Correio da Cidadania

Guatemala exuma seu passado

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Roselina Tuyuc, da Coordenação Nacional de Viúvas da Guatemala (LWS/HP)

No “Dia Nacional contra o Desaparecimento Forçado na Guatemala”, em San Juan Comalapa, lideranças e familiares recordam descoberta do cemitério coletivo de centenas de corpos e reafirmam solidariedade com a Palestina e luta pela justiça.

O “Dia Nacional contra o Desaparecimento Forçado”, 21 de junho, é carregado de simbolismo na Guatemala. Além do sequestro de 27 sindicalistas na sede da Central Nacional de Trabalhadores, em 1980, e os mais de 40 mil desaparecidos oficialmente – cinco mil delas crianças – a data registra a inauguração, em 2018, da “Passagem da Memória” em San Juan Comalapa.

O reconhecimento governamental tornou incontestável a denúncia dos familiares locais sobre a existência de um cemitério clandestino onde funcionava o destacamento militar de Chimaltenango.

“San Juan Comalapa era um lugar de paz, um espaço sagrado, em que nossos bosques abriam caminhos para a inteligência e a arte, mas logo chegou o Exército com suas listas negras de terror, medo e incerteza. A partir daí, uma vez capturada, a pessoa não regressava mais, as famílias eram desalojadas e as tropas do governo tomavam o controle”, afirmou Roselina Tuyuc Velasquez. Na sua opinião, a política de “extermínio forçado” praticada pela ditadura guatemalteca é a mesma de Israel contra os palestinos em Gaza.

“Sabíamos que nossos filhos, pais e parentes sequestrados pelos militares eram trazidos para cá e que se a Mãe Terra pudesse falar diria para buscarmos, pois encontraríamos seus corpos aqui. Por isso os escondeu com ternura, para nos devolver. E assim foi”, declarou Roselina, uma das fundadoras da Coordenação Nacional de Viúvas da Guatemala (Conavigua).