Correio da Cidadania

New Brazil Papers e o relincho do Palhaço

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Cronicavírus in Brazil (7)

Créditos da Charge: Felipe Cartoons (twitter @Felipe_Cartoons)

Com a meta dos 30 mil deixada pra trás, e ainda recuperando-se da hemorroida perdida, o Palhaço Bozo prometia uma entrada triunfal neste domingo, em Brazilia DC, inovando, após jet ski, cavalo e saveiro, com um helicóptero repleto de palhaços para tocar o gado no show ao vivo. Mas seus planos acabaram frustrados.

Isso porque se na semana passada, a capital do New Brazil ainda não tinha visto Aqueles que Torcem Contra, mas nesse domingo foi a vez de eles aparecerem por lá e frustrarem a inserção ao vivo do palhaço presidencial. Em muito maior número, acuaram a audiência bovinizada que aguardava, de pijamas, o show do Palhaço Bozo na Praça dos Três Estúdios.

“Cadê os 299 do New Brazil?”, perguntavam Aqueles que Torcem Contra. “Queremos a Loira do Banheiro Nazista e o Sargento Bigode, mas eles sumiram”. Como também sumiram todos os súditos do New Brazil das principais capitais do nosso novo reich.

Além de um boneco do Palhaço Bozo pendurado à italiana em uma árvore, também sobrou meia dúzia de súditos, é verdade. Como sempre, se mostravam muito raivosos e amargurados, vítimas imaginárias que são, com suas bandeiras nazistas brasileiras e ucranianas, tentando armar altas confusões para protestar contra o cancelamento da inserção ao vivo dominical do programa do Palhaço Bozo.

Em Saint Paul City, rapazotes da cinzenta SS do New Brazil postavam em suas redes antissociais que ‘desceriam cacetada no lombo’ daqueles que torcem contra. Sua atuação ocorreu em três atos. Mas eles não fizeram o que deveriam em um mundo ideal: pedir demissão, perdão e entregar as armas.

Bem, no primeiro ato dessa militância pró New Brazil, é verdade que conseguiram garantir que os poucos e sem medicação psiquiátrica súditos do novo reich tropical, que insistiram em ir às ruas, ficassem numa relax, numa tranquila e numa boa na First Avenue (antiga Avenida Paulista). Apesar de que provavelmente não gostem da referência. Isso porque caçaram pessoas de preto ainda de manhã, e até álcool gel, artigo essencial durante a pandemia, foi motivo para tirar essas pessoas de circulação, daquele jeitinho brazileiro que conhecemos.

O segundo ato ocorreu mais tarde. Após uma breve hibernação, durante o período em que Aqueles que Torcem Contra eram maioria, a cinzenta SS do New Brazil despertou e perseguiu, diante das câmeras da NGN (NewGoebells News, o novo canal do New Brazil), uma manifestação imaginária. Sob os comentários de uma liderança do mesmo grupo paramilitar ao vivo, a milícia oficial se perfilava e mostrava toda sua capacidade de ‘uso forçado do diálogo progressivo’ para a audiência. Não faltaram elogios ao Palhaço Estadual.

Na falta das palhaçadas do Palhaço Bozo, nada mau para a programação mostrar um pouco da sua base, não é mesmo? Mas a trilha sonora deste espetáculo é que deu o toque genial que os diretores tanto esperavam: tudo isso ocorreu sob um gigantesco panelaço de rechaço das janelas das casas e apartamentos da região onde filmaram o esquete.

O terceiro ato, bem, já sabemos como foi, pois se repete diariamente. Ao desligarem as câmeras, a SS do New Brazil esteve, novamente debaixo de panelaços de rechaço, caçando qualquer coisa que se mexe na rua e que cheire a dissidência. Seja uma garota adolescente com uma camiseta de banda de rock, seja um senhor idoso que passasse por ali sem uma camiseta da seleção. Se a pele for escura então, nem se fala. Um proativismo desses militantes pra liberal nenhum botar defeito!

“As pessoas nas janelas devem estar muito preocupadas”, comentou o repórter da New Goebells News. Quanta sensibilidade!

Em muitas outras capitais ocorreram manifestações semelhantes. A única em que a repressão dos grupos paramilitares oficiais do New Brazil fugiu desse padrão foi em Fortress City (antiga cidade de Fortaleza), onde a coisa foi ainda mais grave. Um lugar onde logo nos primeiros dias de New Brazil, o mesmo grupo militante se levantou contra uma escavadeira, vale recordar. Beautiful View, Joy Port, Isla Argentina, New Rio (lembre-se de ler com sotaque green-go), Savior, Big Field e Curitiban Republic também se levantaram.

Campeões morais

E por falar na seleção, já somos os campeões morais do mundial de cronicavírus!

Deu na Rede Goebbels que era pra multiplicar os números por sete devido à subnotificação. Mas como essa emissora apenas ensaia sua dissidência, multipliquemos por 10. Só na Isla Argentina (antiga Florianópolis), que tinha cerca de 600 casos anuais de síndrome respiratória aguda, agora já conta com quase 4 mil e o silêncio absoluto dos meios de comunicação regionais, que preferem mostrar festas juninas de políticos com duplas sertanejas. Imagine em capitais maiores e mais populosas como a coisa não anda.

