Um convite ao PCB, PSOL e PSTU: uma jogada ousada
- Detalhes
- Wladimir Pomar
- 25/08/2009
Esperava, nesta edição, iniciar um depoimento sobre a luta armada dos anos 1960-1970. Porém, apareceu um convite interessante ao PCB, PSOL e PSTU, para examinarem "uma aliança eleitoral, em torno da senadora Marina Silva", já que todos compartilham "uma posição de independência e de crítica diante do governo Lula".
Segundo o convite, uma frente eleitoral que tenha por base uma plataforma de "reformas democratizadoras" poderia contemplar objetivos comuns "dos partidos de centro e de esquerda" e "ganhar o apoio do MST e de setores de base das igrejas cristãs".
Acreditam que tal frente seria uma "iniciativa política ousada", que mexeria na "disposição atual das forças políticas e sociais", ventilaria "as propostas econômicas e sociais das forças populares", e aproximaria "a oposição de esquerda ao governo Lula de setores de centro".
Alertam que, sem tal iniciativa, a "oposição popular e de esquerda" não aglutinará "forças majoritárias" capazes de "arrebatar vitórias". E concluem que, para constituir uma "alternativa política real nas atuais condições", a "oposição popular e de esquerda" terá que combinar "o programa socialista com uma tática democratizadora".
O convite não explicita em que consiste essa combinação entre o programa socialista e a tática democratizadora. Mas não deixa de fazer uma crítica ao PCB, PSOL e PSTU, por seu emparedamento "entre o economicismo corporativista e o doutrinarismo socialista". Com razão, reclama que eles não podem "atacar mais as forças de centro do que as forças de direita". E lembra, também com razão, que "aliança implica diferença", "unidade de ação em torno de objetivos imediatos e comuns". Desde que, é lógico, subordinem "seu discurso e sua atuação à convergência tática".
A proposta, porém, esquece que o conteúdo principal da "posição de crítica" do PCB, PSOL e PSTU ao governo Lula reside justamente no fato de o PT ter adotado a tática democratizadora de aliança com o centro. Esses partidos podem, então, se perguntar: se é para unir-se ao centro, formar uma frente de centro-esquerda e aplicar reformas democratizadoras, por que não se unirem em torno de Lula e de Dilma? Qual a diferença entre a frente eleitoral, que o PT chama de "centro-esquerda", e a frente de "centro-esquerda" da proposta de unificação em torno da senadora Marina Silva?
Talvez prevendo isso, o convite tenha tido o cuidado de colocar o PT e o PSDB como principais "líderes dos blocos de centro-direita". Com isso, tentou responder, de antemão, àquela inevitável pergunta. No entanto, como não são ignorantes, os militantes e dirigentes daqueles partidos também poderão perguntar: quem são os partidos de "centro"?
Ora, se os partidos de centro forem o PMDB, PDT, PSB etc. etc., a questão retorna. Qual a diferença entre a frente eleitoral que está sendo montada pelo PT, contra a qual PCB, PSOL e PSTU se batem há tempos, e a frente eleitoral proposta pelos que pretendem "aglutinar as forças majoritárias"? A não ser, podem concluir, que esta proposta de apoio à senadora Marina Silva esconda uma jogada mais "ousada".
Isto é, embora o convite parta do pressuposto de que o PT e o PSDB são líderes da centro-direita, a mexida na "disposição atual das forças políticas e sociais" na prática só faria uma vítima: a candidatura Dilma. Isto ficando claro, talvez PCB, PSOL e PSTU se animem a participar da frente proposta, mesmo sabendo que PSDB e DEM levarão vantagem.
O convite, porém, não pode ser claro a esse respeito. Deixaria boa parte das "forças majoritárias", que pretende conquistar, numa situação desconfortável. Por isso, do mesmo modo que Sun Zi teria feito há 2500 anos atrás, finge atacar o amigo Serra, para destruir a inimiga Dilma.
Seu problema, com o qual Sun Zi também se confrontou várias vezes: nem todos foram ignorantes, a ponto de deixarem que a disposição das forças fosse mexida e permitisse a vitória a seu verdadeiro inimigo.
Wladimir Pomar e analista político e escritor.
{moscomment}
Comentários
Eu quero apenas democracia...
O objetivo estratégico da direita brasileira é destruir o PT. Para isso ela pode apoiar, circunstancialmente, forças à esquerda.
Não! Não vamos nos aliançar com antagônicos.
O PSOL é ECOSSOCIALISTA, não aceita o capitalismo verdejante apontado pelo PV.
Lembrado que teve voto do PV para aprovar a MP da grilagem amazônica, que o PV tá com o DEM e PSDB em SP.
Já afirmamos, teremos candidat@ própri@. Heloísa Helena prioritariamente, mas temos mais nomes, Plínio, um deles, João Alfredo (CE) outros.
Saudações Ecossocialistas, logo, Libertárias,
Axé
BAguinha
Mas ultimamente ao ler seus artigos criticando a companheira ética Marina Silva, chego a repugnar.
Tenha coerencia de reconhecer o valor de Marina Silva. E não fique com receio pois será uma briga de Davi e Golias e voces vão ganhar, tanto faz Sarney, PSDB ou PT um de vcs vai.
Portano esqueçam Marina, ela não merece,
Saudações petistas, pois aindo sou..mas cada dia mais desanimado
Fora isso... todos sabem que o PSTU, boa parte do PCB e a esquerda do PSOL nunca vai topar algum tipo de apoio ao PV.
O bloco mais a direita do PSOL, mesmo divido em dois (MES, PP/MTL, Heloisa, Chico Alencar... e APS/Ivan Valente/ENLACE) é o único setor que pode ter a cara-de-pau de topar um apoio a candidatura de Marina e seu "desenvolvimento capitalista sustentavel", em troca, claro, de avançar na conquista de cargos e mais espaço na institucionalidade burguesa, no que, aliás, são especialistas.
Assine o RSS dos comentários