Correio da Cidadania

Um sopro de esperança

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Ainda não é definitivo. Surpresas podem ocorrer. Mas a necessidade de agarrar-se a uma esperança é tão grande que não dá para esperar.

 

Depois de duas décadas de derrotas e apenas pequenas vitórias, finalmente o povo brasileiro teve uma vitória realmente importante: o Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria de votos, reconhecer o direito dos índios às suas terras ancestrais na região denominada Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, no estado de Roraima.

 

Não se sabe com que motivos, um ministro pediu vista do processo e o presidente do Tribunal a concedeu – o que joga para o ano que vem a decisão final. Como há possibilidade de modificação dos votos já dados, não se deve paralisar a mobilização popular em torno da causa. Tudo indica, porém, que não haverá mudança, de modo que dá para comemorar agora.

 

Por que se trata de uma grande vitória? Primeiro porque se faz justiça ao povo, o que é muito raro neste país; segundo, porque a decisão contraria poderosos interesses econômicos e políticos e reivindica o império da Constituição, o que também é muito raro; terceiro, porque demonstra a importância da mobilização da opinião pública em favor das causas justas.

 

De parabéns estão, antes de mais nada, as etnias que não aceitaram a injustiça e perseverantemente lutaram pelos seus direitos. Mas cabem cumprimentos também ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e às demais entidades indigenistas que se empenharam na defesa dos direitos dos índios. Seria injusto excluir o ministro Ayres Britto dessa lista de vencedores. A fundamentação do seu voto é um marco na historia da luta para fazer valer o Estado Democrático de Direito.

 

O que se espera da vitória obtida? Espera-se que o exemplo da luta dos indígenas de Roraima reacenda nos movimentos populares que estão lutando pela reforma agrária, pela reforma urbana, pelo respeito aos direitos humanos, pelos direitos trabalhistas, pela preservação da natureza e tantas outras causas justas, o ânimo de perseverar, de não abrir mão de direitos em troca de pequenas concessões dos poderosos, de organizar-se para a guerra prolongada.

 

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