Correio da Cidadania

A farra dos helicópteros

0
0
0
s2sdefault

 

 

Há poucos dias, um avião que pousava em Congonhas foi obrigado a arremeter porque deparou-se com um helicóptero a uma distância perigosa.

 

O risco desse procedimento - cabível somente em graves emergências - certamente submeteu os passageiros a perigo e susto. Entretanto, a mídia não deu à notícia o destaque que merecia como sinal evidente da desordem do espaço aéreo. Por que tão pouca atenção a um fato grave? Serão os usuários de helicópteros tão poderosos que ninguém se atreve a perturbá-los?

 

O helicóptero é um meio de transporte caríssimo, ruidoso, poluidor e arriscado. Basta atentar para a freqüência das quedas e pousos forçados desses veículos, muitas vezes em avenidas e estradas movimentadas. Seu uso, portanto, deveria ser restrito a necessidades excepcionais: socorro, vigilância, transporte de altas autoridades em situação de urgência.

 

Mas aqui essa norma de bom senso não vigora. São Paulo tem a maior frota de helicópteros do mundo - título que constitui uma aberração numa cidade que não consegue alojar decentemente sua população, colocar todas suas crianças em boas escolas e nem dar conta do transporte da sua imensa população.

 

É forçoso de exigir da ANAC (Agência Nacional da Aeronáutica Civil) - órgão público responsável pela segurança do transporte aéreo no país - restrições severas ao uso do helicóptero.

 

Leis já existem para regulamentar esse tráfego, mas é mister cumpri-las e aperfeiçoá-las.

 

A cidadania precisa reclamar da Assembléia Legislativa do estado a instauração de uma CPI para examinar os critérios de licenciamento dessas aeronaves, sem limitar-se, contudo, às indagações sobre rotas, horários, altura, estrutura de fiscalização dos vôos. A isso é imprescindível informar-se sobre quem utiliza regularmente helicópteros e para quê. Somente motivos de interesse social evidente justificam os grandes inconvenientes que representam para a população. Cabe ainda pesquisar se não há, entre os usuários, ricaços que simplesmente não querem submeter-se aos inconvenientes do tráfego saturado da cidade, e até mesmo se não existem nesse rol pessoas implicadas em lavagem de dinheiro.

 

Se levarmos em consideração o retrospecto da atuação das autoridades nos casos em que a segurança da cidadania interfere no interesse comercial ou no lúdico dos poderosos, nada vai acontecer. Estarão à espera de uma tragédia de altas proporções para tomar as providências que se evidenciam como necessárias?

 

 

Para comentar este artigo, clique {ln:comente 'aqui}.

0
0
0
s2sdefault