Correio da Cidadania

S.O.S: mão estadunidense na Bolívia

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Em um complexo panorama político, no qual prefeitos opositores atentam contra a gestão do governo do presidente Evo Morales, as mais recentes evidências de espionagem da Embaixada estadunidense na Bolívia constituem mais do mesmo.

 

Durante décadas de ditadura militar e em pouco mais de 20 anos de democracia para os governos neoliberais de turno, as "andanças" pela Paz dos agentes de Washington eram operações de rotina.

 

Então, o modelo de desenvolvimento se impunha de forma aberta, sobre o setor minero e os hidrocarbonetos, onde os lucros iam parar no país do norte ou nas transnacionais, com ou sem o visto do Congresso.

 

Desde o dia 22 de janeiro de 2006, após Evo Morales assumir a presidência, primeiro mandatário de origem aimara, as coisas se tornaram mais difíceis e, apesar de o atual governo ter prometido manter relações com todos os países, incluindo Estados Unidos, os obstáculos começaram a surgir.

 

USAID no banco dos acusados

 

Em agosto de 2007, o ministro da presidência, Juan Ramón Quintana, apresentou a primeira denúncia pública contra a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), por desconhecer leis nacionais.

 

Quintana confirmou desvios milionários de fundos para patrocinar ações de pessoas e grupos adversos ao presidente Morales, através de Organizações Não Governamentais.

 

Segundo a autoridade, até essa data, 89 de 134 milhões de dólares provenientes da cooperação dos Estados Unidos financiaram setores opositores. A resposta da USAID foi o silêncio cúmplice e a exposição de argumentos nos quais, segundo pesquisas, ninguém acreditou.

 

Outras interrogações a serem esclarecidas pelos Estados Unidos em sua relação com Bolívia têm a ver com uma polêmica fotografia, onde o embaixador Philip Goldberg aparece na feira comercial de Santa Cruz junto a um mafioso colombiano. A imagem foi apresentada pelo presidente Morales na XVI Cúpula Ibero-americana, realizada no Chile, para recalcar as denúncias dos nexos dos EUA com delinqüentes e desafetos ao processo de mudanças.

 

Grupos irregulares

 

Por outra parte, o ministro de Governo, Alfredo Rada, denunciou a atividade de grupos irregulares de inteligência como a denominada Organização de Estudos Policiais (ODEP), que realizava espionagem e armou campanhas de desprestígio para desestabilizar a Bolívia.

 

Rada adiantou que apresentará um informe à Fiscalia sobre essa agrupação anteriormente conhecida como Comando de Operações Especiais (COPES), financiada pela embaixada de EUA em seu país.

 

Em declarações à Prensa Latina, assinalou que convocará o embaixador Goldberg para que explique o apoio a essa organização.

 

Após uma denúncia anônima sobre o seguimento a políticos e jornalistas, a autoridade revelou a existência de três grupos paralelos de Inteligência da Polícia Nacional.

 

Entre essas organizações, mencionou a ODEP ou COPES, o Grupo de Tarefa de Investigação de Delitos Especiais (GTIDE) e o Grupo de Segurança Antiterrorista, encarregado da segurança da embaixada estadunidense.

 

Rada pôs como exemplo os seguimentos que esses grupos fizeram à delegação do Irã que visitou o país em setembro de 2007 para negociar com o governo boliviano.

 

Entre outras novas tentativas de espionagem dos Estados Unidos na Bolívia, verificou-se, atualmente, o emprego de estudantes.

 

Alex Shaick, um bolsista beneficiário do programa de intercâmbio estudantil Fullbright, denunciou que a embaixada norte-americana pediu-lhe informação sobre trabalhadores venezuelanos e cubanos que trabalham na Bolívia.

 

Segundo Shaick, o diplomático Vincent Cooper solicitou-lhe espionar para o governo dos Estados Unidos.

 

Especialistas locais estimam que o embaixador Philip Goldberg, célebre por seu papel sedicioso em Kosovo, deverá explicar esta denúncia em uma reunião com o governo pelo suposto financiamento a grupos irregulares de inteligência.

 

Por sua parte, o Departamento de Estado norte-americano negou as acusações e alegou que tais solicitações contrariam suas normas.

 

No entanto, Schaick assegurou que, durante uma reunião sobre as medidas de segurança para sua permanência na Bolívia, Cooper pediu-lhe reportar à embaixada os nomes e a localização dos cooperantes venezuelanos ou cubanos que conhecesse.

