Retrospectiva 2010
- Detalhes
- Andrea
- 22/12/2010
Fim de ano e como sempre: retrospectiva; pausa para o Natal; prospectiva.
Comecemos pela primeira.
O ano foi marcado pela eleição presidencial. Uma eleição de resultado anunciado, que teve uma única pequena surpresa quando não foi despachada já no primeiro turno.
A vitória de Dilma consagrou Lula como uma liderança sem rivais à vista - um líder populista que comandará a política brasileira por muitos anos.
A melhor palavra para definir o resultado do pleito parece ser: exaustão da esperança.
O povo não votou em Dilma por acreditar que ela possa resolver os seus problemas, mas porque se conformou em obter apenas pequenas quireras que sobram da mesa da burguesia. Votou na candidatura menos ruim: ruim com Lula, pior sem ele.
Esse povo acreditou na promessa das Diretas já e decepcionou-se: os militares voltaram aos quartéis, mas a promessa de que isto significaria melhoria de sua vida não deu em nada. Voltou a acreditar na Constituinte e para lá foi, em massa, fazendo lobby pelas suas reivindicações. Resultado? Zero. Restava Lula. Apoiou-o com um entusiasmo enorme e novamente nada.
Conclusão: já que não dá para resolver mesmo, conformemo-nos com as pequenas melhorias que Lula nos deu.
Contribuíram também para o resultado: a bonomia do Lula, sua origem popular, a "cultura" do favor e o medo da fome.
Para a maioria do povo pobre, Lula deu (a expressão é essa mesmo) o Bolsa Família – um favor que, eticamente, requer retribuição.
Num país no qual mais da metade da população passa fome em alguns dias do ano, a existência do Bolsa Família é uma garantia. Lula foi hábil em fazer crer que só Dilma seria capaz de manter o programa.
Que dizer da oposição?
Serra e Marina não têm divergências de fundo com a política de Lula. Trata-se apenas de uma disputa de facções, interessadas exclusivamente no acesso ao botim.
Serra pagou as maldades que alicerçaram sua candidatura: foi traído pelo seu próprio partido. Na campanha, não disse nada – um discurso burocrático, descolorido. Cometeu, além disso, erros imperdoáveis para um político indiscutivelmente capaz e preparado.
Marina é uma oportunista que viu uma brecha e entrou por ela. Sua excelente votação explica-se, por um lado, pela enorme cobertura de imprensa (patrocinada por Serra, interessado em reduzir os votos de Dilma) e pelos vultosos recursos da sua campanha; por outro lado, pela existência de um setor da população que, temeroso do conflito, prefere o discurso anódino.
A esquerda não conseguiu marchar unida, mas o PSOL afirmou-se como uma força do grupo. O motivo principal disso foi o discurso claro, ideológico, socialista.
O objetivo da campanha, marcar posição, foi inteiramente cumprido e a repercussão disso na juventude abre uma larga perspectiva de apoio político e eleitoral.
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