Hesitação culposa de Dilma
- Detalhes
- 11/09/2013
Certo mesmo estava Nelson Rodrigues quando falava no “complexo de vira-lata” do brasileiro.
Veja-se o que está acontecendo com a anunciada visita da presidente Dilma Rousseff ao presidente Obama.
De acordo com as notícias dos jornais, Dilma Rousseff ainda não decidiu se irá ou não visitar Obama nos Estados Unidos.
A indecisão já configura um grave erro.
Depois que se tornou pública a espionagem que o governo de Obama praticou contra a presidente, o mínimo que se deve esperar dela é o cancelamento dessa viagem. Ela está no dever de tomar essa atitude e de explicitar claramente o motivo do cancelamento, a fim de que os governantes de todo o mundo fiquem sabendo que o povo brasileiro é cioso de sua independência e não aceita que a mesma seja desrespeitada por quem quer que seja.
Obama cancelou o encontro que havia marcado com Putin por causa do asilo que este concedeu ao ex-agente da CIA, que havia revelado segredos da diplomacia norte americana – algo muito menos grave do que espionagem de um Chefe de Estado.
Espionar uma pessoa é um gesto muito agressivo, que não pode ficar sem reação do espionado. No caso da espionagem da mais alta autoridade de um Estado, a ofensa atinge não apenas a pessoa espionada, mas o país que ela governa.
Alguns comentaristas têm dito que Dilma deve ir porque terá oportunidade de falar no Congresso dos Estados Unidos e esse é o foro adequado para reclamar da atitude do governo Obama.
Não parece que esta seja uma conduta adequada. Sendo hóspede de Obama, Dilma terá , obviamente, dificuldade para fazer uma crítica ao seu hospedeiro.
Outros comentaristas dizem que não se deve dar maior importância ao fato, porque todos os países espionam chefes de Estado vizinhos ou mesmo distantes. Não lhes assiste razão. O fato de que a espionagem seja comum não retira o caráter ofensivo dessa conduta.
Brevemente, o Conselho de Segurança da ONU irá se reunir e Dilma deverá estar presente. Nesse foro, ela terá oportunidade para criticar a conduta ilegítima e provocadora do governo norte-americano. Não precisa pois precipitar-se e fazer uma viagem desastrosa para a imagem da nossa Nação.
A independência nacional é como a honra da mulher de Cesar: não basta o país ser independente, é preciso que todos saibam que ele é independente.