Correio da Cidadania

Estado Democrático ou Estado Policial?

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No Congresso que a Ordem dos Advogados do Brasil realizou a semana passada em Natal (RN), um conferencista recebeu a seguinte pergunta: "Dada a violência policial contra a população dos morros, favelas e bairros periféricos, no Rio e em São Paulo; e dada a barbárie com que são tratados os presos, pode-se considerar que vivemos em um Estado Policial Terrorista?".

 

A resposta do conferencista foi: "depende de que lugar você olha a realidade. Se for do lugar dos 30% de rendas mais elevadas, a resposta deve ser negativa; se for do lugar dos 70% de rendas mais baixas, forçoso é reconhecer a existência de vários estados policiais terroristas em nosso território".

 

Por exemplo: os trabalhadores que moram nas favelas, morros e periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo, quando saem para trabalhar, ficam sujeitos às leis do Estado brasileiro; quando voltam para casa estão submetidos à lei do bando que comanda o bairro, seja bandido, seja miliciano que vende proteção, seja ainda a tropa da polícia militar que atira a esmo e aterroriza a população com os "caveirões".

 

O fenômeno preocupante é a rápida multiplicação desses "bolsões" de estados policiais terroristas incrustrados em partes do nosso território: nas grandes cidades; nas regiões de fronteira; e até na crescente desenvoltura com que os policiais militares estaduais abusam da sua autoridade na repressão a movimentos populares ou no combate a bandos criminosos.

 

Na verdade, não poderia ser de outro modo em uma sociedade tirânica para 70% da sua população.

 

É urgente reunir as forças democráticas do país para deflagar um grande movimento nacional contra o avanço da barbárie. A OAB deu o primeiro toque de chamada. A resposta está com a CNBB, a ABI, os Colégios Profissionais, as Universidades, os movimentos sindicais e populares, os partidos democráticos.

 

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Comentários   

0 #1 Institucionalização da culpaRenato Alves 20-11-2008 09:30
Concordo com todo esse tipo de argumentação pois ele se respalda numa verdade incontestável. Os fatos evidencian a realidade. Porém, acho que a sociedade como um todo está adotando a mania de institucionalizar a culpa. Nossa cultura tem sido cada dia mais marcada pela omissão e transferência de responsabilidade. A violência, em grande parte, é reflexo do que somos, da forma como nos comportamos. E como nos comportamos é que é o problema. Devemos parar de jogar a culpabilidade aos outros. Será só as instiuições do Estado as responsáveis pela situação em que estamos nós, a sociedade? Será que se essa sociedade passasse a se responsabilizar pelo que se nega a ver, pela falta de coragem para enfrentar os problemas que no dia-a-dia ela, mesmo, retroalimenta. Penso que deveríamos parar um pouco para refletir sobre o que poderíamos fazer de concreto para mudar esse estado de coisa. Se negassémos o egoísmo, a irresponsabilidade que norteia o nosso comportamento ego-centrista, hipócrita, revanchista, prepotente, etc, etc. Quando assistimos um ato imoral, desonesto, covarde ou corrupto, o que fizemos, via de regra? Não vimos, não queremos nos incomodar e assim por diante. Quando temos a oportunidade de meter a mão nos cofres públicos, de modo gerl, não exitamos em fazê-lo. Na hora de elejermos os nossos representantes políticos, o nosso voto, geralmente é estimulado por conveniências em substituição a consciência. Afinal, de quem é mesmo a culpa, por quase tudo o que está aí? Será mesmo só das instituições que compões o Estado de Direito,ou é da própria sociedade desorganizada e inconsequênte como a nossa? Não está na hora de buscarmos uma saída sem negarmos, constantemente, a nossa responsabilidade? Qual é a saída?
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