Correio da Cidadania

A falta do timoneiro

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O embate pela aprovação do Código Florestal abriu a primeira fresta para o desvendamento da capacidade política da presidenta Dilma.

 

Como sempre acontece, projetos deste tipo tendem a provocar grandes divisões no Congresso, porque afetam interesses de grandes potências econômicas.

 

No caso em espécie, o conflito de interesses entre os parlamentares favoráveis e contrários ao voto do relator Aldo Rebelo atingiu a própria base do governo, a ponto de termos assistido a uma ácida discussão sobre a matéria, no Plenário do Congresso, entre duas figuras-chave no esquema governista: o líder do governo, deputado Cândido Vacarezza, e o líder do PT, deputado Paulo Teixeira.

 

Aldo cedeu às pressões do agronegócio para tornar anódina a lei. Veja-se, por exemplo, a norma relativa à proibição de desmatamento de vegetação até 30 metros das margens dos cursos d’água: por pressão do agronegócio, Aldo aceitou reduzir essa distância para quinze metros, o que significa reduzir pela metade a área de proteção necessária à preservação dos mananciais.

 

Paulo Teixeira, um dos petistas que ainda não se entregou à direita, protestou violentamente contra essa capitulação e ambos - falando da tribuna - trocaram duras palavras.

 

No tempo de Lula, isso não acontecia, pois ele tinha autoridade o bastante para impedir que tal tipo de conflitos ultrapassasse o âmbito interno do partido.

 

Com Dilma, foi diferente. Ela evidentemente não conseguiu impedir o vazamento. Em outras palavras: o episódio permite supor que a presidenta não tenha força suficiente para manter a disciplina entre as forças integrantes do seu governo.

 

Note-se que isto aconteceu na discussão sobre um projeto que não chega a ser uma decisão crucial para o governo. Não por se tratar de matéria irrelevante, mas porque, infelizmente, a população não lhe atribui a importância devida.

 

Fica, portanto, a dúvida: o que poderá acontecer quando o desencontro referir-se a uma questão em relação à qual a opinião pública esteja dividida apaixonadamente?

 

Devemos a Lula essa insegurança a respeito dos rumos do governo, pois decorre da candidata que ele impôs ao partido: Dilma não tem experiência política suficiente para o exercício da Presidência da República e é, ademais, uma ilustre desconhecida dentro de seu próprio partido.

 

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Comentários   

0 #3 Falando sérioCarmen Figueiredo 08-06-2011 19:01
Não acho que o governo está sem timoneiro, muito pelo contrário tem uma timoneira de muita competência política. Ela é ela e Lula é Lula. Na hora certa ela dará resposta a estes midiatico que só criticam e em nada ajudam. Tentam disarticular o governo com artigo como esse, mas não vai adiantar, pois, ela não se deixará intimidar.
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0 #2 Pedro 29-05-2011 11:25
Impressionante... o final do editorial é da mesma eastirpe das afirmaçõeas do PSDB. Triste sina da esquerda que faz palanque para a direita e ainda criticam o PT.
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0 #1 Partidos.Rodrigo Almeida Noronha 19-05-2011 12:56
Cansado de fofocas palacianas e de todo esse desmantelo no PARTIDO DOS TRABALHADORES - PT evidencio que o debate no partido é muito importante independente de onde seja feito e da tônica que venha a assumir. Evidentemente que estão debatendo teses a respeito de um Código que se quer é respeitado...que precisa ser alterado evidentemente projetando e admitindo a pouqíssima relevância prática de tais Leis frente ao impacto gerado pelos negócios agropecuários. Admitindo que as circunstâncias são extremamente desfavoraveis para quem tem a ousadia e a coragem de lutar por um mundo melhor despeço-me com minhas cordiais saudações socialistas.
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