Nunca na história deste país
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- Wladimir Pomar
- 31/03/2010
É verdade que, no Brasil, a década de 80 do século passado foi marcada por grande mobilização social e política, dando surgimento ao Partido dos Trabalhadores, levando ao fim o regime ditatorial e permitindo a livre organização partidária, inclusive dos comunistas. Mesmo através de uma transição negociada, o país assistiu a uma ampliação dos direitos políticos inédita em sua história.
Historicamente inédito também foi o fato de que partidos socialistas, como o PT, começaram a lançar candidatos a prefeituras, vencendo eleições e sendo empossados. Pela primeira vez na história do Brasil, as classes dominantes se viam constrangidas a ver partidos socialistas e comunistas compartilhando não apenas o aparato legislativo do Estado, mas também o aparato governativo ou executivo.
Apesar disso, a suposição de que o PT poderia eleger um operário para a presidência da República parecia uma utopia irrealizável. Em 1988, quando se colocou a possibilidade de Lula ser lançado candidato à presidente, nas primeiras eleições diretas pós-regime militar, a idéia de que seria possível vencer era quase minoria de um na direção do PT.
Alguns intelectuais, que posteriormente aderiram ao tucanato, consideravam que o máximo que se poderia almejar seria uma candidatura para marcar posição. Para eles, o PT estava fadado a ser um partido de eterna oposição. Entre os demais, por outro lado, a maioria não acreditava que Lula sequer fosse para o segundo turno. Para muitos, foi um susto quando isso ocorreu. Depois, foram precisos mais 12 anos para que a suposição de eleger um operário presidente se tornasse realidade.
De qualquer modo, a experiência de um governo federal democrático e popular no Brasil também é inédita. Experiências de governos municipais e estaduais, eleitos pelo PT e outros partidos socialistas e comunistas podem ser úteis, mas não conseguem suplantar todos os problemas a serem enfrentados numa experiência nacional desse tipo. Em tais condições, é natural que o primeiro mandato tenha sido de natureza diferente do segundo mandato do governo Lula.
No primeiro mandato, a preocupação em não assustar o sistema financeiro internacional, nem a burguesia, se sobrepôs a todas as demais preocupações. Além disso, o desconhecimento da máquina governamental, a existência de um quadro complexo de alianças com setores da burguesia e um certo deslumbramento com o poder (do mesmo modo que na esquerda crítica, a esquerda que está no PT também tem gente que acredita haver chegado ao poder) conduziram a uma série de medidas e ações que causaram desgastes, alguns profundos, na base política de sustentação do novo governo.
Amplos setores da classe média não entendiam, nem aceitavam, serem penalizados, ao invés do sistema financeiro, para financiar os programas de transferência de renda para os mais pobres. Boa parte da militância e de simpatizantes do PT ficou estarrecida quando viu crescerem, no "mercado", os boatos sobre negócios pouco lícitos, envolvendo figuras petistas de proa, assim como "aliados".
Esses e outros procedimentos conduziram às derrotas eleitorais de 2004, à eleição do deputado Severino para a presidência da Câmara e aos escândalos que a oposição conservadora e a mídia chamaram de "mensalão", em 2005. É ilusão supor que a burguesia tenha estado alheia a todo esse processo e, inclusive, ao desencadeamento da própria crise.
A burguesia vislumbrou na defensiva do governo em relação a ela e ao sistema financeiro, na perda de apoio de setores consideráveis da classe média e na adoção, por algumas figuras petistas, dos métodos burgueses ilícitos de fazer política, uma oportunidade única de liquidar o PT como alternativa de governo e de poder, e de cortar as chances de Lula ser reeleito para um segundo mandato.
