Correio da Cidadania

Da importância de resistir

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Há uma distância tão grande entre o grau de consciência das grandes massas populares e a revolução socialista que se compreende porque muitos preferem trocar a proposta revolucionária por sucedâneos aparentemente mais à mão.

 

 

Não vai nisso qualquer insinuação de oportunismo. Pode-se perfeitamente adotar essa alternativa com a melhor das intenções.

 

 

A crítica vai por outro lado: objetivamente ela é mais inviável do que a proposta radical. E pior: na remota hipótese de que fosse viável, seria frustrante, porque as reformas no capitalismo não resolvem nenhum dos problemas que seus sinceros proponentes se propõem a resolver.

 

 

A melhor saída para o dilema em que se encontram os socialistas do mundo inteiro na conjuntura tão adversa que estão vivendo parece ser a que Gilio Pontecorvo formulou a partir de um diálogo do personagem José Dolores – o líder negro de uma rebelião de escravos destroçada pelas tropas inglesas em uma ilha das Antilhas - no seu extraordinário filme: "Queimada".

 

 

Ao ser conduzido por um soldado (visivelmente perturbado por estar conduzindo uma pessoa da sua raça para o quartel onde seria enforcado), José Dolores explicou-lhe, pacientemente, por que era necessário que ele morresse, a fim de que a revolução continuasse. No final, perguntou: "Você entendeu?". O perplexo condutor respondeu: "Não". E José Dolores disse-lhe com um sorriso triste: "Você irá entender porque hoje começou a pensar nisso".

 

 

O diálogo traça um programa para os socialistas contemporâneos em conjuntura tão adversa: a preocupação principal nos dias de hoje não é ser entendido pela grande massa popular (porque não serão mesmo), mas expor a proposta na sua inteireza e afiançá-la com seu exemplo.

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