E enquanto nenhum especialista, nem mesmo mafiosos que ensinam a língua dos coaches, está topando o cargo de técnico da seleção do New Brazil, vamos disparando rumo à liderança, contra tudo e todos. Os nossos 700 mil casos registrados (*) podem muito bem estar na cifra dos 7 milhões (em ação?), assim como nossas quase 40 mil mortes, podem estar na faixa das 400 mil. O Imperador Rambozo, com todos os seus testes disponíveis, conta com apenas 2 milhões de casos e 112 mil mortos. Somos os campeões morais! Não precisa nem começar a fase de mata-mata do mundial para que pintemos as ruas. Salve a seleção!

E por falar no alaranjado Imperador Rambozo, The Original, foi a vez de a matriz fazer sua piada com a cópia da franquia tropical. Vendo como joga bonito a nossa seleção, o rechonchudo imperador não hesitou em ironizar o rival. Mas não adianta, Rambozo, ninguém segura o New Brazil! Nem o senhor.

New Brazil Papers e o relincho do Palhaço Bozo

E foi justamente o alaranjado Imperador Rambozo, The Original, quem de certa maneira ‘originou’ as primeiras manchetes da semana sobre o New Brazil Papers, ao oferecer em seu show green-go, ainda na segunda-feira, a piada de péssimo gosto que diz que os ATC (Aqueles que Torcem Contra) de todo o mundo deveriam ser considerados terroristas.

Não demorou muito para que o Carequinha do Congresso, um grotesco personagem que ainda terá sua história revelada nesta série, fizesse sua própria inserção humorística em vídeo, mostrando uma lista que continha os dados de diversos simpatizantes dos ATC, prometendo entregá-la aos grupos paramilitares oficiais.

E a partir daí foi um tal vaza-dados do Palhaço Bozo e seus três bozinhos de um lado, piadas ameaçadoras do lado do New Brazil e, no meio disso, as pessoas que foram pegas de surpresa. Em seguida, vazaram o próprio Carequinha do Congresso; o Diretor Scheisse, que depunha na PF (Pratos Feitos, é isso que significa PF, não esqueçam) e ao sair fez saudações ao New Brazil; além da nossa Inominável Palhaça da Familícia e Humanos Direitos.

E a guerra de dados não parou por aí. Acuado com os ATC nas ruas, o Palhaço Bozo prometeu acabar com a contagem e retirar a seleção do mundial de cronicavírus. Questionado, ironizou: “acabou a matéria da Goebbels News?”. Mas o canal se reinventa com facilidade, temos que admitir. Como se reinventam os súditos do reich tropical em seu apoio cego.

E bem, se somarmos esses vazamentos da semana, com os do Hacker de Laranjaquara (antiga Araraquara) sobre o Super-Pato e as investigações sobre as fábricas de água sanitária de Carluxinho Feiquenils e Flavuxinho da Rachadinha, suas ligações com a Loucademia de Milícia, e os financiamentos a pessoas como o Careca da Segunda-Merda e a Loira do Banheiro Nazista, temos o New Brazil Papers. Obrigado hackers!

Sobrou até para o principal roteirista desse maldito programa de palhaçadas, o astrólogo e terraplanista Otário do Caralho. Que do alto do seu caralho – e aqui me refiro, figurativamente, às torres de observação das antigas naus portuguesas – em algum lugar da Terra da Liberdade, ameaçava abandonar o home office. Mas após uma injeção de financiamentos privados, ele já declarou que fica.

E sim, o primeiro ‘Stay Day’ do New Brazil caiu numa segunda-feira.

Johnny Dólar é marcado pelo ursomen soviético

Para finalizarmos o resumo da semana no nosso reich tropical, registramos o primeiro ataque do nosso ‘Ursomen Soviético’ (ver episódio anterior).

Foi o palhaço estadual de Saint Paul, Johnny Dólar, a primeira vítima a amanhecer com o número ‘17’ escarificado na testa. Ao lado de seu leito, um bilhete, que dizia o seguinte:

“O senhor achava que depois disso tudo, iria viver numa boa, na sua mansão nos Gardens e continuar armando suas palhaçadas? Não, não, não. As pessoas precisam saber quem você é”.

E não havia bandeiras nazis ucranianas suficientes para limpar as consequências.

Nota:
* Os dados de contaminação foram checados no site World Do Meters; checados em 08/06 às 12h: https://www.worldometers.info/coronavirus/

Já os dados sobre síndrome respiratória aguda em Florianópolis podem ser achados nos seguintes estudos:

2019: http://www.dive.sc.gov.br/index.php/arquivo-noticias/889-informe-epidemiologico-n-09-2019-vigilancia-da-influenza-atualizado-em-07-de-junho-de-2019 

2020: http://dive.sc.gov.br/index.php/arquivo-noticias/1181-informe-epidemiologico-n-12-2020-vigilancia-da-influenza-atualizado-em-01-de-junho-de-2020%22 

Leia os outros episódios da série:

Cronicavírus in Brazil: tudo do pior que podemos apresentar

Cronicavírus in Brazil (2): milicianos, terraplanistas e outros seres da lata de lixo da história rumo ao Hexa!

Cronicavirus in Brazil (3): com vocês, a Namoradinha de Auschwitz - e outras histórias

Cronicavírus in Brazil (4): Tiros, compras e água sanitária

Cronicavírus in Brazil (5): Segue o líder!

Cronicavírus in Brazil (6): Aqueles que torcem contra

Raphael Sanz é jornalista e editor-adjunto do Correio da Cidadania.

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