Menos hipocrisia e mais solidariedade
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- Andrea
- 09/03/2010
O suicídio do dissidente cubano causou, sem dúvida, estragos na esquerda de todo o mundo. Não se entende como uma proposta socialista, voltada a proporcionar a todos uma vida de respeito, liberdade e conforto, veja-se diante de uma contestação tão radical como a do homem que entregou conscientemente sua vida para protestar contra a falta de liberdade.
O mal estar é maior ainda diante da evidência de que a derrocada do regime soviético deu-se precisamente pela sua incapacidade de conjugar igualdade com liberdade.
É fácil condenar Cuba por falta de liberdade política. De fato, o regime cubano reprime dissidentes políticos. Contudo, para não cair na hipocrisia, é preciso examinar atentamente a causa dessa repressão.
Estando a cento e poucos quilômetros do seu inimigo jurado – a maior potência militar do planeta –, sofrendo há mais de quarenta anos um bloqueio econômico absolutamente cruel, e vendo, em Miami, um exército de cubanos exilados ensandecidos e permanentemente mobilizados para invadir o território do país, obviamente o regime cubano não pode se permitir o luxo de abrir o regime de uma vez. Se o fizer, provocará um verdadeiro banho de sangue, pois nem a mais ingênua das pessoas acredita que, havendo uma fresta, os Estados Unidos deixarão de desembarcar seus "mariners" na costa cubana em menos de vinte e quatro horas.
A tragédia cubana consiste unicamente nisto: não pode haver sequer uma fresta de liberdade política porque os Estados Unidos não permitem.
Ora, todos sabemos que só existe ato moral quando o sujeito pode optar entre alternativas. Não havendo alternativas, não pode haver ato moral, mas apenas ato de necessidade. O governo cubano está agindo em estado de necessidade.
Quem deseja, de fato, que haja plena liberdade política em Cuba precisa deixar a hipocrisia de lado e colocar-se ativamente ao lado daqueles que pressionam o governo norte americano para levantar o bloqueio contra a população da ilha. O resto é pura guerra ideológica.
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