Correio da Cidadania

Cuidado com o jacaré embaixo da cama

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"Pneumonia sem febre" é uma boa imagem para definir a situação econômica e social brasileira. Na aparência, o país vive um clima de tranqüilidade, na realidade subterrânea, uma terrível crise solapa as bases econômica e social da Nação, minando o tecido institucional do Estado.

 

A cidadania não toma consciência dessa realidade, porque os eventos que a determinam são isolados e a mídia os trata como se não tivessem relação com o processo de reversão neocolonial atualmente em curso.

 

A crise do transporte aéreo, por exemplo, está sendo analisada pelos mais diversos ângulos nos meios de comunicação, menos por este: a perda acelerada da soberania do país.

 

Os brasileiros ainda não tomaram consciência de que, no mundo globalizado, a incompetência de um país em relação a uma atividade que interessa ao capital é motivo para intervenção. Não se está falando de hipóteses, mas de fatos concretos, noticiados nos jornais, porém, aparentemente - dada a falta de reação -, não lidos por ninguém.

 

Por exemplo, o jornal O Estado de São Paulo dedicou um quarto de página do caderno Cidade/Metrópole, da edição de 23 de julho deste ano, para noticiar que um senhor chamado Marc Baumgartner, presidente da Federação Internacional dos Controladores Aéreos (Ifacta), declarou o seguinte: o governo brasileiro "não tem capacidade de resolver a crise sem a ajuda da comunidade internacional, já que está preso em um debate político interno. Chegou o momento de aceitar que o plano de reforma precisa ser proposto e elaborado fora do Brasil".

 

Sras. e srs., o que mais precisa ser dito, para provocar uma reação contra tamanho atrevimento?

 

Exemplos de intervenção direta do Primeiro Mundo em países subdesenvolvidos dependentes podem ser citados abundantemente.

 

Em Honduras, a companhia norte-americana Grace, dona de enormes plantações bananeiras, ocupou, durante muitos anos, o Ministério da Fazenda. Cobrava os impostos, deduzia deles o pagamento do seu crédito e entregava o saldo ao governo hondurenho.  

Na Argentina, as receitas aduaneiras foram seqüestradas por credores externos durante muitos anos.

 

Aqui mesmo, o governo inglês interveio diretamente a fim de garantir o pagamento de dívidas. E não podemos esquecer que, durante todo o Império, funcionou, no Rio, o Juiz Inglês, único com competência para julgar ações cíveis e criminais que envolvessem algum cidadão inglês.

 

A inexplicável expressão, usada quando se quer aparentar uma coisa que não está sendo feita - "isto é para inglês ver" -, explica-se por essa vergonhosa realidade - uma reação subalterna que precisamos exorcizar se quisermos ser, de fato, uma Nação independente.

 

Se o país não acordar, em breve, estaremos recebendo, em nossas casas, um oficial de justiça com uma citação de algum Juiz Yankee.

 

 

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