Eleições na Argentina
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- Redação
- 17/12/2010
A morte de Nestor Kirchner abriu, para a esquerda argentina, a oportunidade de romper a hegemonia do peronismo na política daquele país.
Kirchner foi um presidente carismático, que conseguiu a proeza de capturar o apoio dos "piqueteros", após estes haverem derrubado nada menos que três presidentes da República.
Seu governo foi bastante conservador. Kirchner concedeu tudo o que o imperialismo e a burguesia argentina exigiram.
Mesmo assim, seu prestígio foi suficiente para eleger sua mulher, Cristina Kirchner, presidente da República.
Cristina busca sua reeleição sem o carisma do marido. Ela realizou um governo tumultuoso, marcado pela rebelião dos grandes produtores agrícolas contra as medidas do seu governo e pelos conflitos no interior do peronismo.
A dificuldade de Cristina Kirchner para reeleger-se não significa que a esquerda possa vencer o pleito. Indica unicamente que a esquerda passa a ter condição de diálogo com uma parte do eleitorado peronista – coisa absolutamente impossível em eleições anteriores.
O candidato da esquerda, Pino Solanas, tem condições de obter cerca de 10 % dos votos, o que é uma vitória expressiva para um partido absolutamente desconhecido da maioria da população.
Solanas conseguiu unificar todos os partidos e grupos de esquerda, o que já é uma vitória espetacular.
A Argentina, país muito rico, encontra-se, em decorrência da extrema dificuldade econômica, numa situação de extrema pobreza. Recentemente, os jornais noticiaram que o país tem um dos piores sistemas de ensino da América Latina, situando-se abaixo do Brasil.
Como é possível que, tendo uma terra de qualidade insuperável, a Argentina ocupe atualmente o 57º lugar no ranking dos países analisados, três lugares abaixo do Brasil?
Ora, até bem pouco tempo, a Argentina ostentava uma das melhores situações em matéria de ensino. Suas escolas não ficavam atrás das escolas de outros países.
Como foi possível que um país cujas terras são de excepcional qualidade (podem dar duas safras por ano) esteja numa situação econômica tão difícil?
A explicação é o impacto extremamente negativo da reviravolta neoliberal na economia argentina, somada à traição das suas elites dirigentes – uma das mais corruptas e entreguistas.
Devemos saudar a oportunidade que se abre naquele país.
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