Maduro não poderá governar com 25% do eleitorado
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- Javier Antonio Vivas Santana
- 24/05/2018
Depois do processo eleitoral presidencial, o qual esteve viciado em todas as suas etapas, desde sua convocação até sua totalização, com uma participação de votos válidos que mal superou os 8 milhões e onde o candidato vencedor, ou seja, o presidente reeleito, apenas superou 5 milhões de votos (40% menos do obtido em 2013 e com um padrão eleitoral 20% inferior em relação a este 2018), fica evidente que o madurismo foi o grande derrotado do processo. Isso porque a abstenção superior a 50% e os votos em Falcón e Bertucci, a somar mais 25% do eleitorado, significam que Maduro tentará governar após “ganhar” uma eleição com 25% do eleitorado, na qual participaram aproximadamente 40% do registro eleitoral.
Nicolás Maduro foi o grande derrotado. Ficaram pra trás os “resultados” de uma constituinte com 8 milhões de sufrágios em 2017. E se assumimos tais cifras como corretas, também fica evidente que esta foi revogada por seus próprios partidários. Verborrágica, essa “constituinte”, tal como Maduro, ficou sem nenhum tipo de respaldo popular. Não podem vir dizer os maduristas que conseguiram uma vitória. Isso é uma profunda derrota. O povo disse ao madurismo que esses 5 milhões de votos representam uma queda na engrenagem de poder. Uma engrenagem que apesar da compra de consciências, da chantagem política, que permitiu empregar a própria fome como estratégia política, de nada serviu pra conseguir os desejados 10 milhões de votos, que tampouco foi a cifra total de votos.
Que Maduro não venha com sua prostituída semântica. É bazófia lexical falar que ganhou com 68% dos votos. Aqui a única verdade é que 75% do povo rejeita seu governo. Assim não há diálogo que avance. Sua estrutura e apoio político foram poderosamente golpeados. Maduro tentou por todos os meios ficar legitimado com essa eleição, e se alguma coisa conseguiu foi apenas de negativo, pelos resultados e porque foi posto a nu como um governante sem apoio do povo, salvo sua claque, aduladores e oportunistas.
O país atravessa a hiperinflação, o decrescimento econômico, escassez de alimentos e remédios, colapso dos serviços públicos, diminuição sustentada da produção petroleira, contrabando, delinquência, corrupção e sobretudo uma quebra moral e ética na condução do Estado. A Venezuela está destruída em toda sua concepção democrática e constitucional, por um governo que destruiu completamente o tecido político e social. É tamanho o nível de tal destruição no seio da população que tanto o estudo como o trabalho, pilares do desenvolvimento socioeconômico, ficaram em segundo plano. Nossos jovens emigram a outras latitudes a fim de buscar aquilo que se nega em seu próprio país.
Foi um tremendo golpe eleitoral o que sofreu o madurismo, apesar de seu discurso. Em termos reais, a soma de votos de todos os candidatos supera por pouco os votos em um só candidato a presidente no pleito de 2013. O que quer tente dizer o madurismo para tratar de fazer-nos ver esta vitória como algo significativo é pura historinha.
Maduro não poderá governar com 25% do eleitorado, e se tentar impor uma “nova constituição” ou o chamado “Estado comunal” com semelhante base popular, é simples: o povo rejeita, em toda sua dimensão política. A Venezuela não quer Maduro como presidente da República, e ele sabe disso perfeitamente. Sabe que em eleições limpas e transparentes não vence.
Chegou a hora da união dos setores antimaduristas sem mesquinharia, para o país encarar a grave crise que está diante de todos nós. Maduro ficou sem base popular. Seus dias em Miraflores estão em contagem regressiva, e isso inclui sua ilegal e ilegítima constituinte, a qual também deve parar imediatamente com suas decisões neototalitárias. Maduro não poderá governar com 75% do país contra. Essa é a realidade. A propósito da cegueira, quem tiver olhos verá.
Javier Antonio Vivas Santana trabalhou nos governos de Hugo Chávez como professor da Mision Sucre entre os anos de 2003-2012. É mestre e doutor em educação e professor universitário.
Tradução de Gabriel Brito, editor do Correio da Cidadania.
Retirado de https://www.aporrea.org