Marea Socialista e Partido Comunista da Venezuela criticam eleições
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- Esquerda.net
- 30/07/2024
Maduro segura a ata que o declara novamente presidente. Foto de RONALD PENA R/EPA/Lusa.
Gustavo Martinez, da organização de esquerda Marea Socialista, na oposição ao governo de Nicolás Maduro e ao PSUV, acusa o governo de ter preparado "as eleições à sua medida, de forma antidemocrática e autoritária, agredindo organizações políticas, proibindo ou desqualificando candidaturas".
Num vídeo divulgado no youtube, o líder da MS diz que o processo eleitoral “não foi transparente" os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral são "muito duvidosos".
Por outro lado, explica que González Urrutia, candidato lançado pela líder da oposição de direita, María Corina Machado, não reconhece os resultados e tem apelado à intervenção dos militares e à realização de protestos de rua. O dirigente da oposição de esquerda realça que Urrutia e Machado representam um “setor patronal muito reacionário, muito à direita, tão inimigo dos trabalhadores e dos setores populares como o próprio governo" de Maduro.
O partido Marea Socialista integrou a campanha "a classe trabalhadora não tem candidato", a partir da qual apelaram ao "voto nulo". Nesse sentido, Gustavo Martinez considera ser agora mais importante que nunca reiterar que "a classe trabalhadora [venezuelana] tem de recuperar a sua força e capacidade de luta e conceber um plano para recuperar todos os direitos retirados" pelo PSUV. "Não podemos continuar a estar ao serviço de candidatos ou organizações políticas que expressam interesses estranhos ou diferentes dos nossos", refere o dirigente da Marea Socialista, aludindo a Maduro e seus aliados.
Maduro quer privar o povo dos direitos democráticos, diz PCV
Posição diferente é a do Partido Comunista da Venezuela. Num comunicado, o secretariado do Partido apela às “forças genuinamente democráticas, populares e patrióticas para que unam forças para defender a vontade do povo venezuelano”, que expressou no passado domingo “uma clara intenção de mudança política no país”.
O PCV, que tinha sido alinhado ao chavismo, mas rompeu com Maduro em 2020, foi alvo de uma intervenção judicial em agosto do ano passado. O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela destituiu a sua direção e nomeou uma nova por si escolhida, o que já tinha acontecido noutros partidos. O partido resistiu e continua a funcionar com a sua direção legítima.
É esta que alerta agora para o fato de o governo de Maduro ter “despojado o povo venezuelano dos seus direitos sociais e econômicos” e “hoje pretende privá-lo dos seus direitos democráticos”.
O PCV leva a sério as “dúvidas sobre os resultados apresentados ao país” e exige a publicação da totalidade das atas eleitorais e “a máxima transparência no escrutínio dos resultados”.
Por isso, o partido apoia “o clamor de respeito à vontade popular”, apela aos militares e polícias para que não reprimam o povo e mostra-se disposto a “construir espaços de ampla unidade para fortalecer a luta pela recuperação da Constituição e do Estado de direito na Venezuela”.
Partidos comunistas do continente falam no caráter profundamente antidemocrático das eleições
Ainda não eram conhecidos os resultados quando vários partidos comunistas da América Latina tinham já expressado a sua solidariedade com seu correlato venezuelano. Num comunicado conjunto divulgado no sábado, Partido Comunista Argentino, Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, Partido Comunista de El Salvador, Plataforma Comunista dos Trabalhadores dos Estados Unidos, Partido Comunista do México, Partido Comunista Paraguaio expressam a sua solidariedade ao PCV, denunciando que as eleições têm “um profundo carácter antidemocrático” e criticando o impedimento de “partidos e forças abertamente revolucionárias” de apresentar candidaturas.
Também se recorda que as forças políticas que se apresentaram às legislativas de 2020 como Alternativa Popular Revolucionária têm vindo a ser ilegalizadas e a sofrer intervenções, usurpando-se o seu registo eleitoral “para usá-los ilegalmente a favor da candidatura do Partido Socialista Unido de Venezuela”.
Esta frente de partidos comunistas mostra-se unida ao lado do PCV desmontando “a mentira de que a partir do Governo e dos seus meios de comunicação social se tenta implantar uma “divisão” no PCV quando o que houve foi um “inadmissível ataque governamental anticomunista”.
Nota-se ainda que enquanto a muitas “organizações de trabalhadores e forças anti-imperialistas” eram negados os direitos de participação eleitoral “permitiu-se o registro de organizações com fins eleitorais a forças reacionárias que no passado apoiaram abertamente a política de sanções estrangeiras e até solicitaram intervenção militar contra o país”.
Falam ainda num “contexto geral de agressividade contra a classe operária e o movimento operário: ataque às condições de vida dos trabalhadores e suas famílias, ataque às lutas sindicais e prisão de quadros dos sindicatos”.
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