A idéia de que o PT estava "acabado" e, junto com ele, o governo Lula, foi o mote principal de toda a grande imprensa, assim como de uma parte da chamada esquerda, de dentro e de fora do partido. A burguesia tinha certeza de que estava dando o golpe de misericórdia. E, em seu açoitamento, adiantou o cronograma da crise, radicalizou o discurso e as ações, colocou o PT e o governo na parede, incentivou a cisão da extrema esquerda e deu como favas contadas que a experiência de um partido socialista no governo terminaria com um naufrágio completo.
Sem entender a natureza massiva e de classe do PT, a burguesia custou a se dar conta de que ela estava contribuindo para uma certa "limpeza" nos quadros partidários que adotaram os métodos patrimonialistas de fazer política, e para empurrar o partido e o governo para posições de maior enfrentamento com os setores conservadores e reacionários da sociedade. Ou, como dizem alguns, para fazer com que Lula e o PT fizessem inflexões à esquerda.
O PT e o governo Lula superaram a crise porque a militância, há algum tempo dada como morta, tanto pela burguesia quanto por alguns próceres do próprio partido, entendeu a questão central em jogo e se mobilizou, mesmo não tendo compreendido todos os aspectos e problemas envolvidos na crise. O governo foi reorganizado, com o afastamento dos principais envolvidos na crise.
Tão ou mais importante do que isso, o governo deu passos consistentes para tratar da questão do crescimento econômico, que havia se transformado em tabu para os neoliberais e continuava amedrontando setores do partido e do governo. Ambos acreditavam, e ainda continuam acreditando, a exemplo dos diretores do Banco Central, que crescimento causa, inevitavelmente, inflação.
Desconsideram que são os desequilíbrios entre oferta e demanda, e entre produção material e meios de pagamento, ou recursos monetários, que pressionam os preços e causam inflação. De qualquer modo, ao colocar para fora certo número de patrimonialistas e ingressar no processo de crescimento, o governo Lula ajustou seu discurso de combate e venceu a eleição de 2006. Algo que também nunca antes ocorrera na história deste país.
Wladimir Pomar é analista político e escritor.
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Comentários
Conformismo c/ pouco ??
Para alguns , acabar com a miséria é pouco ... Provavelmente estes alguns achasse melhor para a "revoluçãodo trololó" que este pessoal continuasse amorrer de fome , porque eles acabam dando dinheiro aos donos de supermercados ao comprar comida..
Isto é véspera de nada?? NÃO, isto é vépera do que já está ocorrendo hoje e vai aumentar amanhã que é classe "E" acabando porque virou "D" e "D" virando "C" e "C" virando "B"
Texto
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) concluiu o quarto relatório contendo os indicadores que mostram como o Brasil conseguiu atingir várias metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) antes do prazo - 2015. "Se o ritmo de redução se mantiver nos próximos anos, a pobreza extrema será erradicada do Brasil por volta de 2013-2014", diz o documento.
Véspera do nada ???
Legado de Lula-Dilma para nossa próxima presidente Dilma Roussef
Ascensão social permanecerá
Publicado em 07-Abr-2010
Outra boa notícia (leia nota acima) a respeito da mobilidade social dos brasileiros vem do Centro de Políticas Sociais da FGV que indica: o país contará nos próximos cinco anos com a continuidade da ascensão social de sua população.
Para 2014, a expectativa é de que mais 9,4 milhões de brasileiros entrem nas classes A/B; e 26,6 milhões na classe C. Segundo Marcelo Neri, economista-chefe do Centro, "o aumento da escolaridade da população nos permite ser mais otimistas em relação ao futuro".
Além da educação, ele também destaca a importância para essa redução das desigualdades e o aumento da mobilidade social, o aquecimento do mercado de trabalho; o aumento do emprego formal; a presença dos programas sociais do governo federal; e a política macroeconômica.
Como vocês podem ver, uma excelente notícia que devemos comemorar. Sem dúvidas, uma ótima herança que o governo Lula deixará para quem o suceder.
Lula, de fato, fez um pacto faustiano com os banqueiros. Dilma irá confirmá-lo?
