Correio da Cidadania

Venda da CESP deverá iniciar novo ciclo de privatizações

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Apesar da constatação de que a opinião pública é contrária à venda de empresas estatais à iniciativa privada, o estado de São Paulo deverá retomar, no início de 2008, seu programa de desestatização, iniciado em 1996 sob a tutela do ex-governador Geraldo Alckmin.

 

A cargo da construção do modelo de privatização está o Banco Citibank, um dos vencedores da licitação anunciada em setembro e finalizada neste mês de novembro para escolher os responsáveis pela avaliação do valor e pela criação de novos modelos de negócios de 18 empresas estatais.

 

Com o aval da Secretaria da Fazenda paulista, a provável primeira empresa que irá a leilão será a CESP (Companhia Energética de São Paulo), cujo processo de privatização foi interrompido por se tratar de uma empresa pública com uma grande dívida acumulada.

 

Nos anos 1990, a empresa paulista sofreu uma profunda reestruturação, sendo dividida em diversas companhias menores, prontamente colocadas à venda pelo governo. Para a CESP, sobrou a geração de energia nas usinas de Ilha Solteira, Porto Primavera, Jupiá, Paraibuna, Jaguari e Três Irmãos, que permaneceram sob controle do estado.

 

Para viabilizar a privatização das outras divisões, a dívida das subsidiárias da CESP privatizadas foi repassada à estatal, resultando em um baixo valor de mercado para a empresa, que passou a ser incapaz de atrair o interesse de compradores.

 

Mas mesmo após ser dividida, a CESP permaneceu como peça fundamental no desenvolvimento de São Paulo, uma vez que a empresa continua responsável por cerca de 60% de toda a energia gerada no estado.

 

Ao longo dos anos e por várias maneiras, como o aumento de capital por meio de emissão de novas ações e investimentos oriundos da privatização da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), o governo de São Paulo conseguiu elevar o valor de mercado da estatal – hoje avaliado em R$ 11 bilhões.

 

O Citibank, empresa financeira norte-americana, ficará encarregado de coordenar a venda de todas as ações da CESP que o estado de São Paulo possui – contrariando a proposta anterior de vender somente as ações excedentes e manter o controle estatal sobre a empresa, nos moldes do que o governo federal fez com a Petrobras e o Banco do Brasil.

 

Por meio de liminar, o Partido dos Trabalhadores e o Sinergia (Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo) tentaram barrar o resultado da licitação vencida pelo Citibank. Segundo Gentil Teixeira de Freitas, secretário-geral do Sinergia, houve irregularidade no processo, realizado com “cartas marcadas”. “Descobrimos que, mesmo antes da publicação dos resultados da licitação no Diário Oficial, já havia um contrato assinado”, diz o sindicalista.

 

No entanto, no dia 21 de novembro, a liminar foi derrubada na Justiça, sob a alegação de que não haveria problemas em realizar uma licitação com o intuito de levantar o valor dos ativos das estatais. Para Freitas, tal decisão é um absurdo, pois o governo não está fazendo apenas isso, mas também preparando a remodelação das empresas.

 

Como maneira de combater a privatização da CESP e de outras estatais como o Metrô e a Sabesp, diversos sindicatos já uniram suas forças, realizando pequenas manifestações e criando um fórum de debates e uma frente contra as privatizações em São Paulo.

 

Está em preparação também um grande ato na Avenida Paulista, cuja data ainda está indefinida, que servirá para alertar a população sobre os prejuízos que virão com a retomada do programa de privatização pelo governo do estado. “A população pode até achar que não tem nada a ver com isso, mas no final das contas o peso cai em seus bolsos”, diz Gentil de Freitas.

 

Uma prova clara disto está nas elevações de tarifas ao longo dos anos em todos os serviços que foram privatizados – não só as tarifas de luz, mas também tarifas telefônicas, por exemplo, tiveram um aumento muito além da inflação registrada anualmente, enquanto a qualidade dos serviços oferecidos frequentemente continuou pouco satisfatória.

 

 

Mateus Alves é jornalista.

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Comentários   

0 #7 Maria Célia Silva de Souza 31-03-2008 13:45
Gostei do site que achei por acaso.
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0 #6 Lá se vai a máquina de dinheiro.Hudo Corrêia 27-12-2007 17:34
Com a venda da CESP o governo de SP irá perder uma grande máquina de fazer dinheiro sem nenhum gasto .. o grande problema da CESP foi a sua má administração, pois como uma empresa que só tinha gasto com \" mão de obra \" pode chegar ao ponto que a CESP chegou, cheia de dividas.
Com a venda de seus MW´s a CESP nunca afundaria .. e agora que o governo de SP vai entregar as Usinas a empresa que entrar vai conseguir fazer Rios de dinheiro, pois as Usinas ja estão construidas e prontas para gerar energia .. ainda mais agora que o Brasil chega perto de mais uma crise energética o MW Hora está com seu preço muito elevado..
Então a conclusão que chegamos é que as empresas que irão entrar na licitação estão \" babando \" pelas usinas da CESP, pois sabem que irão faturar Rios de dinheiro.
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0 #5 Moralizar é a soluçãoRobson Maia da Silva 15-12-2007 10:57
A privatização não é a ação que ajudaria a CESP ou o Estado de São Paulo e sim a moralização do setor.
A divida da CESP não é da CESP!!!
Esta divida foi criada por desvio que algem deveria ser responsabilizado e não o POVO.
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0 #4 Venda da CESP...Marcos Pinto Basto 30-11-2007 02:42
A maioria esmagadora dos cidadãos brasileiros é contra as privatizações de empresas estatais, mas os governantes, principalmente do PSDB, como se fossem donos do Brasil, continuam "doando" bens da Pátria, contrariando a vontade daqueles que os elegeram e aumentando a revolta de todos porque nenhum eleito para exercer cargo de governador ou presidente da república, teve ou tem procuração do Povo para vender o património da Nação, nem tão pouco para fazer concessões altamente lesivas quanto mais vender ações de empresas estatais, como já aconteceu com a SABESP e PETROBRAS. Os governantes que executam tais manobras lesivas, devem ser tratados como burlões, ladrões e condenados por crime de lesa-Pátria.
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0 #3 Enquanto isso !!!Percio Bianco 29-11-2007 10:44
Observamos que o modelo de privatizações adotado pelo Estado de São Paulo, visa, apenas e tão somente, atender aos interesses dos grandes investidores (apadrinhados, etc.,etc.)e, exterminar com toda e qualquer capacidade de mobilização de trabalhadores, É O MODELO NEOLIBERAL QUE PRIVILEGIA SOMENTE O CAPITAL, porém, como já foi dito, o povo escolhe seus governantes, enquanto isso, SP apresenta péssimos índices de qualidade de vida comparados a outros estados mais pobres - educação, saúde, habitação segurança, entre outros - não há o que reclamar.
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0 #2 Venda da CESP deverá iniciar novo ciclo Joaquim F. de Carvalho 28-11-2007 04:47
Prezado Mateus
A propósito de seu excelente artigo, sugiro-lhe a leitura de dois outros, que foram publicados na Folha de São Paulo, nos dias 21 de novembro de 1.998 e 28 de junho de 2.006, que lhe enviarei anexados a um e-mail separado.
Abraço, Joaquim de Carvalho
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0 #1 Os paulistas são culpadosHeidi Maria 27-11-2007 18:33
Ué, os paulistas conheciam para quem estavam entregando o estado. Sinto por mim, mas tomara que paguem mais caro a água e a luz.
Sem precisarem da educação ou saúde do estado aí sim que ficarão a ver navios.
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