Correio da Cidadania

O cardápio dos banquetes republicanos: os mercadores de reformas

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“Puseram-te como chefe? Não te ensoberbeças por isso; sê entre eles um deles mesmos.Tem cuidado deles, e depois disso assenta-te, e, cumpridas todas as tuas obrigações, põe-te a comer, a fim de que te causem alegria, e recebas a coroa, como um ornamento precioso, e mostres que eras digno de ser escolhido”

ECLESIÁSTICO 32, 1-3.


“(...) Os mercadores destas coisas, que se enriqueceram, estarão longe dela com medo dos seus tormentos, chorando, lamentando-se e dirão: Ai, ai daquela grande cidade, que estava vestida de linho fino, de púrpura e de escarlate, e que se adornava de ouro, pedras preciosas e de pérolas! Como num tormento foram reduzidas a nada tantas riquezas! (...).”

APOCALIPSE 18,15-17.

 

 

O cardápio a ser servido é variado

A receita do chefe máximo da cozinha

É sempre dirigida aos poderes republicanos

Com caldo grosso de violência os poderes

São apetitosos nas suas comilanças políticas

Negociadas como sobremesas servidas.

 

Cardápio número um:

Projeto de lei 257

Muitas dívidas ilegítimas ilegais

E fraudulentas que o povo

Dos estados é obrigado a pagar

Enquanto o povo padece

Seus governantes vivem bem.

 

Cardápio número dois:

Projeto de emenda à constituição 241

Que virou PEC 55 no Senado

Que nobres senadores vão votar

Teto mesmo só para as políticas públicas

Corte mesmo só para saúde educação salários

Assistência social saneamento e moradia

Continuar pagando dívida é prioridade

É o bolso do banqueiro que reclama

Ganhar pouco é incômodo para eles

Não interessa se é o povo que paga a conta

Interessa a soma multiplicada na conta

Banqueiros ficam felizes em qualquer lugar

Parentes aos montes nos altos escalões

Festejam nos banquetes palacianos

Seus balancetes só crescem!

 

Cardápio número três:

São tantos outros projetos

Projeto criador de endividados: 204

Projeto de ensino médio fajuto: 746

Projeto de escola calada

Maltratada e difamada

Uns mais perversos que os outros

Todos com pareceres técnicos

Muita explicação às avessas

Como deixar a nação

Muito mais endividada

Esfacelada e doentia não é explicada

O povo sangrando em lágrimas

Atrapalhando os banquetes

Celebridades poderosas

Reunidas em palácio central

Cansam de ver o povo reclamando

Precisam de algum sossego

Nem que seja de vez em quando

Prato suculento e bem servido

Para não ficarem aborrecidos

A imortalidade do poder às vezes cansa muito.

 

Ao povo cabem migalhas que sobram dos

Banquetes palacianos temerosos

Que o povo não perceba que eles próprios

Seus sonhos e vidas serão servidos como sobremesa

Com futuro sombrio e de sofrimento planejado

No ministério do orçamento e da fazenda

Tudo planejado dinheiro para lá corte para cá

Quem vai pagar a conta é o trabalhador

Ninguém precisa ficar sabendo

Quem manda são os poderes da república

Quem manda são os senhores das leis

Quem manda são os senhores do parlamento

Quem manda são os poderes republicanos

Com violência governam todos os poderes

O futuro agendado em sonhos e migalhas

Gastos tetos restos a pagar nos banquetes palacianos

O povo nem percebe que é vendido como sobremesa!

 

Alguém muito poderoso e chefe de tudo diz:

O futuro é uma ilusão dos pobres mortais

Não precisamos falar nada

Para eles não ficarem tristes

Já que tristeza é coisa de gente pessimista

Em fala pomposa, por favor senhores:

Sirvam-se o banquete está posto

E o futuro de vocês imortais está aqui

O povo jamais vai ficar sabendo

Que não conta nada mesmo

Primeiro criamos a desgraça

Depois promovemos promessas

Nunca realizadas

Digam senhores, nós não somos, os poderosos

Mais felizes da república?... bom apetite!

Esperamos que o povo

Esqueça logo que existimos

E nos perdoem na próxima eleição...?

Viva a república dos banquetes

É o poder... é o poder... é o poder...

Vejam, senhores imortais, quantas cabeças

Estão em nossas bandejas?!...

 

 

 

Roberto Antonio Deitos é poeta e professor da Unioeste.

 

 

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