Correio da Cidadania

Protestos justos e indispensáveis

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Em dezessete grandes cidades do país as prefeituras decretaram aumentos superiores a 10% no preço das passagens de ônibus. Outras tantas municipalidades anunciaram aumentos para os próximos dias.

 

Isto representa pesado ônus para a população pobre, pois o transporte constitui um dos maiores itens do orçamento dessa categoria de pessoas.

 

Enquanto isso, o governo federal recusa-se a aumentar o salário mínimo a mais de 5%, quando se sabe que a inflação não é a mesma para todas as categorias de pessoas. Um aumento de 10% na passagem de ônibus não afeta os que utilizam automóvel, mas atinge duramente as pessoas mais pobres.

 

Portanto, o descompasso evidente entre o ajuste do preço das passagens e o ajuste do salário mínimo explica a onda de protestos, marchas e ocupações de prédios, organizada especialmente pela juventude.

 

É preciso apoiar essas iniciativas, porque, se o povo não se defende, maior será o grau da exploração que sofre.

 

As prefeituras alegam a necessidade de conceder os aumentos, a fim de assegurar a qualidade dos serviços – argumento falho, pois todos conhecemos a péssima qualidade do transporte urbano.

 

Evidentemente, se se provar que o aumento de cerca de 10% é indispensável para evitar um colapso no serviço, não há como negá-lo. Mas, em tal caso, um governo sensível às necessidades da população pobre terá a obrigação de conceder aumento do salário mínimo igual ao do aumento do transporte.

 

Fora daí, essa população terá de sacrificar outros gastos indispensáveis ao seu padrão de vida – que já é tão baixo – para poder pagar o transporte de casa ao trabalho e do trabalho para casa.

 

Tudo isto faz parte do drama, ou da tragédia, da desigualdade social. Todos são iguais, proclama a lei burguesa. Todos podem freqüentar os parques públicos, todos podem ir ao cinema, todos podem comer em restaurantes, mas de que vale essa igualdade se o pobre não tem dinheiro sequer para pagar a passagem do ônibus?

 

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Comentários   

0 #5 Remindo SauimDiego 15-02-2011 15:55
Como a maioria dos trabalhadores não paga passagem?! Recebemos vale transporte - descontado 6% do nosso dinheiro, o que acho absurdo - para os dias de trabalho. Que eu saiba temos direito a lazer, saúde, etc. Eu não pego ônibus só para trabalhar! Também temos direito de ir e vir nos finais de semana e às noites. Só me entristece a quase nenhuma participação da população nas manifestações contra o aumento das passagens de ônibus...
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0 #4 AumentosRemindo Sauim 15-02-2011 12:31
Só acho que a maioria dos trabalhadores não paga a passagem, recebem vale transporte. Mas também acho que a Dilma podia fazer uma homenagem ao falecido Serra e aprovar o salário mínimo de 600 reais.
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0 #3 Corrupção...Rodrigo 13-02-2011 00:42
Outro fato além de todos já citados é: “Porque as prefeituras são tão solicitas as necessidades das empresas de ônibus?”.
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0 #2 AbsurdoCarmen Silvia Costa de Figueir 08-02-2011 02:40
Gostei do artigo e dou meu total apoio a qualquer manifestação contra este aumento abusivo das passagens de ônibus, diga-se de passagem e sem trocadilho, o meio de transporte usado pela população agraciada pelo govêrno com este aumento mixo do salário minimo. Este é realmente o país dos contrastes.
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0 #1 PassagemDiego 07-02-2011 13:30
Só discordo de um ponto do autor do texto, pois este esqueceu que ter um carro não é algo necessário, uma rota da qual não se pode fugir para quem tem um salário que permitira a aquisição de um automóvel. É possível optar por não ter um veículo particular e usar o transporte coletivo por questões ambientais ou outras.

De fato esse aumento da passagem atinge as populações com renda menor de forma mais impactante. E é absurdo o preço das passagens de ônibus no Brasil, inclusive as variações entre Estados. Enquanto em Porto Alegre as linhas de Ônibus não circulam de madrugada - afetando o direito de ir e vir de quem não tem carro - e mesmo algumas não circulam no domingo, outras sábados depois de certos horários esdrúxulos como 20h. Os trajetos são curtos e mesmo assim a tarifa é maior do que no Rio de Janeiro, por exemplo, onde diversas linhas circulam 24h em trajetos que cortam a cidade inteira.

Em Buenos Aires uma passagem de ônibus custa AR$ 1,10, há linhas circulando 24h (ainda que precariamente) e o salário mínimo esta em cerca de AR$ 900/1000. Além disso, os motoristas lá são muito mais bem pagos e os portenhos tem à disposição um serviço de metrô mais abrangente (embora ainda devesse melhorar) do que qualquer cidade brasileira. Por que lá é possível?

Só falta a prefeitura de porto alegre aprovar o aumento da tarifa para R$ 2,81, como solicitado pela empresa monopolista. Os portoalegrenses vão pagar uma das maiores passagens do Brasil para um serviço que não atende à população à noite e nos finais de semana, além de ter um sistema de disposição de linhas que quase obriga os cidadãos a pegar dois Ônibus por deslocamento, se este não for ao centro!

Mais do que protestar contra o aumento da passagem, temos que protestar para o aumento do incentivo ao transporte coletivo, desenvolvimento destes com meios mais baratos e/ou menos poluentes, além de mais seguros, já que as mortes provocadas pelo trânsito no mundo são gigantescas.

Enquanto isso o governo só incentiva o uso de transportes particulares. O aumento da passagem é um desses incentivos...

Só destaquei o primeiro ponto porque sou contra o uso exagerado dos transportes particulares em detrimento do coletivo. No mais, concordo com o texto todo. É deprimente tanto o pífio aumento do salário mínimo, principalmente com o gigantesco aumento das passagens de ônibus.
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