Desafio neonazi sionista à humanidade
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- Miguel Urbano Rodrigues
- 13/01/2009
Escrevo no momento em que está em desenvolvimento a escalada genocida do Estado sionista de Israel contra o povo de Gaza.
Essa bárbara operação exterminista – apoiada pela esmagadora maioria dos israelenses e incentivada pelo sistema de poder dos EUA com a cumplicidade da maioria dos governos da União Europeia – é acompanhada de uma ambiciosa e massacrante ofensiva midiática de âmbito mundial. Esta deforma a História e pretende justificar o crime com o argumento de que Israel exerce o direito de defesa para proteger as suas populações e sobreviver como nação.
Estamos perante uma daquelas tragédias em que as palavras são insuficientes – como aconteceu com as chacinas do III Reich alemão - para qualificar as proporções e o significado do crime.
A desinformação, garantida pelo controle hegemônico dos grandes meios, dificulta extraordinariamente o esclarecimento dos povos porque a vítima é apresentada como agressor e este como representante de valores inalienáveis da democracia.
A primeira e fundamental mentira é a que responsabiliza o Hamas pelo rompimento da trégua. Israel, ao iniciar o bombardeio aéreo e naval seguido da invasão terrestre estaria protegendo as populações das suas cidades e aldeias atingidas por foguetes palestinos. Trata-se de uma grosseira inverdade.
Existe uma abundante documentação secreta do próprio Ministério da Defesa israelense que demonstra com clareza a premeditação do crime pelo governo de Tel- Aviv.
Encontramos uma síntese de fatos relacionados com essa premeditação num importante artigo do professor canadense Michel Chossudovsky, da Universidade de Otawa.
Nesse texto (divulgado por globalresearch.ca/PrintArticle.php?articleId=2009), o prestigiado economista e escritor lembra que a "Operação Chumbo Fundido" foi minuciosamente planejada com seis meses de antecedência, quando Israel iniciava a negociação de um acordo de cessar fogo com o Hamas . O projeto foi, porém, concebido em 2001.
A 4 de novembro passado, dia das eleições presidências dos EUA, Israel, aliás, rompeu a trégua, bombardeando a Faixa de Gaza, alegando a necessidade de impedir a construção de túneis pelos palestinos.
Chossudovsky chama a atenção para o fato de, transcorridas 24 horas, a 5 de novembro, o governo de Tel-Aviv ter iniciado o monstruoso bloqueio de Gaza, cortando o abastecimento à Faixa de alimentos, combustível e medicamentos. Posteriormente, o exército israelense realizou numerosas incursões armadas no território de Gaza.
O Hamas, em legítima defesa, respondeu com o lançamento de foguetes de fabricação caseira.
Não há mentiras e calúnias que possam apagar a evidência: apenas quatro israelenses morreram desde então, em consequência do disparo de mísseis do Hamas, mas a agressão sionista é responsável pela morte de mais de 900 palestinos, superando a casa dos 3000 o número de feridos.
Gza, um cenário de apocalipse
As notícias que chegam de Gaza e as imagens transmitidas pela televisão iluminam um cenário de apocalipse: quarteirões inteiros arrasados, mesquitas bombardeadas na hora da oração, hospitais e universidades destruídos. Crianças e mulheres ensanguentados movendo-se entre ruínas, corpos humanos esfacelados. Em Gaza acabou o pão, bairros inteiros estão privados de eletricidade e água.
Mas a monstruosidade do genocídio merece o apoio de Washington. O presidente Bush justifica-o em nome da democracia, tal como a sente. Mais: impede que o Conselho de Segurança aprove uma Resolução que imponha o cessar-fogo.
A atitude prevalecente nos governos da União Europeia é de hipocrisia e cinismo. Afirmam desejar um cessar-fogo, alguns definem como "deproporcional a resposta de Israel", mas manifestam compreensão pela sua "reação defensiva" contra os "terroristas do Hamas".
A Rússia e a China condenam a escalada de violência que atinge Gaza, mas a sua atitude carece de firmeza no Conselho de Segurança. Os povos árabes saem massivamente às ruas para expressar a sua condenação da matança de Gaza.
Mas diferente é a posição assumida pelos governos da maioria dos países árabes. Os seus governantes comportam-se como cúmplices envergonhados de Tel-Aviv.
Sarkozy, a chanceler Merkel, Berlusconi, Brown, Durão Barroso, trocam sorrisos e amabilidades com Olmert e a ministra Livni.
