Correio da Cidadania

O "strip tease" dos DEM

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Os Democratas (DEM) abriram processo disciplinar contra o seu correligionário Paulo Feijó, vice-governador do Rio Grande do Sul. Feijó gravou uma conversa em que o chefe de gabinete da governadora Yeda Crusius revelou-lhe as empresas estatais que estão contribuindo para a "caixinha" dos partidos aliados do governo.

 

A acusação é de falta de ética. Ethos, palavra grega, quer dizer casa. Ética, derivada do grego, é o comportamento considerado correto pelos habitantes da casa.

 

Não surgiu, nestes tempos de escândalos estarrecedores, nada mais estarrecedor do que este processo disciplinar, pois ele revela a qualidade da ética da classe política burguesa. O processo disciplinar simplesmente evidencia que, na "casa" chamada "classe política", usar fundos públicos para financiar campanhas políticas não é considerado comportamento anti-ético. Anti-ético é revelar o desvio.

 

Na verdade, todo o mundo sabia disso. Roberto Jefferson, José Dirceu, Lula (na célebre entrevista dada em Paris) e, antes deles, Paulo César Farias e vários já haviam confessado, embora de forma velada, o que a alta cúpula do DEM, por meio da sua direção máxima, acaba de proclamar de modo tão absolutamente cristalino.

 

As declarações de seus líderes deixam claro que a indignação dos demos não é com o fato de repartições públicas, no governo tucano do Rio Grande do Sul, transferirem ilegalmente dinheiros públicos para os partidos aliados. Eles estão indignados é com a quebra da "convivência civilizada" que deve reinar entre os membros da classe política, como declarou um dos próceres do DEM, o senador Heráclito Fortes.

 

Outro DEM de alta plumagem, o senador José Agripino abordou a questão sob o ângulo da "forma como a denúncia foi feita" porque ela "destrói o componente fundamental da relação política que é a confiança".

 

O acusado respondeu com uma pergunta: "De que outra forma este submundo seria posto às claras?".

 

Feijó deve ser mesmo um grande ingênuo, porque não entendeu o "x" do problema - o que José Agripino está dizendo é que o submundo da política burguesa não pode ser posto às claras. Sim, porque a reação do povo poderá ser a mesma dos argentinos, que derrubaram três governos em um só mês com o slogan: "Que se vayan todos".

 

Infelizmente, isto não vai acontecer agora, porque não há opinião pública organizada no país. Por isso, a deterioração moral do "establishment" burguês, revelada de modo completo nesta fétida exposição de sua moral, não causará o terremoto político que deveria causar.

 

Infelizmente, nosso povo ainda está demasiadamente disperso e desorientado para tomar o destino do país em suas mãos.

 

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Comentários   

0 #4 Fernando 15-06-2008 22:42
Bom artigo, salvo a última frase: que história é essa de "povo disperso e desorientado para tomar o destino do país em suas mãos"? Que quer dizer com isso? Revolução? Por causa de um punhado de corruptos? Numa democracia isso se resolve com denuncia e processo judicial. Não precisa de nenhuma orientação suprema não, amigo.
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0 #3 Mudou a Sigla - sóLucrecia Anchieschi Gomes 14-06-2008 11:53
Pensam! Há sim, sociedade civil organizada o suficiente. Cuidem-se, pois a paciência tem limites!
Lucrecia Anchieschi Gomes
www.policidadania.org.br
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0 #2 O \"strip-tease\" do Brasil (em particulLuiz Paulo Santana 14-06-2008 10:53
Afirma o articulista que \"Infelizmente, nosso povo ainda está demasiadamente disperso e desorientado para tomar o destino do país em suas mãos.\"
Devo dizer, sem me aprofundar, que nós, o povo, estamos cultural e historicamente envolvidos até o pescoço no processo em que, como neste exemplo de caso, a ambiguidade, o paternalismo, a relativização, a dissimulação, a falsa moral, a deseducação e a falta de convicção são condicionantes profundas, a serem estirpadas (se isso for possível, se houver tempo hábil, se... se...) com muita luta, muita transparência, muita paciência e perseverança.
Nâo são aqueles, não é o \"outro\", os responsáveis excludentes; somos nós todos, frutos de longa, complexa e cada vez mais complicada história humana.
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0 #1 É tudo igualPaulo Miranda 14-06-2008 10:40
Chegamos a conclusão de que são todos iguais, e como se diz popularmente, todos eles calçam 40.
Exemplo, disso é o que aconteceu com o mensalão, dinheiro na cueca, etc,e o chefe deles diz não saber de nada. Foram denunciados os quarenta ladrões, só faltando o ali babá.
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