidar Sarney?
- Detalhes
- Wladimir Pomar
- 27/07/2009
O senador Sarney é um dos remanescentes das antigas oligarquias, que participaram, por longo tempo, do comando do Estado brasileiro. Como todos os demais, ele migrou da classe dos latifundiários para a burguesia. Apoiou o golpe militar de 1964 e foi figura de proa na Arena. No final desta, foi para a Frente Liberal. Mas apercebeu-se, antes dos outros de seu partido, que o regime militar estava no fim e que, para salvar sua classe, era preciso trocar de lado e realizar uma transição negociada.
Foi essa visão que lhe valeu a candidatura a vice-presidente, na eleição indireta de Tancredo, e a presidência, ante a morte prematura do cabeça da chapa. Seu governo foi medíocre, embora tenha contribuído positivamente para a concretização das primeiras eleições presidenciais diretas, após mais de 25 anos, fundamentais para a consolidação do processo democrático no Brasil. O que não foi pouco.
Bem vistas as coisas, Sarney foi, antes de tudo, um fiel servidor de sua classe social. Algumas vezes esteve na frente dela, ao captar as tendências sociais e políticas. O que o levou a adotar posturas para salvá-la de seus próprios desacertos. Em certo sentido, ele parece acompanhar os passos sagazes de Vargas que, em seu tempo, salvou tanto os latifundiários quanto a burguesia com seu faro agudo para as mudanças em gestação na base da sociedade.
Provavelmente, foi essa intuição que levou Sarney, em 2002, bem à frente de seus partidários, a vislumbrar que era o momento de permitir que representantes dos trabalhadores experimentassem o mel e o fel de ser governo, sem ter o poder. O que lhes garantiu canais de negociação e influência no governo Lula, e benefícios evidentes para sua classe, como um todo
Diante desse histórico, o que se pergunta é: por que uma parte da burguesia decidiu liquidar, com desonra, um de seus mais sagazes representantes políticos? Seus pecadilhos, assim como vários dos seus grandes pecados, não são em nada diferentes dos que a maioria dos senadores e deputados deve confessar a seus pastores. E não se diferem em nada da prática diária da burguesia, ao realizar seus negócios. Então, por que a fúria para derrubar o senador?
A resposta a essas questões pode estar no fato do senador Sarney haver demonstrado propensão a considerar que o governo, com participação de representantes dos trabalhadores, deva ter continuidade, em 2010. Isto pode resultar na negativa de utilizar a presidência do Senado como instrumento para paralisar o governo atual. Se isso for verdade, a suposta falta de decoro parlamentar do senador não passa de cortina de fumaça. Ela esconde apenas a tentativa de derrubar o senador para, através da presidência do Senado, virar o jogo de 2010 no tapetão, impedindo o governo Lula de realizar seus principais projetos.
Porém, a resposta pode mesmo estar relacionada com deslizes na emissão de decretos secretos, ou na omissão diante deles, assim como com atos de favorecimento para empregos no Senado e na Câmara dos Deputados. Se esta for a verdade, os senadores deveriam acabar com a hipocrisia e realizar uma investigação séria, colocando-se todos sob suspeição.
Com uma investigação desse tipo, separando-se os que realmente não participaram de qualquer daqueles atos dos que os praticaram, é provável que o senador Sarney não saia ileso. Mas, certamente, levaria muita gente consigo. Seria o justo. O resto não passa de engodo de falsa moralidade e objetivos escusos.
Wladimir Pomar é escritor e analista político.
{moscomment}
Comentários
Trata-se do outrora valoroso, corajoso e instigante manoel da conceição Santos, um ícone para a minha juventude, mas que em troca da manutenlção de parcos projetos financiados pela Petrobrás e verbas federais, mantém apoio político (com um verniz crítico) ao governo lulla.
A recente entrevista de manoel na Revista do IBASE comprova o que digo, lamentavelmente.
Na terra de manoel, Lulla apóia é o Sarney. Isto, ao meu ver, não é um ultraje apenas a Manoel e sua história, mas sim a todos nós.
