A falta do timoneiro
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- 17/05/2011
O embate pela aprovação do Código Florestal abriu a primeira fresta para o desvendamento da capacidade política da presidenta Dilma.
Como sempre acontece, projetos deste tipo tendem a provocar grandes divisões no Congresso, porque afetam interesses de grandes potências econômicas.
No caso em espécie, o conflito de interesses entre os parlamentares favoráveis e contrários ao voto do relator Aldo Rebelo atingiu a própria base do governo, a ponto de termos assistido a uma ácida discussão sobre a matéria, no Plenário do Congresso, entre duas figuras-chave no esquema governista: o líder do governo, deputado Cândido Vacarezza, e o líder do PT, deputado Paulo Teixeira.
Aldo cedeu às pressões do agronegócio para tornar anódina a lei. Veja-se, por exemplo, a norma relativa à proibição de desmatamento de vegetação até 30 metros das margens dos cursos d’água: por pressão do agronegócio, Aldo aceitou reduzir essa distância para quinze metros, o que significa reduzir pela metade a área de proteção necessária à preservação dos mananciais.
Paulo Teixeira, um dos petistas que ainda não se entregou à direita, protestou violentamente contra essa capitulação e ambos - falando da tribuna - trocaram duras palavras.
No tempo de Lula, isso não acontecia, pois ele tinha autoridade o bastante para impedir que tal tipo de conflitos ultrapassasse o âmbito interno do partido.
Com Dilma, foi diferente. Ela evidentemente não conseguiu impedir o vazamento. Em outras palavras: o episódio permite supor que a presidenta não tenha força suficiente para manter a disciplina entre as forças integrantes do seu governo.
Note-se que isto aconteceu na discussão sobre um projeto que não chega a ser uma decisão crucial para o governo. Não por se tratar de matéria irrelevante, mas porque, infelizmente, a população não lhe atribui a importância devida.
Fica, portanto, a dúvida: o que poderá acontecer quando o desencontro referir-se a uma questão em relação à qual a opinião pública esteja dividida apaixonadamente?
Devemos a Lula essa insegurança a respeito dos rumos do governo, pois decorre da candidata que ele impôs ao partido: Dilma não tem experiência política suficiente para o exercício da Presidência da República e é, ademais, uma ilustre desconhecida dentro de seu próprio partido.
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