As tarifas avulsas de serviços bancários subiram até 328% entre abril de 2008, quando o Banco Central (BC) instituiu novas regras para o segmento, e fevereiro deste ano. O porcentual supera amplamente a inflação do período, que foi de 9,88%. Nos pacotes de serviços, a maior variação foi de 65,8%.
Os números integram estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O levantamento, realizado pela economista Ione Amorim, foi feito com base nas informações que as instituições publicam em seus sites na internet. Participaram da amostra os dez bancos brasileiros que têm mais de 1 milhão de clientes.
"A principal conclusão que tiramos é que as maiores variações são explicadas pelo realinhamento das tarifas com a média do setor", diz Ione. "Isso mostra que os bancos não trabalham pela menor tarifa, mas para estar junto dos outros, o que demonstra pouca concorrência."
Depois que o BC apertou as regras, ficou mais fácil para os bancos comparar as tarifas com os concorrentes. Daí o realinhamento a que se refere o Idec. Quem cobrava menos procurou se aproximar de quem cobrava mais - e não o contrário. As informações são do Estadão.
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Se o Vaticano não estivesse tão por baixo, era o caso de chamar o Benedito pra se queixar dos bancos brasileiros. Sim, porque o Estado brasileiro, através do governo Lula, não está nem aí para o abuso dos bancos. Lula fez um pacto faustiano com a banca, cedeu parte de sua soberania em troca de apoio surdo ao seu governo. Isso fica comprovado a cada balancete trimestral dos bancos.
A coisa funciona assim: Lula deixa a roubalheira bancária correr solta (injustificados 328% de aumento real nas tarifas, em pouco mais de um ano, se classifica como o quê?), em contrapartida, os banqueiros e o "mercado" não ficam financiando conspirações, golpes e desestabilizações políticas contra o lulismo de resultados no poder. Só faltou combinar com os russos, no caso o PIG, que ainda promove algum ensaio golpista, mas que não tem fôlego para três dias de manchete. A grita furiosa do PIG se deve, primeiro, à queda tendencial (mundial) da leitura em papel (o manotaço de afogado, como se diz na Campanha); segundo, à redistribuição mais equânime e horizontal promovida pelo Planalto das verbas de comunicação, antes concentrada nas grandes mídias do quadrilátero São Paulo-Rio-BH- Brasília.
Resta saber se a candidata lulista, Dilma Vana Rousseff, vai confirmar ou rejeitar o pacto Lula/Palocci com os banqueiros. As informações que temos é que Antonio Palocci - como se diz no jargão turfístico - está "batendo casco no partidor", doido de coceira para reeditar o acerto com a banca. Mas tudo está passando por um up grade proposto pelo banqueiro/intelectual orgânico Armínio Fraga. Trata-se do projeto Ômega, cujo objetivo diabólico é tornar São Paulo um centro financeiro do Hemisfério Sul, do calibre de Londres e Nova York. Para que isso comece a se realizar, seria necessário o cumprimento estrito de uma agenda de compromissos que eliminaria barreiras tarifárias, IOF, taxas, e sobretudo a anulação dos controles do Ministério da Fazenda e do Banco Central do Brasil, entre outras bandalheiras que transformariam o Brasil na República da Banca. [A julgar pela lucratividade dos nossos bancos, já somos essa República de pesadelo.]
Para abreviar: a soberania do Estado brasileiro sobre os bancos instalados no País ficaria contíguo ao grau zero.
Este é o problema posto à frente da candidata Dilma Vana. Se a proposta for apresentada ao candidato tucano José Serra (consta que ainda não o foi), certamente será aprovada com louvor.
Redator: Cristóvão Feil - Data: 31.3.10 4 comentários Links para esta postagem
O que este senhor acha do Lulla rasgando elogios aos Frias e Marinhos, como um servo ao senhorio. Sr. Wladimir nos visite aqui no nosso país.Não tente dar uma coloração de esquerda ao governo Lulla, os revolucionários do mundo agradecem.
Grisa
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