Correio da Cidadania

2007: um ano ruim para o país

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Há onze anos, em sua última edição anual, o Correio faz uma retrospectiva dos principais fatos do ano. Cada colunista examina a sua área e procura resumir os principais fatos do período.  A opinião do jornal é expressa neste editorial.

 

Neste ano, essa opinião é bastante negativa: o ano de 2007 foi um ano muito ruim para o nosso país.

 

A demorada reciclagem da nossa economia foi finalmente completada e pode-se dizer que o novo modelo de desenvolvimento, calcado nas receitas neoliberais, está consolidado. A advertência de Celso Furtado, em 1992, não foi ouvida: a construção nacional não está mais interrompida. Os governos Collor, FHC e Lula destruíram-na inteiramente. Os que ainda acreditam no país têm de começar, desde os alicerces, uma nova construção.

 

Este resultado discrepa do modelo ideado pelos militares que, nos anos 80, propuseram a transição "lenta, gradual e segura" do regime autoritário-militar para o regime civil, a fim de manter a hegemonia burguesa, pois, embora tenha conservado o poder, a burguesia ficou ainda mais fraca do que já era no passado. As mudanças neoliberais a tornaram ainda mais dependente das burguesias centrais do sistema capitalista. Na verdade, reduziu-se à condição de uma pequena burguesia local, que vive de comissões pelo trabalho de intermediação dos grandes negócios que o capital estrangeiro está realizando no país.

 

As conseqüências sociais desse processo, que já vinham de mais longe, agravaram-se sobremaneira em 2007.

 

A mancebia entre o setor público e o setor privado fez implodir todos os padrões éticos. A população assistiu atônita à avalanche de escândalos que vão desde a débâcle moral do Senado até a prisão da menor L15 numa cela com dezenas de homens, em Abaetetuba.

 

Como disse o senador Pedro Simon, um dos poucos que escapou do lodaçal em que se converteu o Senado, em entrevista a este Correio: "O Brasil está se decompondo".

 

Contra essa realidade, o governo esgrime estatísticas róseas, a respeito da estabilidade e do crescimento econômico, e a mídia entoa loas diárias aos sucessivos recordes das Bolsas de Valores.

 

Tais cifras reduzem-se a poeira diante das mortes de pessoas inocentes atingidas pelos tiroteios entre a polícia e a bandidagem nas ruas das capitais; das humilhantes notas dos alunos das escolas brasileiras em todas as comparações internacionais; do colapso da saúde pública; da epidemia de dengue que infesta o país inteiro; da devastação da Amazônia; do doloroso espetáculo da greve de fome do bispo Dom Cappio - único modo, que lhe foi dado, de defender a população rural do nordeste da avidez do agronegócio.

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Comentários   

0 #6 Leonardo Martins 02-01-2008 09:07
Eu não votei em Lula, votei no PSOL (apesar de eu ter divergências com HH. Afinal, Chico Alencar é muito mais preparado - e mais socialista - do que ela). No entanto, igualar o governo Lula ao governo FHC é ignorância ou manipulação. O governo Lula foi um governo conciliador, os ricos ganharam dinheiro, a pobreza extrema diminuiu vertiginosamente. Foi um governo que beirou a socialdemocracia, diferentemente de FHC o qual optou pelo liberalismo econômico puro. Eu estou bem à esquerda do governo Lula, mas igualá-lo ao governo PFL-tucanos é ignorância ou manipulação.
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0 #5 Ruim para o país, pior para o PovoAníbal de Oliveira Valença 28-12-2007 15:59
O ex-operário traiu o Povo mudou de lado apoiou a mancebia entre o setor público e o setor privado(que é intrínseco do capitalismo)acabou a ética e fez a Mesmice dos governos burgueses: destruiu a organização de trabalhadores favorecendo o capital internacinal pois nossa burguesia é caudatária e capacho do capital financeiro mundial.
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0 #4 O projeto neoliberal venceu o projeto poPaulo Pedroso Mandágua de Alme 28-12-2007 12:21
Concentração de nossa economia nas mãos de poucos e os miseráveis vivendo de bolsa familia, destruição da classe média, essa é a nossa realidade. Sem falar do crescente aumento da violência, depressões, roubos, crimes... A população aliendada pela mídia bancada com dinheiro público. Esse é o modelo do projeto de desenvolvimento proposto pelo governo Lula e pelo PT. Felizmente \"os que ainda acreditam no país (a exemplo de Frei Cáppio) têm de começar, desde os alicerces, uma nova construção\". Pois \"o futuro não nos faz. Nós é que nos refazemos na luta para fazê-lo\". P. Freire. Que em 2008 possamos refazer nossas forças e a nossa coragem para implantar um projeto de nação, um projeto popular para o Brasil. Lula e o PT já eram, venderam suas almas, vamos aglutinar e mobilizar novas forças, novos movimentos.
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0 #3 NenhumOdon Porto de Almeida 28-12-2007 10:04
Corcordo inteiramente com os termos do "2007: um ano ruim para o país". Duro é não qualificar devidamente os "nobres" poderes que nos governam como mandatários de uma burguesia caudatária do capital alienígena.
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0 #2 ano ruim para o PaísHélio Q. Jost 28-12-2007 09:29
Votei no Lula por opção pelo menos ruim. É uma pena o PT não ter apresentado um projeto de País. O neoliberalismo nada de braçadas e não há um projeto nacional. A reforma agrária, tributária, política e outras não aconteceram. O Governo tem que ser o condutor deste processo. -Onde vamos parar com o aumento da sangria da remessa de lucros para o exterior e a aposta no tal "agronegócio" poluidor, devastador?
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0 #1 Ano ruim, futuro idemNELSON ANTÔNIO FAZENDA 24-12-2007 14:57
É triste ter que concordar com esta análise.
O governo Lula optou pelo produtivismo, bem ao estilo estalinista. O mesmo produtivismo que tantos males levou à União Soviética
E olha que a corrente majoritária do PT, a mesma que detém quase todo o poder no governo, era uma das mais críticas do estalinismo.
"Se o Estado cede, o Estado acaba", teria afirmado Lula ao justificar a intransigência do governo diante do gesto do bispo Cappio. Nas inúmeras vezes que o Estado, já sob o governo Lula, cedeu aos interesses do grande capital, não havia perigo de que viesse a se acabar?
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