Novidades no campo popular
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- 13/04/2007
Estará havendo uma inflexão na atitude das organizações populares em relação ao governo Lula?
É cedo para responder, mas alguns sinais recentes justificam a indagação.
Há pouco mais de duas semanas, entidades até hoje solidárias com o presidente, enviaram representantes ao Encontro destinado a unificar as manifestações de desagrado com a política neoliberal do governo. Entre as entidades combativas que compareceram ao Encontro, estava o MST, até hoje ausente deste tipo de mobilizações.
Nesta semana, uma dirigente nacional desse movimento detonou o presidente Lula pela imprensa, citando declarações do próprio Lula para desmoralizá-lo. Conhecendo-se a forma de atuar do MST, dificilmente se trata de um simples desabafo.
Até hoje o MST fez o que pôde para não hostilizar o presidente, apesar deste não ter avançado um palmo sequer no terreno da reforma agrária.
Parece que a paciência dos sem-terra esgotou-se: as ocupações aumentaram neste "abril vermelho" - período assim denominado para marcar a impunidade do massacre de Eldorado dos Carajás - e o discurso discreto de seus dirigentes deu lugar ao protesto estridente.
É cedo para fazer ilações a respeito dos desdobramentos desses fatos. Mas, inegavelmente, eles parecem indicar que as vanguardas do povo começam a pensar em dar um basta!
Se isto vier a ocorrer, viveremos uma situação política paradoxal: um presidente antagonizado pelo movimento organizado do povo, mas apoiado pelas massas desorganizadas.
Em que dará uma situação destas, ninguém sabe.
Mas, com certeza, mudará substancialmente o quadro político atual.
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