Correio da Cidadania

Um encontro que pode ser histórico

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O Encontro que reuniu centrais sindicais e movimentos populares combativos, neste domingo, 25 de março, em São Paulo, poderá ser um marco histórico importante de uma nova fase da luta popular.

           

Dependendo do seu resultado, algumas debilidades dessa luta poderão ser eliminadas e o movimento popular, na defensiva desde que FHC quebrou a espinha do sindicato dos petroleiros, há dez anos atrás, adquirirá condições para tomar iniciativas que signifiquem avanços.

           

Não há voluntarismo nisto. A luta do povo terá de continuar sendo uma luta de resistência por muito tempo, porque as forças da burguesia ainda são muito superiores às forças do povo. Mas não há quem consiga manter uma luta defensiva indefinidamente. É preciso sempre articular, ao lado da resistência, alguma perspectiva de avanço. Havendo realismo nessa articulação, é perfeitamente possível obter resultados positivos e iniciar um novo processo de acumulação de forças.

           

O Encontro é para eliminar algumas debilidades que impedem a retomada da iniciativa no campo popular.

           

Dentre as debilidades, talvez a principal delas seja a dispersão de esforços.

           

Ninguém pode acusar as centrais sindicais, as organizações populares, os partidos de esquerda de imobilismo. Todos têm, aliás, agendas bastante carregadas. Acontece que cada uma delas organiza a "sua" agenda e a cumpre isoladamente. Como nenhuma delas tem força suficiente para realizar grandes manifestações, o ano transcorre com dezenas de atos públicos que não têm o menor impacto nas políticas do governo e nas manobras da direita.  Se todos esses esforços forem conjugados em uma ou duas grandes manifestações de rua, que respondam, de fato, ao sentir da massa popular, provavelmente o número de participantes seria maior e, conseqüentemente, representaria uma pressão mais significativa sobre o sistema.

           

Outra importante debilidade a ser eliminada é a falta de diálogo entre as organizações populares. O avanço possível nesse plano seria a criação de um foro de consulta permanente para ouvir, conferir, trocar idéias. Isto forneceria elementos valiosos para cada qual ter uma visão geral da luta do povo e, desse modo, situar adequadamente o impacto dos movimentos da direita, tanto no setor em que entidade atua, como também em todo o campo popular.

           

Para ser realista, e tendo em vista que não se pode suprimir o passado de um só golpe, bastaria, neste momento, um compromisso de diálogo, sem compromisso de posicionamento. Superando-se essa primeira etapa, passos mais ousados poderiam ser cogitados.

           

O leitor terá notado que o verbo relativo às possibilidades do Encontro foi prudentemente colocado no condicional, a fim de indicar que se trata de uma oportunidade a ser ganha ou perdida. Tudo vai depender da percepção da necessidade de superar o espírito corporativo, pois, se dirigentes e bases sindicais não compreenderem que estão "condenados" a atuar conjuntamente, a classe operária será inexoravelmente massacrada pela ofensiva do capital.
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