Eterna Vigilância
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- 05/04/2012
Em várias cidades brasileiras as pessoas foram acordadas de madrugada por um foguetório. Como não era hora de jogo de futebol, ninguém entendeu nada.
Logo, porém, tudo foi esclarecido: o insólito foguetório fazia parte das comemorações do quadragésimo oitavo ano do golpe militar de 1 de abril – um modo de “acordar” a população para a importância da data. Antigos e novos integrantes da corporação juntaram-se para promover o evento.
O fato é grave e não se pode deixá-lo passar em branco. Por mais que inexista clima para golpes de qualquer espécie contra o regime democrático vigente, tais eventos não podem ser descartados de plano, porque vivemos numa sociedade despolitizada e sem a mínima participação popular na esfera da política.
Deve-se atentar, sobretudo, para o fato de que a apologia ao golpe conta com o apoio da mídia burguesa e com o beneplácito de juízes e tribunais, que não cessam de julgar erroneamente o sentido da anistia concedida pela Constituinte aos que foram perseguidos na época da ditadura.
Tortura, seqüestro, assassinatos não são crimes políticos. Isto está claríssimo no texto constitucional, mas juízes e tribunais reacionários recusam-se a obedecer a Constituição.
Jovens brasileiros, indignados com a insólita comemoração, formaram uma entidade denominada Levante Popular da Juventude e passaram a organizar “escrachos” na frente das casas dos torturadores, a fim de mostrar aos vizinhos e passantes o tipo de gente que nelas habita.
Além disso, várias entidades organizaram um bloco carnavalesco que chamaram de Cordão da Mentira, percorrendo os locais onde houve ações repressivas ou que se marcaram pelo apoio ao golpe: Rua Maria Antônia, Universidade Mackenzie, TFP, Elevado Costa e Silva, DOPS, Folha de São Paulo.
Esses jovens não viveram no período do golpe e, por isso mesmo, é muito alvissareiro que, no entanto, tenham consciência a respeito do que ele representou de nefasto para o nosso país. Cerca de 500 jovens participaram dessa atividade, aliás, muito bem recebida pela opinião pública.
Agora, o que está faltando é cobrar ação das autoridades contra esses criminosos, dever ético de todos aqueles que se consideram cidadãos respeitosos da democracia.
Não se pode esquecer de que o preço da liberdade é a eterna vigilância.
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