Correio da Cidadania

A mãe de todas as mentiras

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Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil


Francisco de Quevedo, pensador espanhol do sec. XVI, dizia: “Quem julga pelo que ouve, não pelo que entende, é orelha e não juiz”. Creio que por isto hoje dizemos que alguém “fala de orelhada”.

É o que vem ocorrendo no Brasil há alguns anos. Muita gente, gente importante, espalhando a notícia de que a Petrobrás passou por sérios problemas financeiros. Alguns afirmam que esteve à beira da insolvência. Outros que estava quebrada. Tudo mentira.

Não se dão ao trabalho sequer de entrar no site da empresa e examinar os relatórios anuais, que estão lá disponíveis com dados desde 2006, auditados interna e externamente (por empresas internacionais) com detalhes mais do que suficientes para atestar a verdade dos fatos. Preferem espalhar a mentira “de orelhada”. Irresponsavelmente.

Tal mentira foi criada para justificar a destruição da empresa, atendendo interesses não brasileiros, com a venda de seu patrimônio valioso de forma injustificável, e a adoção de uma política de preços inconstitucional, baseada em normas do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e da Agencia Nacional de Petróleo (ANP). Todos fatos qualificados como criminosos pela legislação brasileira.

Política de preços prejudicial a economia brasileira, que fica menos competitiva do que poderia ser. Que penaliza o consumidor brasileiro obrigado a pagar pelos combustíveis muito mais do que deveria pagar. Penaliza a própria Petrobrás que não cumpre com as atribuições que lhe são conferidas pela Constituição Federal e leis brasileiras, se tornando submissa ao chamado “mercado”, em detrimento do interesse nacional. A atual política de preços é criminosa.

Quem tiver interesse em alcançar a verdade, basta verificar que a companhia teve lucro constante de 2006 a 2013.

Em 2014 e 2015 os prejuízos apurados foram causados pelos chamados “impairments” que são ajustes contábeis baseados em projeções futuras para cambio e preço do petróleo, quase sempre incorretas, mas que não tem qualquer efeito no caixa da empresa.

Analisando aspectos financeiros, verificarão que a Geração Operacional de Caixa foi sempre superior a US$ 25 bilhões (mesmo em 2014 e 2015).

Saberão que a Liquidez Corrente, que mostra a capacidade da empresa cumprir com seus compromissos no curto prazo (um ano) é sempre superior a 1,5. O que significa dizer que para cada R$ 1,00 que a Petrobrás tinha a pagar ela sempre dispunha de mais de R$ 1,50.

Verificarão que a dívida da empresa sempre foi compatível com sua capacidade de pagamento. A dívida existe porque a Petrobrás tem projeto para investir, no caso o pré-sal. Isto significa ter futuro.

Outras petroleiras não têm dívidas porque não têm projetos. Não têm futuro e sonham em tomar o Pré-Sal brasileiro.

Mais eloquente ainda é verificar que em 2014 quando muitos dizem que estava quebrada, a Petrobrás captou no mercado externo, sempre com bancos de primeira linha, quase US$ 14 bilhões, com vencimento em 30/35 anos. Vocês já viram banqueiros emprestarem para empresas quebradas ? E nestes volumes de dinheiro ?

Mais ainda, em 2015 a companhia captou junto ao J.P.Morgan e o Deutsch Bank, US$ 2,5 bilhões com vencimento em 2115. Ou seja, cem anos. Precisa falar mais ?

Na recente AGO/AGE da Petrobrás (13 de abril 2022) em sua carta de despedida o Gen. Joaquim da Silva e Luna ressaltou que a empresa de classificação de risco Moody’s, havia melhorado a posição da Petrobrás, durante sua gestão. É preciso lembrar que a melhor classificação da Petrobrás foi entre 2007 e 2015, quando obteve o chamado “grau de investimento”, não só pela Moody’s , mas também pela Fitch e a Standard & Poors.

O povo brasileiro precisa conhecer a verdade e retomar sua soberania. Quem diz que a Petrobrás teve problemas financeiros mente deslavadamente.


Cláudio da Costa Oliveira é economista.

 

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