A quelque chose malheur est bon
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- Andrea
- 12/08/2009
O deprimente bate boca entre os senadores teve pelo menos o mérito de trazer à tona o problema da necessidade ou não da existência do senado.
Esta custosíssima instituição não cumpre na verdade nenhuma função positiva na vida nacional. Sua atuação resume-se em frear toda e qualquer iniciativa progressista que porventura surja na Câmara de Deputados (é raro, mas às vezes, surge). Trata-se, portanto, de uma instituição reacionária.
O senado é uma invenção estadunidense. Está ligado à própria formação daquela nação – um acordo entre estados dotados de ampla autonomia, cada qual com uma burguesia próspera e ciente de sua liberdade.
Lá, portanto, a instituição tem sentido. Cumpre uma função relevante e é assim reconhecida por toda a população.
A nação brasileira não surgiu da união entre estados constituídos e dotados de vida própria. Pelo contrario, aqui foi a nação que criou os estados, a partir de capitanias hereditárias, das quais surgiram oligarquias que nada tinham (nem têm atualmente) de burguesias, mas tão somente de uma capa rentista que explorava um território doado pelo Rei - características estas que não se modificaram com o advento da República.
Nesse contexto, o senado é – e sempre foi – uma instituição postiça, sem um lugar legítimo na constituição do Estado brasileiro.
O argumento de que o senado assegura a equalização do peso dos estados e, portanto, opera como um instrumento importante para evitar que os estados populosos explorem os menos populosos não passa de um pretexto para perpetuar a presença das oligarquias das regiões mais atrasadas do país no cenário político. Isto apenas distorce todo o processo decisório e, como a experiência dos seus 167 anos de existência indica, bloqueia o avanço econômico, social, e político da nação.
Não há necessidade de senado algum para defender os interesses legítimos dos estados menos populosos. Várias fórmulas, como o Conselho Federativo proposto pela professora Dinorá Grotti, ou outras mencionadas na literatura jurídica, podem muito bem dar conta da tarefa, sem o enorme gasto que o senado representa.
Na verdade, basta uma comissão permanente para cumprir perfeitamente a função. Se a revelação das fraudes cometidas pelos senadores levar à extinção do órgão, podemos dizer, como os franceses, "a quelque chose malheur est bon".
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Comentários
abraços..
Penso não haver deixado sequer entrever que, na minha opinião, só os estados do nordeste elegem senadores corruptos. De jeito algum: os senadores dos estados do sul são até piores, porque mais entrosados com os grandes interesses financeiros que sugam o nosso dinheiro.
Muito obrigado pelas suas obsevações.
Plinio
agora, de fato, não há como extinguir essa inutilidade. Mas discutindo o assunto vamos conseguir o apoio de que necessitamos para esse fim.
Um abraço, Plinio
em nome da redação do Correio, agradeço seus cumprimentos. Muito obrigado também por suas judiciosas obsrvações.
Um abraço, Plinio
Se tivessemos força para conseguir uma abstenção expressiva, sem dúvida, sua sugestão seria correta. Quem sabe, na etapa final de uma luta contra a dominação burguesa, seja possível adotar este tipo de tática.
Muito obrigado pelos seus comentários.
Plinio
Sem dúvida, enquanto a correlação de forças for a atual, não há como extinguir o Senado. Mas, para conseguir uma correlação de forças favorável,é indispensável demonstrar a inutilidade da instituição.
Muito obrigado pelos seus comentários.
Plinio
Se não pudermos extinguir pela força de nossa vontade, transformada em Lei, podemos fazê-lo pela força de nossa vontade transformada em voto NULO.
Quanto ao fato de que só os Estados Nordestinos elegem senadores corruptos, gostaria de lembrar a todos que Sarney se elegeu e deu a "volta por cima" na denúncia dos escandalos com os votos de TODOS os Senadores. Não me consta que Paulo Duque, Eduardo Suplicy, Aluisio Mercadante e cia. sejam nordestinos. Vamos deixar o preconceito de fora, e olhar melhor nossos umbigos e opções políticas. Esqueceram Yeda Cruzzi, Paulo Maluf, Pitta, Nilton Cardoso, Eduardo Azeredo, etc, etc, etc.
Se o Nordeste é atrasado a culpa é da República, quem se acumpliciou com Sarney para mante-lo no Senado e, na Presidência foram representantes de todo o Brasil.
Quem elegeu em 2009 Roseana Sarney, governadora do Maranhão, foram os Ministros do TSE. Quem manteve Roseana Sarney no governo do MA em 1994 foram os ministros do TSE que não permitiram a recontagem de seus inexistentes votos.
E, aí, COMPANHEIROS??????
Vamos refazer o raciocínio? Porque estamos juntos no embate para a extinção do Senado Federal.
Amanhã, dia 15.08, às 15.00 horas a população de São Luís estará promovendo o seu 4º. "FORA SARNEY"
Abraços calorosos nordestinos.
Parabéns.
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