Lula, Belo Monte e a Lava Jato 2
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- Telma Monteiro
- 19/09/2016
"Belo Monte é um projeto de 30 anos, não é um projeto de agora. Belo Monte levou muito tempo sendo discutida, foi muita gente que discutiu, se fazia projeto, se não fazia projeto, e nós conseguimos dar a Belo Monte um tratamento, diria, qualificado, envolvendo todo o segmento da sociedade num debate", afirmou. De acordo com Lula, abandonar um potencial hídrico de, aproximadamente, 260 mil megawatts para começar a usar termoelétrica a óleo diesel será um "movimento insano", contra toda a ação que se faz no planeta. (Extraído: Lula defende a construção da usina de Belo Monte)
Em 2010, Lula esteve em Altamira para “lançar” Belo Monte. Estava acompanhado de autoridades e políticos em campanha. Políticos adoram grandes obras. Principalmente superfaturadas. Campanhas eleitorais no Brasil costumavam receber apoio financeiro de empreiteiras e de concessionárias de serviços públicos. Em especial do setor energético (veja-se a Petrobras e o que se descobriu com a Lava Jato), onde se desvendou o funcionamento do esquema de grupos de poder nacionais e transnacionais unidos aos partidos políticos e autoridades do executivo e legislativo para dilapidar o nosso patrimônio.
Para Lula, nós nunca passamos de medíocres e desinformados porque não conhecíamos o projeto da hidrelétrica de Belo Monte. Naquela ocasião, em Altamira, Lula resolveu compartilhar suas “experiências”. Disse que quando era jovem protestou contra a usina de Itaipu. Que acreditou nas fantasias de que Itaipu iria alterar o clima da região, causar terremoto, que o peso da água do reservatório mudaria o eixo da Terra e a Argentina seria inundada. Tirando a história idiota da mudança do eixo da Terra, os demais impactos aconteceram e acontecem no caso de grandes hidrelétricas. Se ele considerou fantasias é por pura falta de conhecimento dos estudos de cientistas e pesquisadores. Ignorou solenemente todas as informações disponíveis.
Chamou-nos, os declarados contrários à construção de Belo Monte, de mal informados. Ignorou que entre os desinformados estavam a equipe técnica do Ibama que analisou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de Belo Monte; os técnicos e procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que se debruçaram por meses sobre o calhamaço de informações do processo; dos especialistas e pesquisadores que emitiram seus pareceres; do juiz da Vara de Altamira, Antonio Carlos Campelo, que acompanhava o caso desde a primeira ação ajuizada; das organizações da sociedade civil que contam com pessoal habilitado em questões ambientais; dos movimentos sociais da região do Xingu que sempre viveram o dia a dia do rio; e principalmente, dos indígenas que conhecem profundamente o comportamento do ecossistema do qual suas vidas dependem.
Nem é preciso dizer que a infinita falta de conhecimento de Lula sempre atrapalhou o seu já parco discernimento. Basta fazer um retrospecto da baboseira que pautou seus discursos e até recentemente o “pronunciamento” descabido e distorcido sobre as provas apresentadas pela força tarefa da Lava Jato. Portanto, quem não conhecia e jamais procurou conhecer o projeto de Belo Monte e nunca teve a humildade para ouvir a sociedade foi ele, Lula. E é por isso que Belo Monte está lá. O monstro engoliu o rio Xingu e cospe, agora, a podridão da insensatez de um presidente medíocre e perdulário.
Em Altamira, ao exaltar Belo Monte, Lula se jactou de histórias, falsas experiências e afirmações que empolgaram uma plateia de cabos eleitorais e bajuladores de plantão, dele e da então governadora do Pará. A retórica farsesca continuou sendo o seu velho e hoje gasto artifício para enfrentar a realidade do fracasso do seu projeto político.
Nunca deixou de mencionar e se vangloriar de ter chegado aonde chegou sem que fosse preciso ter estudado. Não surpreende que tenha desprezado as conclusões de pesquisadores e especialistas. Ele não as leu. Pensando bem, quando Lula nos chamou de desinformados poderia estar se referindo à falta de outras informações sobre Belo Monte, aquelas que não estiveram disponíveis. Nesse caso estávamos mesmo desinformados.
Entre as informações que Lula disse ter e afirmou que, nós pobres mortais, não tínhamos, bem poderia estar a estratégia de utilização dos recursos de energia para aumentar sua influência na política regional. Ou a pretensão de ser lembrado no futuro como um estadista que encontrou o ideal da política energética na exploração da Amazônia com a remoção compulsória de populações ribeirinhas e indígenas de suas terras imemoriais. Objetivo: transformar o Brasil na quinta economia global.
O setor privado brasileiro nunca quis investir em obras com viabilidade econômica duvidosa, idealizadas por estatais hipertróficas, como se viu no imbróglio do leilão de Belo Monte. Não sendo possível obter taxas de retorno compatíveis com os altos custos sociais e ambientais, deixaram o investimento, o financiamento e os riscos para o Estado, que era rico o suficiente. Lula garantia. Como garantiu a sangria da Petrobras.
