Uribe se sustenta nos EUA e na satanização das FARCs
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- Valéria Nader
- 24/01/2008
Manter-se bem informado nos dias atuais não é tarefa difícil para aqueles que dispõem de mínimos recursos e conseqüente acesso aos distintos e tão variados meios de comunicação. Mas o que é exatamente estar bem informado?
Tomar ciência dos acontecimentos é, certamente, o primeiro passo. Ocorre, no entanto, que até mesmo por hora dessa tomada de conhecimento já se está diante de um arcabouço interpretativo que, na grande maioria das vezes, é parcial e tendencioso. Pior: parcial e com clara predominância de uma das partes em jogo, geralmente aquela mais ligada aos interesses poderosos, mas nem por isso com maior representatividade social.
As atuais análises quanto ao cenário político colombiano, em função das negociações para a liberação dos reféns em poder das FARCs, dão uma demonstração cabal dessa situação. Expõe-se Chávez, o presidente venezuelano, como defensor do terrorismo, na medida em que advoga a atuação do movimento como insurgente, e não terrorista; e o presidente colombiano Álvaro Uribe como intransigente na defesa da ordem.
Nem é preciso ideologizar essa discussão para extrair-lhe o caráter primário. São muito poucas, pra não dizer praticamente inexistentes, as situações da vida que levam a extremos do tipo ‘cara ou coroa’.
Ademais, para os observadores que buscam, ou ao menos não se recusam, aprofundar seu olhar, salta à vista a) a ausência de alusões quanto à origem e sentido histórico da atuação da ‘guerrilha’ ou ‘movimento insurgente’; b) a extensa cobertura jornalística sobre o tratamento dispensado às vítimas de seqüestro das FARCs, enquanto não se profere palavra quanto às ações de paramilitares e à ligação desses com o governo Uribe, que para muitos estudiosos configuraria um verdadeiro terrorismo de Estado na Colômbia; c) e, ‘last but not least’, a completa indiferença frente ao tema da interferência dos EUA na pacificação da região, cujos interesses em patrocinar o Plano Colômbia passam obviamente ao largo dos direitos humanitários.
Tentando entender autenticamente a explosiva situação que atravessa o vizinho latino-americano - no qual uma grave crise humanitária reforça as históricas contradições sociais, políticas e econômicas de nossos países da América Latina -, divulgamos as análises de Altamiro Borges, Hugo Paternina Espinosa e Emir Sader.
Para aprofundar a compreensão da problemática colombiana, sugerimos ainda a releitura das entrevistas concedidas ao Correio pelos colombianos Pietro Alarcón, sob o título ‘Plano Colômbia, Oligarquia versus Nação’, em 2000, nas edições de número 221 e 222 (clique aqui para acessar a entrevista da edição 221 e novamente aqui para acessar a entrevista da edição 222), e Carlos Lozano Guillén, sob o título Uribe impõe Terrorismo de Estado na Colômbia’, em agosto de 2004, na edição de número 409 (clique aqui para acessar a entrevista na edição 409).
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Comentários
Para ver o que faz uma ditadura midiática bem estruturada...
Como justificar sequestros e a consequente reclusão de pessoas que jamais comprometeram a segurança de grupos sociais ou de pessoas?
Para esta Fundação Instituto de Direitos Humanos nada, abosultamente nada, justifica a prática de violência contra ser humano, quer seja praticada por agentes do Estado, por grupos guerrilheiros ou por grupos insurgentes.
Como podemos buscar a PAZ, exigir a igualdade social, o exercício da liberdade, se praticamos violência?
Não tomem este posicionamento da FUNDAÇÃO IDH como uma defesa do Estado, quer seja Colombiano, Venezuelano ou Brasileiro.
Os princípios e os valores dos DIREITOS HUMANOS devem ser exercidos, e praticados, por cada ser humano, individualmente -reforço - para construirmos uma sociadade (mundial)justa, livre e solidária.
Um forte abraço para todos.
Hélio Mendes Cazuquel, Presidente da Fundação Instituto de Direitos Humanos. (Salvador - Bahia)
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