Correio da Cidadania

Aproveitando o leite derramado

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Andrea

18/04/2008

Agora que o desastre está consumado, a única coisa a fazer é tirar as lições que ele encerra.

Há anos, os italianos, descontentes com a truculência e o reacionarismo de Berlusconi, deram uma grande chance aos partidos que formam a Terceira Via - essa estranha invenção de Tony Blair e Bill Clinton, feita para adocicar o neoliberalismo puro e duro de Margareth Tatcher e Ronald Reagan.

A Terceira Via italiana é uma grande frente de partidos, que inclui os três maiores ex: ex-PCI; ex-PDC; ex-PSI.

Há gente que a considere uma formação socialista. Obviamente de socialismo ela não tem nada. O máximo que se pode dizer é tratar-se de uma formação menos reacionária do que a direita italiana. Portanto, na sua derrota, a única coisa verdadeiramente a lamentar é o mal que a volta da direita truculenta ao poder representa para os trabalhadores italianos e o reforço ao processo de direitização da Europa.

Mas nem tudo é prejuízo. Duas grandes lições podem ser tiradas da derrota.

A primeira é fazer a distinção entre uma plataforma de lutas por reformas no sistema capitalista e um programa de governo reformista.

Quando lutam por uma plataforma reformista, os socialistas estão mobilizando massas populares para pressionar o regime burguês. Uma vez sendo bem feita, essa mobilização pode significar avanço na luta contra o capital.

Já quando formulam um programa de governo reformista, os socialistas estão armando uma armadilha para si próprios. Não pode haver reformas no capitalismo sem que algum setor dele se disponha a colaborar no regime reformado. Automaticamente, este setor torna-se o fiel da governabilidade. O governo passa a ser um refém: ou atende às exigências do seu parceiro ou perde a maioria e cai. Mas o triste é que, como as eleições italianas demonstraram, mesmo satisfazendo as exigências, ele cai, porque não consegue atender às demandas do povo e perde o apoio da opinião pública.

O socialismo no meio disso acaba completamente desfigurado.

Esta segunda lição tem sido tão repetida que não se entende como não foi aprendida até hoje. Atribuem-na ao Presidente Truman. Ele disse: "toda vez que um candidato liberal dos democratas, com vistas a ampliar seus votos, procura incluir no seu programa propostas conservadoras do candidato republicano, o eleitorado prefere votar no conservador puro sangue.

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