Claramente, esse megalomaníaco esteve incentivando falsas parcerias público-privadas, como no caso de Belo Monte, onde quem bancou e correu (ainda corre) riscos é o Estado e os fundos de pensão. Lula planejara voltar em 2015 para continuar sua obra. Mas a bomba da decadência da economia, com o pus emergindo das feridas do quase cadáver putrefato da sua base política no Congresso, atacada pelo cancro da corrupção, ameaçava explodir no seu colo. Então ele deixou para Dilma o gran finale e achou que voltaria para “salvar” a pátria em 2018.
A Lava Jato que está extirpando o câncer que assolou a Petrobras está quase acabando. Espero que comece logo a Lava Jato 2 para desvendar a podridão na Eletrobrás.
Obs: Este texto foi originalmente escrito em 2010 e reescrito agora com alterações e atualizações.
Telma Monteiro é ativista socioambiental, pesquisadora, editora do blog http://www.telmadmonteiro.blogspot.com.br, especializado em projetos infra-estruturais na Amazônia. É também pedagoga e publica há anos artigos críticos ao modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil.
Comentários
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Porém, o uso acentuado de termos pejorativos endereçados a Lula, demonstra um ódio irracional ao "Barbudo" que em nada contribui para a necessária crítica e a recomposição das forças de esquerda no Brasil.
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Não posse deixar de discordar também da afirmação: "A Lava Jato que está extirpando o câncer que assolou a Petrobras está quase acabando". Ela mostra uma inocência e falta de conhecimento, absurdas e inadmissíveis, do que se passa no nosso país, para alguém com o currículo da pesquisadora Telma Monteiro.
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A Lava Jato não extirpou câncer algum da Petrobras. Pelo contrário, a coisa apodreceu ainda mais, transformando-se em metástase. Será que a Telma acredita que, sob a direção de Pedro Parente e outros do PSDB e do PMDB, a Petrobras estará a salvo da corrupção?
Sempre considerei o Correio da Cidadania um jornal – nos tempos da versão impressa – e um site de esquerda, e crítico ao PT e aos governos Lula e Dilma, e como militante do PT que dialoga e simpatiza com as críticas pela esquerda ao PT e seus governos, tenho acompanhado o jornal e o site como uma boa referência de leitura.
Exatamente por essas razões fiquei surpreso com o artigo “Lula, Belo Monte e a Lava Jato 2”, de autoria de Telma Monteiro, ativista socioambiental, pesquisadora, editora do blog http://www.telmadmonteiro.blogspot.com.br, especializado em projetos infra estruturais na Amazônia, e também pedagoga que publica há anos artigos críticos ao modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil.
O tom do artigo da ativista neste artigo, abusando de adjetivos desqualificadores contra Lula, tais como “medíocre”, “perdulário”, “megalômano”, e com frases como “a infinita falta de conhecimento de Lula sempre atrapalhou o seu já parco discernimento”, ou ainda “Basta fazer um retrospecto da baboseira que pautou seus discursos e até recentemente o ‘pronunciamento’ descabido e distorcido sobre as provas apresentadas pela força tarefa da Lava Jato”, é marcado por um anti lulismo que assemelha-se aos Arnaldo Jabor e William Waak da vida.
Criticar o PT, os governos Lula e Dilma numa perspectiva de esquerda, é algo importante e que pode ajudar na construção da reorganização política da esquerda brasileira. Portanto, ser oposição de esquerda aos governos dirigidos pelo PT é algo positivo, desde que se encontre a medida certa neste diapasão: ser oposição e ser de esquerda. Até para evitar aquela cena melancólica em que a então senadora Heloisa Helena, do PSOL, comemorava com senadores do PSDB e do PFL a derrota do governo Lula numa votação no senado. Ou como o PSTU, que na obsessão por ser sempre contra o PT, preferiu negar que existiu um golpe contra o governo Dilma.
Foi essa a impressão que tive a ler este lamentável artigo da ativista Telma Monteiro, que mais parece uma pregação de coxinhas rancorosos contra Lula, Dilma e o PT.
Saudações,
Paulo Mariante
Para mim importa que o Brasil tenha soberania , que os brasileiros [ todos ] tenham uma boa qualidade de vida e que respeintem o meio ambiente .
Nao sei se e' pertenente mencionar mais recentemente li o boato que o Lula estudou sindicalismo nos Estados Unidos nos anos 70 , pago pela ditatura !Se e' verdade nao sei .
O que eu quero dizer ,sinceramente , que o modelo que eles chamam "neodesenvolvimntismo " e' um grande atraso . E que temos de criar um outro modelo economico e de conquista de poder , que nao seja a conselhacao de classes e que respeite a ecologia .
Atenciosamente Sandro
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