O cardápio dos banquetes republicanos: os mercadores de reformas
- Detalhes
- Roberto Antonio Deitos
- 18/11/2016
“Puseram-te como chefe? Não te ensoberbeças por isso; sê entre eles um deles mesmos.Tem cuidado deles, e depois disso assenta-te, e, cumpridas todas as tuas obrigações, põe-te a comer, a fim de que te causem alegria, e recebas a coroa, como um ornamento precioso, e mostres que eras digno de ser escolhido”
ECLESIÁSTICO 32, 1-3.
“(...) Os mercadores destas coisas, que se enriqueceram, estarão longe dela com medo dos seus tormentos, chorando, lamentando-se e dirão: Ai, ai daquela grande cidade, que estava vestida de linho fino, de púrpura e de escarlate, e que se adornava de ouro, pedras preciosas e de pérolas! Como num tormento foram reduzidas a nada tantas riquezas! (...).”
APOCALIPSE 18,15-17.
O cardápio a ser servido é variado
A receita do chefe máximo da cozinha
É sempre dirigida aos poderes republicanos
Com caldo grosso de violência os poderes
São apetitosos nas suas comilanças políticas
Negociadas como sobremesas servidas.
Cardápio número um:
Projeto de lei 257
Muitas dívidas ilegítimas ilegais
E fraudulentas que o povo
Dos estados é obrigado a pagar
Enquanto o povo padece
Seus governantes vivem bem.
Cardápio número dois:
Projeto de emenda à constituição 241
Que virou PEC 55 no Senado
Que nobres senadores vão votar
Teto mesmo só para as políticas públicas
Corte mesmo só para saúde educação salários
Assistência social saneamento e moradia
Continuar pagando dívida é prioridade
É o bolso do banqueiro que reclama
Ganhar pouco é incômodo para eles
Não interessa se é o povo que paga a conta
Interessa a soma multiplicada na conta
Banqueiros ficam felizes em qualquer lugar
Parentes aos montes nos altos escalões
Festejam nos banquetes palacianos
Seus balancetes só crescem!
Cardápio número três:
São tantos outros projetos
Projeto criador de endividados: 204
Projeto de ensino médio fajuto: 746
Projeto de escola calada
Maltratada e difamada
Uns mais perversos que os outros
Todos com pareceres técnicos
Muita explicação às avessas
Como deixar a nação
Muito mais endividada
Esfacelada e doentia não é explicada
O povo sangrando em lágrimas
Atrapalhando os banquetes
Celebridades poderosas
Reunidas em palácio central
Cansam de ver o povo reclamando
Precisam de algum sossego
Nem que seja de vez em quando
Prato suculento e bem servido
Para não ficarem aborrecidos
A imortalidade do poder às vezes cansa muito.
Ao povo cabem migalhas que sobram dos
Banquetes palacianos temerosos
Que o povo não perceba que eles próprios
Seus sonhos e vidas serão servidos como sobremesa
Com futuro sombrio e de sofrimento planejado
No ministério do orçamento e da fazenda
Tudo planejado dinheiro para lá corte para cá
Quem vai pagar a conta é o trabalhador
Ninguém precisa ficar sabendo
Quem manda são os poderes da república
Quem manda são os senhores das leis
Quem manda são os senhores do parlamento
Quem manda são os poderes republicanos
Com violência governam todos os poderes
O futuro agendado em sonhos e migalhas
Gastos tetos restos a pagar nos banquetes palacianos
O povo nem percebe que é vendido como sobremesa!
Alguém muito poderoso e chefe de tudo diz:
O futuro é uma ilusão dos pobres mortais
Não precisamos falar nada
Para eles não ficarem tristes
Já que tristeza é coisa de gente pessimista
Em fala pomposa, por favor senhores:
Sirvam-se o banquete está posto
E o futuro de vocês imortais está aqui
O povo jamais vai ficar sabendo
Que não conta nada mesmo
Primeiro criamos a desgraça
Depois promovemos promessas
Nunca realizadas
Digam senhores, nós não somos, os poderosos
Mais felizes da república?... bom apetite!
Esperamos que o povo
Esqueça logo que existimos
E nos perdoem na próxima eleição...?
Viva a república dos banquetes
É o poder... é o poder... é o poder...
Vejam, senhores imortais, quantas cabeças
Estão em nossas bandejas?!...
Roberto Antonio Deitos é poeta e professor da Unioeste.