 

A embaixada estadunidense admitiu em uma declaração escrita que algumas reuniões sobre segurança incluíram "informação incorreta", o que prometeu solucionar de imediato.

 

Na Bolívia, há, atualmente, seis bolsistas do programa Fullbright, que são proibidos de fazer declarações à imprensa.

 

ATPDEA, TLC e "COCA ZERO"

 

O próprio chefe de Estado reconheceu os benefícios que o mercado estadunidense traz ao Estado boliviano, sobretudo na indústria manufatureira. Nesse campo, a prorrogação de preferências tarifárias, segundo a chamada Lei de Promoção Comercial Andina e Erradicação da Droga (ATPDEA, por suas siglas em inglês), permitia a entrada dos produtos e a geração de milhares de empregos na nação andina.

 

Segundo estatísticas oficiais, em 2006, o comércio boliviano com Estados Unidos gerou 356 milhões de dólares para a economia local. No entanto, a Casa Branca deu luz verde somente para o Peru e para a Colômbia sobre a ampliação desse benefício, que vence no próximo dia 28 de fevereiro de 2008. Trata-se das únicas duas nações cujos governos assinaram os Tratados de Livre Comércio, fórmula à qual, entre os países andinos, se opõem Bolívia e Equador.

 

A esse respeito, Evo Morales reiterou que Washington não deve discriminar a ninguém e que a política deve buscar um comércio justo, a tempo de remarcar que, nas relações com os Estados Unidos, primará a dignidade dos bolivianos.

 

Em 2007, o Executivo aprovou um orçamento para que os exportadores possam obter créditos que os ajudem a ingressar nesse mercado. Também o governo central negocia alternativas comerciais com a Comunidade Andina de Nações, com a China e com o Mercado Comum do Sul, após a eventual perda das preferências tarifárias com os Estados Unidos.

 

A política de erradicação da folha de coca, cultivo milenar, realiza-se em consenso com os camponeses, segundo Morales, independentemente das pressões da potência do norte.

 

Texto originalmente publicado em www.adital.com.br

 

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Comentários   

0 #2 S.O.S. BOLÍVIA!Edvaldo 03-03-2008 15:39
O país irmão, onde pela primeira vez em sua história, tem como seu líder e presidente desta nação, o Camarada Evo Morales.
Ele é um dos membros do MAS(Movimento Al Socialismo), organização da classe trabalhadora que vem realizando grandes ações e obtendo vitórias junto ao povo boliviano.
Porém, tudo isso, põe em risco o domínio do Império na Região Andina, principalmente, no que diz respeito ao Tratado de Livre Comércio e suas migalhas para esta região, rica em cultura e biodiversidade, e explorada milenarmente. Acreditamos e apoiams a luta do povo boliviano. Mas, também, temos que denunciar em todos os espaços possíveis, sobre os atos terroristas por parte dos Estados Unidos da América.
Temos que deixar fluir toda e qualguer forma de comunicação popular sobre a ameaça que corre Bolívia e o seu povo. Necessitamos criar Comitês de Solidariedade ao Povo Boliviano.
Abraços Solidários.
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0 #1 SOS Mãos estadounidenses na BolíviaBreno Nascimento 27-02-2008 21:00
Muito grave esta denúncia dos Ministros Quintana e Rada. Está em cheque a democracia na América Latina. Fatos como estes deveriam mostrar claramente para nossos povos que os interesses mercantís da potência do norte sempre se sobrepuseram ao da defesa da democracia. Não haverá verdadeira democracia em nosso continente enquanto o poder econômico/policialesco dos EEUU atentar contra os nossos povos, nossos governantes escolhidos de forma democrática. Isto é golpe, golpe é uma forma de terrorismo, e a humanidade já mostrou que não aceita terrorismo, venha de onde vier. O espírito golpista do poder econômico e político norte americano está intacto! A sociedade americana não percebe, e nós não reagimos. Isto é muito ruim para a construção de uma nova ordem econômica e social global, inspirada na paz e na superação das desigualdades. Não nos iludamos! Os EEUU querem cada dia mais fincar suas garras em nossos recursos naturais, em nossos mercados, e para isso continuarão usando o mesmo "modus operandi" que já conhecemos bem: CONSPIRAÇÃO, GOLPE, REPRESSÃO, DINHEIRO SUJO, ETC. Deveríamos nos recusar ao financiamento de ONG´s brasileiras com dinheiro da USAID. Temos que fazer alguma coisa, antes que seja tarde!
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