Ataque à comunidade científica
- Detalhes
- Andrea
- 29/02/2008
Lula conseguiu dividir mais um setor da sociedade brasileira. Desta vez o setor atingido é a comunidade científica. Os cientistas brasileiros, sempre unidos na defesa da autonomia dos centros de pesquisa, da independência dos pesquisadores, formam hoje dois grupos antagônicos: os que apóiam e os que se opõem à transferência do seu comando sobre a pesquisa científica para o setor empresarial.
Pode parecer ilógico a existência de cientistas favoráveis a essa transferência, mas há uma explicação: os cientistas andam sempre atrás de recursos e às voltas com a burocracia para consegui-los e justificar os gastos.
É aí que entra Lula: ele oferece recursos abundantes e eliminação da burocracia... desde que o comando passe para o setor empresarial.
O Programa governamental para realizar essa manobra tem um nome lindo: Parque Tecnológico. Sua justificativa é, no papel, encantadora. O leitor imagina-se logo caminhando pelas aléias de um Jardim de "Academus", vendo, de um lado, uma faculdade; de outro, um laboratório de pesquisa; aqui, uma fabrica moderníssima; ali, um magnífico hotel para receber visitantes - todos unidos no afã de melhorar a vida dos brasileiros.
A realidade, contudo, é bem outra.
Trata-se, na verdade, é de entregar o processo de inovação tecnológica da economia brasileira ao comando do capital privado, através de entidades denominadas Organizações Sociais.
São associações civis sem fins lucrativos, que celebrarão com órgãos estatais Contratos de Gestão para realizar atividades que são da competência do Estado.
No caso dos Parques Tecnológicos, a associação reúne: governo federal; governo estadual; prefeitura; universidade; e empresas privadas.
Trata-se de criar pólos de desenvolvimento econômico em cidades que já apresentam condições favoráveis e fazer com que o desenvolvimento urbano favoreça o crescimento das empresas reunidas no Parque - tudo com dinheiro do governo, seja sob a forma do subsídio direto à Organização Social, seja sob a forma de crédito às empresas privadas.
A perversidade da fórmula consiste, por um lado, em esvaziar as instituições que o Estado brasileiro criou nestes últimos cem anos e que deram notável contribuição para a construção de uma Nação autônoma. Agronômico de Campinas, Manguinhos, Inpe e dezenas de outros renomados centros de excelência deixarão progressivamente de realizar as pesquisas que interessam ao conjunto da população e passarão a operar segundo os interesses das indústrias localizadas em sua região; por outro lado, quem já é rico ficará mais rico e quem é pobre ficará mais pobre, pois o Parque Tecnológico só prospera onde existem centros de excelência, indústrias modernas e grande potencial de crescimento econômico. Como estamos longe dos tempos em que o Estado atuava no sentido inverso!
Não é possível que a cidadania aceite passivamente esses ataques à soberania do país; ao respeito que se deve aos cientistas brasileiros; e ao imperativo de rejeitar qualquer política que perpetue a disparidade econômica entre as regiões do país.
{moscomment}
Comentários
concordo inteiramente com seu comentário. O que acontecd com o governo dos trabalhadores? É que ele deixou de ser dos trabalhadores e se transformou no governo dos empresários. Isto támbém é muito triste.
Um abraço, Plinio
Assine o RSS dos comentários