Correio da Cidadania

Uma Quinta Internacional?

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Samir Amin conclui um inspirado artigo sobre a crise do socialismo com esta pergunta provocadora: "Terá chegado a hora de formar a Quinta Internacional"?

 

Após duas décadas de sucessivas derrotas em todo o mundo, os partidos socialistas, em contraste flagrante com sua posição influente no passado, estão reduzidos a agremiações muito pequenas, sem nenhuma influência na vida política dos países.

 

Não foi uma situação semelhante a que deu origem à Primeira Internacional? Nessa época, todos temos conhecimento, "um fantasma rondava a Europa".

 

A Segunda, porém, surgiu no meio de uma grande crise, quando o operariado europeu recusou-se a boicotar a guerra dos burgueses e alistou-se entusiasmadamente nas tropas de suas respectivas nações.

 

A Terceira veio num momento de vitória, mas de grandes tensões provocadas pela reação dos países burgueses à Revolução Russa.

 

A Quarta acontece novamente numa hora de derrota, quando a proposta generosa do socialismo é submetida ao tacão do ditador e Trotsky, derrotado e desarmado, vê-se obrigado a deixar a Rússia.

 

Conclusão?

 

Internacionais formam-se em situações de vitória e de derrota, indistintamente.

 

Por que ela é necessária agora?

 

Porque sendo a crise sistêmica do capitalismo um fenômeno planetário, todo o regime está vulnerável em qualquer parte do mundo. Um ataque articulado mundialmente tem grandes chances de obter resultados positivos

 

A necessidade de criar a Quinta Internacional não quer dizer que obstáculos de monta deixem de dificultar a empreitada.

 

Deles, o maior é o estado de espírito da massa popular. Após duas décadas de derrotas, esta preferiu conformar-se com sua situação a correr riscos na tentativa de revertê-la.

 

Contudo, nestes últimos dias estamos vendo uma rápida alteração desse derrotismo paralisante. Nos países do norte da África, multidões indignadas estão depondo seus governantes e nos países ricos da Europa trabalhadores tomam as ruas e enfrentam a polícia em protestos contra o regime.

 

Na falta de partidos socialistas ativos e preparados para dirigir essa enorme energia contra alvos certos, o mais provável é que as agitações dêem lugar a regimes ainda mais repressivos do que os que a massa popular está combatendo.

 

Para identificar corretamente esses alvos, os partidos socialistas precisam de visão global e direção centralizada.

 

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Comentários   

0 #2 O FSM está falidoJorge Quintino 02-03-2011 08:51
Concordo que não podemos nos prender ao velho partido duro e burocratizado, ao estilo dos PCs europeus. O que não significa, também, que devemos rejeitar tudo o que já aprendemos ou nos apegar a velhas fórmulas fracassadas com uma fraseologia inovadora.

O FSM já nasceu fracassado. Ele nunca se propôs a ser mais do que uma "troca de experiências", nunca se propôs a organizar de fato uma luta. Medo típico de seus financiadores que, sabem bem, tem o rabo preso. Se criarem espaços de REAL discussão e formulação política, as armas do povo se voltarão contra eles também, aliados que são dos que exploravam o povo. Acabou, como era previsível, aparelhado por ONGS que, no fundo, pregam uma visão liberal e são absolutamente dependentes do Estado e de partidos reformistas (estes, cada vez mais liberais). Basta ver como o PT aparelha completamente o FSM no Brasil.

Se é pra ter a quinta, que tenha outro nome. A Quarta Internacional, na prática, não existiu e, para mim, constituiu o principal erro teórico e prático do grande revolucionário Leon Trotsky.

De qualquer modo, acho que é interessante criar espaços internacionais de articulação da esquerda, quiçá uma internacional. Mas pensar em direção centralizada internacionalmente agora é um devaneio megalomaníaco. Não conseguimos uma direção centralizada nem para o nosso movimento no Brasil e na maioria dos países. E não estou nem falando do movimento operário ou da esquerda como um todo (desde sempre dividida entre reforma e revolução), apenas do campo revolucionário.

ps. alguém poderia me indicar qual é o artigo do Samir Amin e onde foi publicado?
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0 #1 Experimentar outras alternativasJoaquim Pinheiro 25-02-2011 07:55
É importante incluir outras alternativas organizativas para a classe trabalhadora que não os partidos clássicos ou até mesmo a própria ideia de partido. Acho que ficar pensando que será o partido o condutor das massas é ficar preso ao saudosismo de um tempo muito diferente do atual, muito impactado na sua forma de ser pelas mudanças que o capitalismo impôs nas sociabilidades nas últimas décadas. Com todos os limites, a concepção e a metodologia do Fórum Social Mundial tem mostrado um importante experimento prática das resistências e alternativas contemporâneas.
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