Bronca na mídia
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- 07/05/2007
A reforma política está na pauta. Já se formou até um Fórum interpartidário para debater propostas e sugestões sobre as modificações que precisam ser feitas na legislação a fim de tornar o sistema democrático mais perfeito.
O grande risco do debate sobre o sistema político brasileiro é concentrar-se em fórmulas jurídicas e deixar de lado o exame do seu principal: o monopólio dos meios de comunicação de massas por meia dezena de grandes cadeias de televisão, rádios, jornais e revistas - todas a serviço do "establishment" burguês.
Tivemos um bom exemplo de como age esse monopólio nesta mesma semana: no dia primeiro de maio, na cidade de São Paulo, houve quatro concentrações de trabalhadores promovidas pelas centrais sindicais.
A Força Sindical reuniu quase dois milhões de pessoas num ato em que sorteou cinco apartamentos e dez automóveis entre os presentes e que custou à entidade a bagatela de três milhões de reais.
A CUT fez um showmício para trezentas mil pessoas, com a participação de Zeca Pagodinho e outros artistas de renome, gastando dois milhões e quinhentos mil reais.
O evento da CGT foi anunciado como tendo demandado setecentos mil reais, mas, após essa notícia, a grande imprensa ignorou-o.
As duas centrais de oposição ao governo Lula - a Intersindical e a Conlutas - associaram-se às organizações populares combativas - MST, Pastoral Operária, MTST e dezenas de outras - para fazer uma concentração. Gastaram dezoito mil reais, ofereceram unicamente discursos sobre a realidade brasileira e os problemas dos trabalhadores. Levaram 20 mil pessoas à Praça da Sé.
Pois bem, os dois maiores jornais de São Paulo - omitiram completamente essa concentração. Zero. Nem uma linha.
O que isto quer dizer?
Quer dizer que os milhões de leitores desses jornais simplesmente não ficaram sabendo: primeiro, que, pela primeira vez, desde a posse de Lula em 2003, os sindicatos e movimentos populares de oposição a Lula fizeram um ato conjunto; segundo, que o MST, até ontem numa posição de apoio ao presidente, não participou dos atos governistas, mas enviou representantes que falaram no ato da oposição; terceiro, que a unidade entre as centrais, os partidos de esquerda e os movimentos populares combativos possibilitou uma participação popular significativa; e finalmente, que já existe, no seio da massa popular, gente que está mais interessada em saber o que está se passando do que em concorrer a sorteios de prêmios ou divertir-se em showmício.
É negando informação sobre a realidade que a burguesia mantem-se no poder e é porque a burguesia nao larga o poder que os problemas do povo não são resolvidos.