Correio da Cidadania

A Política Econômica no Governo Lula

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Esta edição do Correio da Cidadania é distinta das habituais por dedicar-se inteiramente a um só assunto: a política econômica no governo Lula. O objetivo – a exemplo da edição especial anterior, dedicada ao exame do problema energético brasileiro e distribuída na semana de 11 a 18 de junho de 2005 – é permitir um tratamento abrangente e aprofundado do tema, de modo a proporcionar ao leitor um documento de referência, que ele possa guardar e consultar no futuro, como instrumento de estudo e de reflexão política.

 

As contribuições aqui recolhidas partem de diversos especialistas – cada qual com suas ênfases e enfoques peculiares – que são claramente críticos em relação às opções gerais de política econômica do atual governo.

 

O ponto de partida da reportagem é uma reconstituição do estado da economia quando da posse do governo Lula – a situação de vulnerabilidade e baixo dinamismo econômico que o novo governo caracterizava, corretamente, como uma "herança maldita".

 

Convergências - Une os vários especialistas que contribuíram para esta edição especial a avaliação de que o novo governo renegou antigas críticas ao modelo neoliberal implementado no governo FHC. Mais do que isso: constatam que o governo Lula seguiu ou até aprofundou várias das diretrizes de política econômica de seu antecessor.

 

Ao fazê-lo, o novo governo ofereceu um espetáculo espantoso de conversão ideológica, de oportunismo e de desfaçatez intelectual e política – com conseqüências terríveis para o processo de formação política dos milhões de filiados e simpatizantes do Partido dos Trabalhadores.

 

Os críticos aqui consultados apontam um vasto elenco de diretrizes e medidas alternativas àquelas que vêm sendo implementadas pelo governo, e que poderiam conduzir a resultados econômicos melhores – em particular, do ponto de vista estratégico, de longo prazo: reforço da capacidade de planejamento e regulação do Estado brasileiro; redução da dependência financeira e tecnológica; redução da concentração de renda e de riqueza etc. Destacam, unânimes, a dimensão das oportunidades perdidas numa conjuntura econômica internacional mais favorável do que a dos anos anteriores.

 

Divergência - Um ponto importante em que se observam diferenças de avaliação entre os especialistas consultados pelo Correio diz respeito à correlação de forças no plano político. Todos julgam que haveria espaço para pôr em curso políticas distintas daquelas adotadas pelo governo Lula, mas há quem ressalte que faltariam condições para levar à frente política qualitativamente distinta. A razão básica seria o grau de hegemonia, ideológica e política, dos interesses do sistema financeiro e de outras camadas rentistas. Uma mudança qualitativa da política econômica exigiria, segundo essa visão, um grande acúmulo prévio de organização e força política do campo popular, capaz de dar sustentação a uma ruptura com a comunidade financeira internacional e seus sócios menores no plano brasileiro.

 

Leia - A riqueza e o aprofundamento das visões críticas que o leitor encontrará nesta edição são raros, diante da hegemonia, na grande imprensa, de análises superficiais e de baixa densidade crítica – quando não francamente apologéticas em relação à atual política econômica. Só resta fazer votos de uma boa leitura.

 

Jurandyr O. Negrão é economista.

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