O ente sionista “Israel” que não reconhece o “Outro”
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- Claude Fahd Hajjar
- 19/05/2021
Em 15 de maio de 2021 completamos os 73 anos da Nakba (catástrofe) palestina e da criação do ente sionista em terras palestinas ocupadas.
Como foram vividos estes 73 anos?
O que foi que a entidade sionista fez para cativar os palestinos nativos, com quem, dizia, querer conviver em paz, mas que em nenhum momento realizou este projeto de paz?
O ente sionista trabalhou durante 73 anos para seduzir populações inteiras da Europa, América Latina, Rússia, África e outros a imigrerem para o Estado sionista e ocuparem casas e terras de palestinos. Assim, este Estado marginal aumentou a sua população de forma desordenada e facilitou, com um alto investimento de capital e dinheiro do Fundo Judaico, o estímulo à imigração e construção de assentamentos para colonos sionistas. Desta forma contribuiu para inviabilizar um Estado Palestino com um corpo só e transitável através de estradas.
Criou bolsões de assentamento em todos os territórios palestinos, seja na Cisjordânia, Jerusalém Oriental ou Gaza.
O objetivo deste “ente sionista” é inviabilizar um Estado Palestino, obrigar a população palestina a imigrar ou a se tornar refugiada, como eles vêm fazendo desde a madrugada de 9 de abril de 1948 quando foi perpetrado o Massacre de Deir Yassin. E continuaram com uma política de Apartheid onde submetem a população palestina a um tratamento inumano, com check-point, muralhas de segregação e um tratamento tão humilhante que a menor rebeldia é conduzida à detenção.
As prisões israelenses possuem milhares de jovens palestinos cujo crime foi se revoltar contra a ocupação de seu lar e de suas terras.
Dois pesos e duas medidas
Dentro dos territórios ocupados como Lod, Jenin, Haifa, Yafa, Jerusalém e outros, foram implantadas leis discriminatórias nas quais o cidadão palestino pode viver, mas não tem a proteção policial, está sujeito ao ataque dos colonos ocupantes que são portadores de armas legalizadas, condição negada ao cidadão árabe palestino, que é o morador histórico daquelas cidades.
Estes policiais também trabalham com os serviços de inteligência do ente sionista e cerceiam todas as locomoções da população árabe palestina nativa.
Durante as festas religiosas os moradores árabes foram impedidos de entrar nas igrejas e nas mesquitas em Jerusalém e a circulação de ônibus e de automóveis foi impedida pelas polícias e forças da ocupação.
Sheikh Jarrah e a Mesquita Al Aqsa
Os moradores do bairro árabe de Sheikh Jarrah estavam sendo forçados a abandonar as suas casas para que colonos sionistas pudessem ocupá-las. Neste momento começou a resistência dos jovens palestinos que se negaram a sair de suas casas.
Somou-se a este fato o início do mês de Ramadã, quando em 7 de abril a população de Jerusalém e imediações começou a afluir à Mesquita Al Aqsa para as orações do mês sagrado de Ramadã e foi impedida pelas forças da ocupação, assim como foram impedidas as populações cristãs ortodoxas de entrar na Igreja do Santo Sepulcro na Páscoa Ortodoxa. Estes fatos foram os desencadeantes desta chamada Terceira Intifada.
Um desafio e uma resistência que unificou toda a Palestina
A resistência dos jovens palestinos de Jerusalém inspirou os chamados Palestinos de 1948, isto é, cidadãos árabes palestinos, mas com cidadania israelense, que se somaram aos resistentes reclamando o seu direito de permanecer em seu lar no Bairro de Sheikh Jarrah e reclamando o seu direito de poder orar na Mesquita Al Aqsa; os palestinos de Nablus, Haifa, Lod e outros assim como os de Gaza se manifestaram e se somaram aos moradores palestinos de Jerusalém. Foi assim que começaram os protestos e manifestações pacíficas.
Colonos sionistas invadiram a Mesquita Al Aqsa e desafiaram os fiéis palestinos em 10 de maio, quando começaram os enfrentamentos e inúmeros palestinos foram presos, além de mais de 200 feridos. Foi quando precisaram responder aos ataques e às repressões e prisões perpetradas pelo regime sionista.
Um Estado Marginal que não acata as resoluções da ONU
O ente sionista foi criado para ser a polícia dos EUA no Oriente Médio, com quem mantém relações de privilégios, graças ao forte lobby sionista que o promove nos EUA.
Este lobby sionista tem uma interferência e um papel fundante na estrutura do chamado Estado profundo dos EUA: sai governo e entra governo e o financiamento de campanhas dos presidenciáveis é quem vai dar o tom nas relações de política externa dos EUA e o seu protegido Estado sionista marginal (chamam isso de democracia).
Este lobby sionista tem acesso e manipula grande parte do capital internacional que se encontra nas corporações e na mídia da chamada “comunidade internacional” e que dá o tom quando o tema é defender o Estado de Israel.
Até quando a “Comunidade Internacional” vai fazer vista grossa aos crimes de Israel? É assim que Israel deseja alcançar a paz?
Claude Fahd Hajjar é psicóloga, psicanalista e pesquisadora de temas árabes, autora e editora do site Oriente mídia, vice-presidente da Fearab América.