Hipócrita e covarde é também a postura assumida pelo Presidente da Autoridade Nacional Palestina. Mahmud Abbas pede um cessar-fogo, mas responsabilizou inicialmente os seus compatriotas do Hamas pela escalada de violência.
Na cobertura da agressão israelense pelos meios de comunicação dos EUA e da União Europeia, identifico um retrato chocante do jornalismo mercenário.
Os enviados especiais, com poucas exceções, limitam-se a transmitir as declarações dos ministros e dos militares de Israel. As imagens de casas atingidas nas cidades judaicas fronteiriças ocupam em algumas reportagens quase tanto espaço e tempo como as do inferno em que Gaza foi transformada pelos bombardeios israelenses.
Nos veículos portugueses de referência, a satanização do Hamas tornou-se rotineira. Editores, analistas, apresentadores, enviados especiais, competem na repetição monocórdica do "direito de defesa de Israel" contra o terrorismo.
De Washington a Paris passou também a ser quase obrigatória a responsabilização do Irã pela resistência heróica dos milicianos do Hamas. A extrema direita estadunidense, sobretudo, não esconde o seu desejo de que a barbárie que abrasa Gaza seja o prólogo de uma tragédia maior que envolva o Irã, berço de uma das maiores civilizações criadas pela humanidade.
O apocalipse de Gaza transmite uma lição assustadora: a barbárie do Estado sionista de Israel, apoiada pelo imperialismo estadunidense e contemplada compreensivamente pelos seus aliados da União Europeia configura uma ameaça à civilização.
Num contexto histórico muito diferente, as burguesias do Ocidente trazem à memoria a atmosfera europeia nas vésperas de Munique. Afirmam a sua fidelidade aos valores da democracia tal como a concebem, mas atuam como cúmplices de um Estado cuja politica os nega e espezinha ao promover chacinas como a de Gaza.
A solidariedade de todos os homens e mulheres progressistas com o heróico povo da Palestina martirizada é mais do que nunca um dever.
Nestes dias os combatentes do Hamas, ao lutarem pelo direito do seu povo a ser livre e independente, batem-se, afinal, por valores eternos.
O genocídio de Gaza é um desafio do sionismo neonazi à humanidade.
Miguel Urbano Rodrigues é escritor, jornalista e membro do Partido Comunista Português.
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Comentários
Depois de bombardear a Faixa de Gaza por mais de duas semanas, matando multidões de palestinos que vai encontrando pela frente, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert diz que está atingindo o objetivo. Que objetivo seria? Matar quantos palestinos? Cerca de 1.000 já foram assassinados, massacrados pelos tanques de guerra e bombas lançadas dos aviões israelitas.
Combate? Confronto? Que combate? Que confronto? Um exército que invade uma região e sai destruído prédios, exterminando famílias inteiras, populações inteiras, está combatendo a quem? Que forma estranha e desproporcional de reagir, já que dizem estar reagindo a ataques do Hamas. Que forma estranha de confronto, apontar, atirar e matar multidões desarmadas.
São inúmeros crimes de guerra já praticados por Israel neste período. Crime de guerra é para ser punido. Onde está o Tribunal? A acusação e os acusados já existem. São aqueles que promoveram o genocídio dos palestinos, sob pretexto de estarem se defendendo, a partir de bases falsas.
O palestino Hanna Safieh diz que “não podemos criar uma filosofia de ódio: temos de combater essa tendência, porque ideologia de ódio só traz mais ódio”, mas assegura que “Não existe força militar no mundo capaz de silenciar um povo”. É verdade. Para que se faça a paz é preciso que o mundo mostre a Israel que não aceita essa matança. Da mesma forma que tem razão o PSTU ao afirmar que “Ao mesmo tempo em que é necessário reafirmar o repúdio aos crimes de guerra praticados pelo nazismo contra o povo judeu, é preciso também reconhecer que atualmente o que está sendo praticado pelo Estado de Israel contra o povo palestino se assemelha em muito ao método de eliminação física e limpeza étnica utilizado pelos nazistas”.
A resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovada nesta segunda-feira condena Israel pela ofensiva militar na faixa de Gaza, o que mostra quão acintosa é aquela ação. A resolução pede também o fim imediato das hostilidades, seguindo o clamor de bilhões de cidadãos que estão indo às ruas no mundo inteiro. Aprova, ainda, o envio de uma missão de investigação independente para avaliar se as Forças de Defesa israelenses estão cometendo crimes de guerra.
Esperamos que seja o início da chamada à ordem de tantas ações autoritárias, violentas e desumanas. E que sejam punidos os que estão praticando esses atos de genocídio, para que o mundo restabeleça melhores formas de convivência entre os povos.
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