Reage, Manoel! Volte a ser AUDAZ
vai bater em Sarney até ele sair.O pior,para o lugar dele vai o tucano Marcondes Perillo,que segundo publicação de um blog de muita credibilidade,tem andamento no STJ vários processos de corrupção apuradas quando era governador de Goiás.Vai mudar alguma coisa?interessa a alguém que alguém seja punido?O interesse é um só:os ttucanos querem a presidência do senado para ter como colocar em prática a única política que sabe fazer:tentar sabotar o governo,para sabotar o país e em consequência o povo e ver se ganha a eleição de 2010.Quem viver verá.
Como eleitora sinto revolta de pensar que eles têm salários tão altos, incompatíveis com o da maioria dos trabalhadores, que dá duro de verdade, que não têm nenhuma mordomia. Eles deveriam envergonhar-se disso. Com a fortuna que ganham não têm o direito de trair a nação mesmo porque nem se especializaram em nenhuma faculdade para a profissão. É necessário e urgente que tomemos consciêcia de nossa importâcia como cidadãos e contribuintes. Os donos do poder não entenderam que são funcionários da nação. Mas, nós cidadãos, eleitores, patrões, não estamos fazendo a nossa parte. Numa empresa em que o funcionário não funciona direito ele é demitido, diferente do empregado político, parece que ele é o patrão.
Entendamos de uma vez por todas que a responsabilidade do político é maior que a de um outro empregado pelo fato de trabalhar para muitos patrões.
Cobremos! Fiquemos ligados!
"O pecado de Sarney é apoiar Lula". Esta é a frase emblemática lida por mim em outro Portal, que traduz bem este artigo do Pomar.
Penso e insisto em outro eixo de pensamento político. Ao meu ver, o pecado de Lula é ter se juntado a Sarney e caterva.
Esta é a origem do furdunço que ora atravessamos. Foi a inequíoca inflexão à direita e ao conservadorismo (prá não dizer outrra coisa) econômico, que colocaram a Política Brasileira neste patamar medíocre que vemos, após o Povo ter derrotado eleitoral e socialmente Sarney, Collor, FHC, mesmo após terem se seduzido por eles, mas elegendo Lula em 2002, sob um discurso pelas Profundas Reformas (não falo aqui de nenhuma Revolução), um jeito de governar sob a égide do que a sociedade brasileira faz eco, que é a probidade administrativa (mesmo que alguns sacripantas insistam dem afirmar que o Povo gosta da corrupção), e prometendo o fim da velhacaria política.
Lulla, o seu governo, assim como o PT traíram descaradamente, optando pela DESMOBILIZAÇÃO POPULAR (a qual estava pronta para ser chamada a defender um governo progressita) e a Conchavaria e Corrupção Política (se for só esta) Palaciana, como atalho para a manutenção do Poder.
Assim foram se aproximando os Sarneys e Collor(s) (e seus rebotalhos), do núcleo do Governo Lulla.
Lulla e o PT optaram pelo atalho covarde da Politica anti Republicana, e agora querem nos enfiar pela goela esta história de Sarney paga por suas "qualidades" e não defeitos.
Para começarem a culpar o Povo pelo Brasil não dar certo, falta pouco.
Ao meu ver, não se fazem omeletes sem quabrar ovos. Assim, se já seria difícil a caminhada, lá em 2003, através da Mobilização Popular, agora será bem mais difícil ainda, pelo rtfempo perdido e refeinzação do governo por forças conservadoras, a começar pelo Lulla, o mais conservador de todos.
Mas, o atalho proposto por Wladimir Pomar, configurando um Sarney visionário e unido a Lulla, mesmo por interesses mesquinhos, como salvação para o Brasil, é no mínimo a recorrência da história, andando de marcha ré.
Ainda mais neste quadro em que a direita orgânica se enfraquece até no plano internacional, pois está claro para todos que não temem Tigres de Papel, que o eleito para representar o Capital Internacional aqui no Brasil, há muito, não é mais um quadro do PSDB, mas sim aquele a quem Obama dedicou a célebre frase "Ele é o Cara!", ninguém mais do que o próprio Lulla.
E, já está claro que o primeiro reflexo disso são as declarações de Aecio, já dizendo que ser senador "é uma possibilidade", e o visível interesse de Serra em desembarcar da candidatura à presidência.
A ordem Internacional já "abraçou" D. Dilma. E tem gente que acha que ér melhor do que ter abraçado o Serra.
Assine o RSS dos comentários