Correio da Cidadania

Plataforma para enfrentar a crise

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Não há mais como negar a crise da economia mundial, nem há dúvidas maiores quanto à sua gravidade. Eric Hobsbawm, por exemplo, acredita tratar-se do fim de uma era.

 

Pensar que a crise não atingirá o Brasil, obviamente, raia ao delírio. O que se discute aqui é a magnitude do seu impacto em nossa economia e o tempo maior ou menor em que esse impacto atingirá a população.

 

Ninguém nunca sabe quanto tempo demora para que uma crise desse porte atinja seu ápice. A Bolsa de Nova York explodiu em 1929, mas o ápice da Grande Depressão verificou-se em 1933.

 

Não se pode dizer que nosso governo esteja desatento ao problema da crise. Apesar do discurso animador, providências estão sendo tomadas para socorrer bancos e empresas em dificuldade. O que não se viu até agora foram medidas de defesa da economia popular.

 

Urge, portanto, reunir as forças políticas de esquerda para construir uma plataforma de medidas destinadas a defender as camadas mais pobres dos efeitos da crise - um conjunto de políticas públicas que garantam alimentação, alojamento, transporte, aos que forem mais atingidos.

 

Medidas práticas e imediatas, tais como controle do câmbio; expansão do programa de compra antecipada de alimentos e da rede de restaurantes populares; congelamento dos aluguéis; aluguel social compulsório; transporte gratuito para pessoas pobres e outras semelhantes poderão evitar as catastróficas conseqüências do desemprego que inelutavelmente se seguirá à redução do ritmo de crescimento da economia. Pode-se pensar também na constituição de um fundo municipal para atenção aos mais necessitados com o dinheiro que as prefeituras enviam ao Tesouro Nacional para pagamento de suas dívidas. Tal fundo seria gerido por um conselho integrado por membros do setor público e representantes da sociedade civil, o que evitaria o uso político dos recursos.

 

Não se deve confundir essa plataforma com uma proposta alternativa à ruptura do regime capitalista. Estas são lutas que o povo brasileiro terá de travar em outro plano e com outros métodos. Diante de uma catástrofe iminente, trata-se unicamente de elencar medidas que os governos têm condições de aplicar com os recursos de que dispõem hoje, se fizerem alterações em seus orçamentos a fim de priorizar uma defesa - limitada, mas essencial - da economia popular.

 

A plataforma serve para articular, já em 2009, partidos, movimentos populares, igrejas, entidades da sociedade civil, em uma frente de defesa dessa economia - uma frente capaz de ir para as ruas, a fim de exigir que o Estado brasileiro, tão generoso com os bancos e as grandes empresas, tome medidas concretas para proteger, antes de tudo, o seu povo.

 

É o que tem feito o governo cubano. Quando se forma um furacão no Caribe, ele organiza a retirada da população dos lugares perigosos. Muitas vezes os furacões desviam-se para o oceano antes de atingir o país. Não importa. É por causa do cuidado do governo com a segurança do povo que, ao contrário do que acontece nos demais países da região, inclusive nos Estados Unidos, o número de baixas humanas na ilha de Fidel Castro é sempre nulo ou muito pequeno.

 

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