É a mídia imparcial?
- Detalhes
- Andrea
- 26/02/2009
Quando os Promotores de Justiça oferecem denúncia contra uma determinada pessoa, eles não dispõem, na maioria dos casos, de prova cabal da culpabilidade do denunciado. Bastam indícios, para que o juiz acolha a denúncia.
Para abrir inquérito policial, o Delegado não necessita mais do que a "notícia do crime", que pode ser uma simples frase estampada em algum jornal.
Por isso causa estranheza a manchete da reportagem sobre a denúncia de corrupção no governo do Rio Grande do Sul, feita para deputada Luciana Genro (Folha de S. Paulo, 6ª feira, 20 de fevereiro, pág. A4). Com letras garrafais na manchete, na foto da deputada, e na primeira linha do texto, o jornal estampou a expressão: "Sem provas".
Na linguagem comum – todos sabem – a expressão "sem provas" sugere a acusação irresponsável, caluniosa, inconseqüente.
Ora, a Folha publica, praticamente todos os dias, denúncias de corrupção, sem tanta ênfase no fato de que os denunciantes não oferecem provas. Parece razoável supor, diante disso, uma intenção de estigmatizar o PSOL – único partido com representação no Congresso que faz oposição ideológica ao governo. Em outras palavras: o único partido que propõe medidas fora do âmbito das políticas neoliberais para solucionar os problemas do povo.
Este viés não é só da Folha de S. Paulo. Todos os grandes jornais do país fazem o mesmo. A mais perfunctória pesquisa mostrará que todos eles, ardilosamente, procuram apresentar os partidos verdadeiramente de esquerda como sectários, irresponsáveis, despreparados para entender a complexidade dos problemas nacionais.
O ardil consiste na aplicação de técnicas da propaganda subliminar em pequenos detalhes do tipo deste que agora comentamos: manchetes negativas que não correspondem exatamente ao conteúdo da reportagem, fotos constrangedoras, ressalvas – e mais uma série de truques destinados a indispor o público contra o alvo do ataque.
O autoproclamado mito da imparcialidade, objetividade e independência da mídia brasileira precisa ser denunciado. Os oito grandes grupos de comunicação social que monopolizam o setor nada têm de independentes. Na verdade, negociam seu poder de chantagem em troca da publicidade dos grandes anunciantes privados ou estatais.
O fato de que, freqüentemente, denunciem setores do governo ou grandes firmas por prática de falcatruas não lhes dá alvará de imparcialidade, porque, na maioria desses casos, estão atuando em favor de uma outra facção na feroz disputa de poder que se trava no interior da burguesia.
Para voltar à agenda política, os partidos de esquerda precisam encontrar algum antídoto eficiente contra os efeitos deletérios do ataque ideológico da mídia burguesa.
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Comentários
Ps: Ao inves de 20 de abril, não seria 20 de fevereiro, ou seja sexta feira passada.
Hélio Mendes Cazuquel, Presidente da FUNDAÇÃO IDH.
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