Correio da Cidadania

Novo imperialismo e estado de exceção global

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A CIA reconheceu publicamente que espionou pessoas, empresas, instituições públicas, partidos políticos e sindicatos em nosso país. O verbo está no passado, mas não se tem certeza de que não continue espionando, mesmo depois de a espionagem ter sido descoberta.

 

Na semana passada, o Secretário de Estado norte americano John Kerry esteve, por um dia, no Brasil, aparentemente para dar explicações do fato.  Diz-se aparentemente, porque, na realidade, não deu nenhuma explicação e muito menos fez qualquer pedido de desculpas. Limitou-se a dizer que a espionagem era necessária por causa do problema do terrorismo, evidenciando que os Estados Unidos iriam espionar quem bem entendessem e o quanto lhe desse ganas. Uma atitude arrogante, típica de quem não tem a menor consideração pelos outros países e, especialmente, pelos países latino-americanos.

 

O Ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, a quem competia exigir, com firmeza, uma explicação, manteve-se calado e numa atitude subserviente. Pela gravidade do caso, causa surpresa e apreensão a atitude tímida e subserviente. Ouviu tudo, bem caladinho e sem retrucar. A presidente Dilma também não disse nada. Preocupa-se mais em ser bem recebida por Obama em viagem próxima.

 

Espionar e conspirar não são novidades na diplomacia dos Estados Unidos. Não nos esqueçamos de que o General Vernon Walters foi a pessoa que, junto com o Embaixador Lincoln Gordon, ajudou os militares a darem o golpe de 1964. Os documentos secretos liberados comprovam, caso a caso, o que todos já sabiam: o Estado norte-americano orquestrou todos os golpes de Estado feitos na América Latina posteriormente.

 

No entanto, a ação arbitrária do Novo Império é ainda muito mais ampla e mais perniciosa. A caçada a Snowden e a todos que se colocam no caminho dos interesses norte-americanos revela a natureza ultra-agressiva de seu Estado. Na sanha de encontrar novas oportunidades de negócios e reprimir toda e qualquer contestação a sua supremacia militar e econômica, os Estados Unidos nada respeitam.

 

O mundo encontra-se em estado de exceção. Não há direito internacional. Não há direito civil. Em nome da democracia e dos valores da civilização ocidental, o Império eliminou as cláusulas pétreas do Estado de Direito - a soberania dos Estados nacionais e a inviolabilidade dos direitos do indivíduo.

Comentários   

0 #3 RE: Novo imperialismo e estado de exceção globalreynaldo 29-08-2013 14:56
Ninguém USA o Brasil, só EEUU.
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0 #2 novo imperialismotiago thorlby 25-08-2013 16:46
Essas coisas acontecem em paises néo-colonizados.
O jeito é lutar pela des-néo-colonização.
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0 #1 Para o mundo que eu quero descerMarlene Angelides 23-08-2013 13:09
É um desalento só. As revoltas populares no mundo árabe despertaram esperanças de que os povos sob o domínio de governos espúrios, aliados ou não dos EEUU, enfim iniciavam um período de ascenso e de superação desses poderes. As ações dos governos na Síria e no Egito acabam de sepultar essas esperanças, tornando claro que o poder desses facínoras é praticamente inabalável, assim como o dos EEUU, que se exerce de forma tão escandalosamente implacável. É de sentar e chorar.
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