Correio da Cidadania

Uma “Fábrica de Ideias” em defesa da Petrobrás

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A Associação dos Engenheiros da Petrobrás – AEPET – é uma fábrica de ideias em defesa da companhia.

É necessário perguntar: defender a Petrobrás de quem? De quais interesses?
Em favor de quem?

O que está em disputa é a renda petroleira, a propriedade do petróleo e os objetivos do seu uso.

As multinacionais privadas que são controladas pelo sistema financeiro querem se apropriar da renda petroleira para maximizar seus lucros no curto prazo.

Querem produzir e se apropriar do petróleo aos menores custos e riscos, com total liberdade para exportá-lo.

Os bancos querem financiar os empreendimentos e garantir o recebimento prioritário da maior taxa de juros possível. Quanto maior a velocidade da extração mais rápido se apropriam desta fração da renda petroleira.

As estatais estrangeiras querem garantir a segurança energética de seus países. Querem transferir a renda petroleira na aquisição de bens e serviços. Querem gerar empregos qualificados em seus países.

Outros interesses privados disputam a renda petroleira, os empreiteiros, os licenciadores de tecnologias, os industriais consumidores dos derivados e os comerciantes de combustíveis.

Aos rentistas interessa que o Estado privatize seus ativos e recursos naturais para garantir o pagamento dos elevados juros da dívida pública.

Os políticos traficantes de interesses e os executivos de aluguel servem aos poderosos interesses privados que cercam a Petrobrás, o petróleo brasileiro e a renda petroleira.

Cabe à AEPET defender a Petrobrás destes poderosos interesses antinacionais.

Em favor dos interesses da grande maioria dos brasileiros, dos estudantes, dos trabalhadores e dos aposentados.

Para que nosso país seja soberano e utilize seus recursos e o fruto do trabalho dos brasileiros para o desenvolvimento, com justiça e dignidade social.

Existe correlação entre o desenvolvimento humano e o consumo de energia per capita. O consumo no Brasil é próximo ao do Paraguai, é cerca de seis vezes menor em relação aos EUA e quatro vezes menor do que a Noruega.
Também existe relação entre o consumo de energia e o crescimento econômico.

Nosso desenvolvimento depende da produção do petróleo na medida das nossas necessidades e em suporte ao progresso do Brasil.

Agregar valor ao petróleo, desenvolver uma indústria forte e diversificada, planejar a distribuição da renda petroleira através do desenvolvimento tecnológico e da produção de bens e serviços especializados.

Utilizar a renda petroleira para levantar a infraestrutura da produção dos biocombustíveis e das energias potencialmente renováveis.

Nenhum país se desenvolveu exportando petróleo por multinacionais estrangeiras.

Nenhum país, continental e populoso como o Brasil, se desenvolveu exportando petróleo cru ou matérias primas.

A batalha das ideias

Quero destacar o papel da AEPET na disputa da opinião pública e na construção do senso comum.

Somos uma "fábrica de ideias" em favor do desenvolvimento do Brasil. A qualidade dos nossos conteúdos e a eficiência dos meios pelos quais são divulgados são vitais para o sucesso.

A disputa é desigual em termos econômicos, mas estamos do lado da maioria, essa é a origem da nossa força.

No último triênio a audiência do nosso portal duplicou, chegando a cerca de 200.000 usuários por ano, com quase 550.000 seções acessadas.

É evidente que estamos avançando, isso é resultado da qualidade do que produzimos, dos nossos artigos, notas, cartas, votos e da seleção de artigos de terceiros.

Entre os petroleiros, afirmo com serenidade que estamos vencendo a batalha das ideias.

A verdade passou a ser aceita por si própria, sem ser ridicularizada ou rejeitada com violência. A maioria dos petroleiros e dos brasileiros percebeu a "Construção da Ignorância sobre a Petrobrás".

A partir de agora é evidente que a Petrobrás não está (e nunca esteve) quebrada, que não precisa vender seus ativos para reduzir a dívida, que a privatização prejudica o fluxo de caixa e compromete o futuro que já se torna presente.

Agora está na cara “O mito da Petrobrás quebrada”, é óbvio que houve uma propaganda de choque e terror, a serviço das multinacionais do petróleo e dos agentes do sistema financeiro que as controlam.

Estão desmascarados os executivos que giram através de portas giratórias entre a administração pública e corporações privadas. Eles são os modernos feitores e capitães do mato, a serviço do novo ciclo colonial da exportação de petróleo cru, e que só podem debater em ambientes controlados do cartel midiático.

Interventores e porta-vozes do capital internacional se entendem bem. Antes desfilavam seus egos como os salvadores da pátria, agora se escondem e só oferecem entrevistas para microfones amigos.

Com relação à percepção dos petroleiros podemos recorrer à pesquisa de ambiência realizada pela Petrobrás. A última pesquisa foi feita em janeiro de 2017. Pedro Parente e seus executivos, confiantes, incluíram duas perguntas inéditas:

 “71 - O Plano de Negócios e Gestão 2017-2021 está na direção certa?
Resultado: 37% favoráveis

72 - Confio nas decisões tomadas pela Direção Superior diante dos desafios da companhia?

Resultado: 31% favoráveis” (Petrobras, 2017)

O percentual de respondentes foi muito baixo, apenas 64% do total. Apenas 31% dos 64% que responderam, em janeiro de 2017, confiavam nas decisões tomadas pela “Direção Superior”. Ou seja, menos de 20%, um em cada cinco, responderam favoravelmente e confiantes nas decisões do presidente, conselheiros e diretores da Petrobrás.

Veja bem, a pesquisa foi realizada em janeiro de 2017. Ao longo do ano, a confiança certamente piorou diante do resultado das privatizações da malha de gasodutos (NTS), do campo de Carcará etc. etc. etc.

Em dezembro de 2017, a “Direção Superior” anunciou que não haverá pesquisa de ambiência em janeiro de 2018. Para um bom entendedor, tal decisão basta para afirmar que a verdade sobre a Petrobrás foi revelada e já é autoevidente para os petroleiros em 2017.

Entre os brasileiros também, pois pesquisa recente apontou que 70% são contra a privatização da Petrobrás. Não estamos sozinhos nesta luta, o que temos produzido serve como referência para outros cidadãos - professores, jornalistas, parlamentares, sindicalistas etc. - que também percebem a importância da Petrobrás para o Brasil.

Colaboramos com jornalistas independentes do capital internacional, nossos artigos são cada vez mais publicados em blogs progressistas de grande alcance.

A internet é o meio mais eficiente para difundirmos nossas ideias. Agradeço a todos que cooperam com a AEPET na produção de conteúdo, na divulgação e no trabalho cotidiano de garimpar conteúdo de qualidade que mereça ser conhecido através dos nossos meios.

Ainda há muito a fazer, mas nossos êxitos, ainda que modestos, são o incentivo para prosseguir no mesmo rumo.

Leia também:

Petrobrás 2017: o ano em que a verdade é aceita como evidente por si própria

NTS: Crônica de um prejuízo anunciado

O mito da “Petrobras quebrada”

A construção da ignorância sobre a Petrobrás

Felipe Coutinho é presidente da AEPET. O texto é a transcrição do discurso de posse para o triênio 2018-2020 na entidade.

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