Correio da Cidadania

Quem fiscaliza o fiscal?

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Os jornais noticiam que os membros do Conselho Superior da Magistratura estão reivindicando carros oficiais e redução da quarentena legal para volta às atividades

profissionais habituais.

 

É o começo... Logo reivindicarão outras mordomias. Em seguida começarão a vir os problemas e finalmente teremos o caso de conselheiros envolvidos em falcatruas. Será inevitável. O ser humano está sujeito à corrupção e todo coletivo, seja qual for, não está imune à corrupção de alguns de seus membros.

 

A reivindicação dos conselheiros evidencia o equívoco da solução encontrada na Constituinte para a fiscalização do desempenho funcional dos juízes e promotores.

Naquela assembléia, a matéria foi objeto de debate entre três posições distintas: a da magistratura, que não queria nenhuma fiscalização externa sob o argumento de que os tribunais têm órgãos de fiscalização de seus membros; a da OAB, que queria porque queria um conselho fiscalizador no qual representantes dos advogados tivessem assento; e a do Relator do Capítulo do Poder Judiciário, que optava pela fiscalização pelo Legislativo.

 

Venceu a tese da OAB e o resultado está aí. O Conselho não tem espírito corporativo como o Conselho Superior da Magistratura, integrado somente por magistrados, mas tem espírito de classe: todos os que nele têm assento e todos os que serão fiscalizados são membros da classe dominante e isto pesa nas decisões tanto quanto a pertença a uma corporação.

 

A tese do Relator era a seguinte: todos os anos, os Presidentes de Tribunais teriam que se apresentar no Poder Legislativo, munidos de um Relatório do desempenho do Poder Judiciário, a fim de se submeterem a audiências públicas sobre o mesmo.

 

Além dos deputados da Comissão Especial de Avaliação do Judiciário, qualquer pessoa do povo poderia comparecer às audiências, a fim de apresentar queixas à atuação de um magistrado.

 

O Presidente do Tribunal não precisava responder às perguntas dos parlamentares nem contestar as queixas. Bastava ouvi-las. A publicidade seria o grande fiscal. Como seria possível voltar para o Tribunal e não fazer nada, após ouvir denúncias públicas de mau comportamento dos juízes?

 

De acordo com o texto do Relator, um deputado só poderia fazer parte da Comissão de Avaliação uma única vez. Evitava-se desse modo que um deputado passasse a ter influência na magistratura.

 

O poderoso "lobby" dos advogados derrotou a proposta do Relator. Convém, contudo, relembrá-la, hoje, no momento em que a imprensa publica o primeiro fato que ele previu, a fim de que ela possa ser discutida, quando surgir um escândalo grosso e for imperiosa sua substituição.

 

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Comentários   

0 #6 Plinio Sampaio 09-05-2010 14:52
Prezado Riberto,
concordo plenamente.
Abraço, Plinio
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0 #5 PlinioSampaio 05-05-2010 11:02
Prezado João,
Seus comentários são perfeitamemente pertinentes.
Abraço, Plinio
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0 #4 Crime economicoRiberto 04-05-2010 19:42
E enquanto isso acontece, os servidores do judiciario paulista, atrás apenas da reposição dos valores confiscados pela inflação aos seus vencimentos, se encontram em greve sem qualquer respaldo da grande imprensa , sabidamente patrocinada. E isso no estado mais rico da nação. Aqui em São Paulo temos em Poder Executivo escroque desde o advento tucano, um Poder Legislativo sempre desfrutável e um Poder (?) Judiciário incansavelmente conivente com os anteriores. Além do fato de se tratar de uma instituição que se conformou em funcionar como mera secretaria do Executivo, fazendo o papel pusilânime do eterno caloteiro. Precisamos da atenção de voces ao nosso movimento. Exigimos apenas o cumprimento da lei ...
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0 #3 concordo 03-05-2010 16:53
Prezado Gallo
Enquanto não se convencerem de que o fiscal da autoridade é o povo e enquanto o povo não decidir exercer essa fiscalização, estaremos sujeitos a esses e outros vexames piores. Abraço, Plinio.
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0 #2 Crime econômicoJoão Coimbra 29-04-2010 20:56
A fiscalização, as autoridades, as leis e a justiça só servem para legalizar o assalto a riqueza nacional, a apropriação indevida, usada para financiar festas e comemorações dos ricos, em louvor a esse estado que criminaliza os movimentos sociais desafiadores dessa ordem injusta.
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0 #1 Quem fiscaliza quem????Gallo 26-04-2010 20:31
Infelizmente vemos um filme novamente (repeteco) de tantos e tantos casos de instituições burlando as leis e crinado brechas para beneficiar grupos de interesse corporativos. Agora vemos os representantes da Justiça novamente envolvidos nessa polemica, todos sabiam que hora ou outra isso iria acontecer. Mas, como neste País, todos os poderes constituidos pensam que estão acima da lei, certamente sairão vitoriosos, pois as trocas de favores entre os poderes passa por cima da lei e dos interesses do povo e da Nação. Vamso assistir mais um filme macabro, tipo Hitchicock...Deus nos livre e guarde dessas figuras...
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